16 fevereiro 2015

“Laggies”: um drama sobre as imaturidades

Chloë Grace Moretz e Keira Knightley funcionam muito bem como uma dupla (Fotos: Divulgação)

Jean Pitter


Megan (Keira Knightley) é uma jovem que está mais perto dos 30 que dos 20. É irresponsável com seus compromissos de adulta e até mesmo um tanto imatura. Ela recebe um pedido de casamento e entra em crise. Inventa uma viagem e foge por uns dias. O apoio para passar por essa fase vem de alguém improvável, uma nova amiga, Annika (Chloë Grace Moretz), adolescente e não menos problemática. 

Esse é o novo filme da diretora Lynn Shelton, que recebeu um nome curioso: “Laggies”. Como ela mesma explicou em entrevistas, trata-se de uma expressão incomum da região de Seattle (EUA), usada para nomear pessoas que estão sempre atrasadas, não só nos horários, mas na vida. No Brasil, o título, até o momento, será “Encalhados”, que nada tem a ver com a história. 

É um drama leve, que aborda problemas comuns na vida das pessoas. De comédia há pouco. E só um pouquinho de romance. Keira, pra variar, continua mantendo suas atuações em algo nível. Ela consegue se passar por uma amiga sem noção, que faz piadas pouco convenientes e que, na maioria das vezes, só ela entende e acha graça. Chloë não fica pra trás. As duas, por sinal, funcionam muito bem como uma dupla. No filme, elas se ajudam para enfrentar seus problemas. 

Keira é a mulher que não sabe o que fazer da vida, com o que vai trabalhar e se vai aceitar o pedido de casamento. É mimada pelo pai e pressionada pela mãe e pelas amigas. 

Chloë é a adolescente filha de pais separados, esperta, inteligente, madura pra sua faixa etária, e que se dá ao luxo de curtir irresponsabilidades com seus amigos. Keira é a amiga mais velha que toda adolescente quer ter. Chloë é a amiga adolescente que toda adulta quer ter como admiradora. Os papeis se completam. As atuações têm sintonia. 

Lynn Shelton coloca drama na medida certa. Ela cria situações possíveis, que podem parecer clichês. Seus personagens são complexos na medida certa. Até os coadjuvantes. 

Há quem possa dizer que se trata de um filme fraco por não ter momentos elevados de emoção, por não ter acontecimentos fantásticos. Ou que seja lento. Mas não é. Tem Sam Rockwell mandando muito bem. E Mark Webber marcando presença. Vale muito o ingresso. Não há previsão de lançamento no Brasil. 

Ficha técnica:
Direção: Lynn Shelton
Produção: PalmStar Entertainment / The Solution Entertainment Group
Distribuição: indefinida
Duração: 1h40
Gênero: Drama, Comédia, Romance 
País: EUA 
Classificação: indefinida
Nota: 4,0 (0 a 5)

Tags: Laggies; Encalhadas; Keira Knightley; Chloë Grace Moretz; Lynn Shelton; Sam Rockwell; comédia; drama; Cinema no Escurinho

14 fevereiro 2015

Cinquenta tons de clichês e uma sucessão de equívocos e boas intenções


 "Cinquenta Tons de Cinza" um filme xarope e careta com atuação limitada dos dois jovens atores (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Uma estudante de literatura pobre, virgem, inocente e, claro, romântica, se encanta por um jovem bonito e bilionário disposto a lhe proporcionar gentilezas, surpresas e presentes e a lhe impressionar pilotando perigosamente helicópteros e aviões. Só que, para tristeza dessa Cinderela, ele, o príncipe, é do tipo sadomasoquista, que só gosta de transar usando chicotes, algemas, vendas e toda a parafernália do gênero. 

Até que "Cinquenta Tons de Cinza" ("Fifty Shades of Grey"), baseado no best seller de E. L. James poderia ser um bom filme, se a gente pensar que a história é, digamos, inusitada. Mas não foi isso que quis a diretora Sam Taylor-Johnson. E sua intenção fica clara desde o início, que parece preparar o espectador para a sequência de clichês que estão por vir. 

A partir do momento em que Anastasia Steele (Dakota Johnson) conhece Christian Grey (Jamie Dornan), tudo é previsível, muito pela atuação sofrível dos dois jovens atores. 

Mais do que ela, Dornan é limitado. Não passa nada de virilidade, é zero em sensualidade e seu porte e gestos estão mais para seminarista do que para dominador numa relação sadomasoquista. 

Para completar, a direção decidiu enfeitar a história com pequenas doses de psicologia de almanaque, talvez numa tentativa de justificar o comportamento do mauricinho. Como se as opções e necessidades individuais da busca do prazer precisassem de motivo, de perdão. 

Uma lástima e um desserviço contra a diversidade e as idiossincrasias. Quem espera algum conflito entre a mocinha e o "tarado" também vai sair decepcionado do cinema. Não há. 

Quem leu o livro costuma classificá-lo como "pornô para mulheres". Nem isso o filme traz. As cenas de sexo são tão coreografadas e tão minuciosamente limpas que a ideia clássica de dominação e submissão desses casos se perde. É tudo muito clean, inclusive a chamada "sala de jogos", onde, supõe-se, o rapazinho rico abate suas presas. É sadomasoquismo papai-mamãe. Classificação: 16 anos




Tags: Cinquenta Tons de Cinza; erótico; romance; clichês; Sam Taylor-Johnson; Universal Pictures; Cinema no Escurinho