"Cinquenta Tons de Cinza" é biscoito de polvilho que não vale quanto pesa (Montagem sobre fotos: Universal Pictures/Divulgação) |
Maristela Bretas
Ainda não sei se classifico este filme como romance água com açúcar com pinceladas de nudez ou se ele é um erótico que não convence, principalmente pela atuação ruim dos atores principais. Difícil não ver: "Cinquenta Tons de Cinza" ("Fifty Shades of Grey") é um filme ruim. Mas, graças a uma forte estratégia de divulgação, deverá atrair uma legião de mulheres.
Muitas delas passaram um tempo enorme lendo o livro que serviu de base para o filme e agora querem conferir no cinema o romance sado masoquista do casal Anastasia Steele (Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan). O filme pode ser conferido em 34 salas de 17 shoppings de BH, Contagem e Betim.
Não recomendo para quem espera ver um bom filme. Tenho certeza que muitas "fãs da obra literária", que acabou virando trilogia e vendeu mais de 100 milhões de exemplares, não vão gostar das duras críticas sobre o filme. Mas ele é ruim mesmo, todo feito de clichês, com cenas e falas mais que previsíveis e uma atuação sofrível de Jamie Dornan. Nem o "tanquinho" do jovem atrai tanto - Hollywood tem atores muito mais bem "trabalhados".
Se o público, principalmente o feminino, quiser ver cenas tórridas, sairá decepcionado. São poucas, apesar de bem cuidadas, mas nada muito diferente que o cinema não tenha mostrado em romances mais comuns. Já dizia minha avó, "biscoito de polvilho", não dá nem para suar frio ou ficar incomodada na cadeira.
"Cinquenta Tons de Cinza" é a história boba do bilionário bonitinho com tarado que só quer a garota para ser sua escrava sexual, com direito a contrato de propriedade e regras para praticar sexo (onde já se viu isso!). Se era para fazer um filme erótico que ficasse marcado, como aconteceu com "9/2 Semanas de Amor" (esse sim foi de tirar o fôlego!), então Sam Taylor-Johnson não poderia ter feito uma direção tão "cinza".
A relação é insossa, apagada, com poucos momentos "calientes". Até mesmo as cenas na sala vermelha exploram pouco o prazer e a tortura. Sem contar que se trata de uma produção machista, onde apenas a mocinha se mostra nua por inteiro (como nos pornôs baratos), enquanto o jovem dominador ou está de jeans ou nu de costas.
Dakota Johnson (Anastasia) salva um pouco porque interpretou o papel de uma jovem "inocente e virgem", raridade no mundo de hoje. Se o roteiro exigisse mais intensidade na atuação, ela naufragava com seu par.
Ficha técnica:
Direção: Sam Taylor-Johnson
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h05
Gênero: Erótico; romance
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 2 (0 a 5)
Tags: Cinquenta Tons de Cinza; erótico; romance; clichês; Sam Taylor-Johnson; Universal Pictures; Cinema no Escurinho