21 fevereiro 2015

Martin Luther King Jr. chega pra brigar pelo Oscar com o filme “Selma”

Filme é divulgado como uma cinebiografia do pastor e ativista político e sua luta pelos afro-americanos (Fotos Disney-Buena Vista/Divulgação)

Jean Piter


O título resume bem o filme: “Selma – Uma Luta pela Igualdade”. A história se passa no ano de 1965, na cidade de Selma, no Alabama, Estados Unidos. O pastor protestante e ativista social Martin Luther King Jr. (David Oyelowo) lidera um movimento que pede o direito de voto aos negros. Para isso, ele organiza uma marcha pacífica de Selma até a capital do estado, Montgomery.

O longa é divulgado como uma cinebiografia de Luther King. Não deixa de ser. Mas é apenas de parte de sua vida. Ou melhor, de um dos períodos mais importantes de sua trajetória. Quem for ao cinema esperando ouvir um enfático “I have a dream” sairá frustrado.

“Selma” é um filme burocrático. Se passa, em grande parte, em ambientes fechados; salas, igrejas e escritórios. As discussões são políticas e ideológicas. Boa parte delas entre Luther King e o presidente Lyndon B. Johnson (Tom Wilkinson). É também um longa cheio de sermões, forçados e com pouca capacidade de despertar emoções. Religiosos e políticos que, na maioria das vezes, se misturam. Os diálogos são cansativos, cheios de frases feitas, previsíveis, quase de autoajuda.

David Oyelowo faz um Luther King menos romantizado, mais humano e menos herói. Em vez do líder enérgico movido por emoções, ele encarna o ativista centrado, pragmático e com grandes habilidades políticas. Há vários bons coadjuvantes, como Oprah Winfrey, Cuba Gooding Jr., Tim Roth e Martin Sheen. 

Eles têm papéis importantes que mostram que a luta era coletiva, que tinha mais gente engajada, inclusive com ideias e posicionamentos divergentes, embora todos tivessem o objetivo de conquistar direitos para os afro-americanos.

A sequência é linear, marcada por textos digitados na tela, para mostrar que as ações dos ativistas estavam sendo monitoradas pelas autoridades. Há o casamento de cenas reais, em preto e branco, com as imagens do filme e o uso da câmera lenta para dramatizar as cenas de violência. Esses recursos não são novidades, mas usados de forma acertada, sem exageros. A fotografia é bela. Casa bem com a época e o ambiente dramático. E a trilha sonora é comum, sem nada de especial.

Corrida do Oscar

O filme é dirigido por Ava DuVernay e tem Oprah e Brad Pitt entre os produtores. Concorre ao Oscar de Melhor Filme, mas é o mais fraco entre os concorrentes. A indicação vem, certamente, do patriotismo dos americanos, que gostam de ver suas histórias na telona. E pelos temas racismo e segregação, que sempre atraem atenção. Entretanto, Selma não é um longa pra ser lembrado. É no máximo bom. Se vencer, será a zebra da premiação.




Ficha técnica:
Direção: Ava DuVernay
Produção: Celador Films / Harpo Films / Pathé / Plan B Entertainment / Cloud Eight Films
Distribuição: Disney / Buena Vista
Duração: 2h08
Gênero: Drama, Histórico, Biografia
País: EUA, Reino Unido
Classificação: 14 anos
Nota: 3,0 (0 a 5)

Tags: Selma; Oprah Winfrey; Martin Luther King Jr; David Oyelowo; Disney; Buena Vista; drama; biografia; Cinema no Escurinho




19 fevereiro 2015

Bradley Cooper é o maior franco-atirador da história dos EUA em "American Sniper"

Bradley Cooper foi indicado ao Oscar 2015 de Melhor Ator pelo papel do atirador Chis Kyle (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Jean Piter


"American Sniper" conta a história real de Chris Kyle (Bradley Cooper), um atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Ele foi responsável pela morte de mais de 150 pessoas em operações de guerra no Iraque. Com isso, recebeu várias condecorações e ficou conhecido como a “Lenda” das forças armadas dos EUA.

A direção é de Clint Eastwood, que já fez os filmes de guerra “Cartas de Iwo Jima” e “A Conquista da Honra” (ambos de 2006). Diferente dessas produções que abordavam a guerra como um todo, “American Sniper” foca na vida de Kyle, passando rapidamente por sua infância até o momento em que decidiu ser voluntário do serviço militar.

Bradley Cooper encarna bem o papel de atirador, alternando disciplina, paranoia, senso de justiça e vontade de proteger seu pelotão. Ele ainda tem que lidar com os problemas do casamento e a criação dos filhos. Sem falar que seu único irmão também está na guerra, em outra missão, em outra cidade. Em meio a tudo isso, ele vai construindo, involuntariamente, uma fama de herói.

A história é contada de forma linear. Os momentos em que os soldados estão encurralados lembram “Falcão Negro em Perigo” (2001). O vício em guerra dos militares e a loucura pós-campo de batalha lembram “Guerra ao Terror” (2008). 

Os eventos de 11 de setembro são o combustível para o patriotismo acrítico dos americanos. Em “A Conquista da Honra”, Clint faz críticas aos EUA pela manipulação da opinião pública, por meio da mídia, com show e com informações distorcidas. “American Sniper” passa longe da política. É apenas a vida de Kyle, que por sinal, é uma história incrível.




O filme é bem feito. Tem mais de duas horas de duração, mas nem parece. Tem drama e ação com potencial pra segurar os expectadores na cadeira e provocar ansiedade pelo final.

Aposta acertada

O filme é baseado no livro "American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History". Em tradução literal é algo com “Atirador Americano: A autobiografia do atirador mais letal na história militar dos Estados Unidos”.

Bradley Cooper comprou os direitos da obra e começou a produzir o longa, já pensando em ser o protagonista. Com o papel, ele foi indicado ao Oscar 2015 de Melhor Ator.

A direção seria de Steven Spielberg, mas acabou indo parar nas mãos de Clint Eastwood. Spielberg ficou como um dos produtores.

Ficha técnica:
Direção: Clint Eastwood
Produção: Warner Bros. Pictures / Mad Chance / Malpaso Productions / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h12
Gênero: Biografia, Drama, Guerra
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4,0 (0 a 5)

Tags: Sniper Americano; American Sniper; Clint Eastwood; Bradley Cooper; guerra; biografia; drama; Iraque; Warner Bros Pictures; Cinema no Escurinho