16 fevereiro 2015

Cinquenta formas de ganhar dinheiro fácil com um filme ruim

"Cinquenta Tons de Cinza" é biscoito de polvilho que não vale quanto pesa (Montagem sobre fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ainda não sei se classifico este filme como romance água com açúcar com pinceladas de nudez ou se ele é um erótico que não convence, principalmente pela atuação ruim dos atores principais. Difícil não ver: "Cinquenta Tons de Cinza" ("Fifty Shades of Grey") é um filme ruim. Mas, graças a uma forte estratégia de divulgação, deverá atrair uma legião de mulheres.

Muitas delas passaram um tempo enorme lendo o livro que serviu de base para o filme e agora querem conferir no cinema o romance sado masoquista do casal Anastasia Steele (Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan). O filme pode ser conferido em 34 salas de 17 shoppings de BH, Contagem e Betim.

Não recomendo para quem espera ver um bom filme. Tenho certeza que muitas "fãs da obra literária", que acabou virando trilogia e vendeu mais de 100 milhões de exemplares, não vão gostar das duras críticas sobre o filme. Mas ele é ruim mesmo, todo feito de clichês, com cenas e falas mais que previsíveis e uma atuação sofrível de Jamie Dornan. Nem o "tanquinho" do jovem atrai tanto - Hollywood tem atores muito mais bem "trabalhados".

Se o público, principalmente o feminino, quiser ver cenas tórridas, sairá decepcionado. São poucas, apesar de bem cuidadas, mas nada muito diferente que o cinema não tenha mostrado em romances mais comuns. Já dizia minha avó, "biscoito de polvilho", não dá nem para suar frio ou ficar incomodada na cadeira.

"Cinquenta Tons de Cinza" é a história boba do bilionário bonitinho com tarado que só quer a garota para ser sua escrava sexual, com direito a contrato de propriedade e regras para praticar sexo (onde já se viu isso!). Se era para fazer um filme erótico que ficasse marcado, como aconteceu com "9/2 Semanas de Amor" (esse sim foi de tirar o fôlego!), então Sam Taylor-Johnson não poderia ter feito uma direção tão "cinza".



A relação é insossa, apagada, com poucos momentos "calientes". Até mesmo as cenas na sala vermelha exploram pouco o prazer e a tortura. Sem contar que se trata de uma produção machista, onde apenas a mocinha se mostra nua por inteiro (como nos pornôs baratos), enquanto o jovem dominador ou está de jeans ou nu de costas.

Dakota Johnson (Anastasia) salva um pouco porque interpretou o papel de uma jovem "inocente e virgem", raridade no mundo de hoje. Se o roteiro exigisse mais intensidade na atuação, ela naufragava com seu par.

Ficha técnica:
Direção: Sam Taylor-Johnson
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h05
Gênero: Erótico; romance
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: Cinquenta Tons de Cinza; erótico; romance; clichês; Sam Taylor-Johnson; Universal Pictures; Cinema no Escurinho

“Laggies”: um drama sobre as imaturidades

Chloë Grace Moretz e Keira Knightley funcionam muito bem como uma dupla (Fotos: Divulgação)

Jean Pitter


Megan (Keira Knightley) é uma jovem que está mais perto dos 30 que dos 20. É irresponsável com seus compromissos de adulta e até mesmo um tanto imatura. Ela recebe um pedido de casamento e entra em crise. Inventa uma viagem e foge por uns dias. O apoio para passar por essa fase vem de alguém improvável, uma nova amiga, Annika (Chloë Grace Moretz), adolescente e não menos problemática. 

Esse é o novo filme da diretora Lynn Shelton, que recebeu um nome curioso: “Laggies”. Como ela mesma explicou em entrevistas, trata-se de uma expressão incomum da região de Seattle (EUA), usada para nomear pessoas que estão sempre atrasadas, não só nos horários, mas na vida. No Brasil, o título, até o momento, será “Encalhados”, que nada tem a ver com a história. 

É um drama leve, que aborda problemas comuns na vida das pessoas. De comédia há pouco. E só um pouquinho de romance. Keira, pra variar, continua mantendo suas atuações em algo nível. Ela consegue se passar por uma amiga sem noção, que faz piadas pouco convenientes e que, na maioria das vezes, só ela entende e acha graça. Chloë não fica pra trás. As duas, por sinal, funcionam muito bem como uma dupla. No filme, elas se ajudam para enfrentar seus problemas. 

Keira é a mulher que não sabe o que fazer da vida, com o que vai trabalhar e se vai aceitar o pedido de casamento. É mimada pelo pai e pressionada pela mãe e pelas amigas. 

Chloë é a adolescente filha de pais separados, esperta, inteligente, madura pra sua faixa etária, e que se dá ao luxo de curtir irresponsabilidades com seus amigos. Keira é a amiga mais velha que toda adolescente quer ter. Chloë é a amiga adolescente que toda adulta quer ter como admiradora. Os papeis se completam. As atuações têm sintonia. 

Lynn Shelton coloca drama na medida certa. Ela cria situações possíveis, que podem parecer clichês. Seus personagens são complexos na medida certa. Até os coadjuvantes. 

Há quem possa dizer que se trata de um filme fraco por não ter momentos elevados de emoção, por não ter acontecimentos fantásticos. Ou que seja lento. Mas não é. Tem Sam Rockwell mandando muito bem. E Mark Webber marcando presença. Vale muito o ingresso. Não há previsão de lançamento no Brasil. 

Ficha técnica:
Direção: Lynn Shelton
Produção: PalmStar Entertainment / The Solution Entertainment Group
Distribuição: indefinida
Duração: 1h40
Gênero: Drama, Comédia, Romance 
País: EUA 
Classificação: indefinida
Nota: 4,0 (0 a 5)

Tags: Laggies; Encalhadas; Keira Knightley; Chloë Grace Moretz; Lynn Shelton; Sam Rockwell; comédia; drama; Cinema no Escurinho