
Mirtes Helena Scalioni
Anna, uma noviça às vésperas de prestar seus votos, é orientada pela madre superiora a visitar uma tia, sua única parente viva. E é exatamente na relação da quase freirinha virtuosa com sua tia pecadora Wanda que reside o encanto de "Ida", ganhador do Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro. Ida é o nome real de Anna, que descobre ser, na verdade, judia. Assim que se encontram, as duas saem em busca da verdade que está no passado.
Agata Trzebuchowska, que vive a noviça, é estreante - na verdade, um achado meio por acaso do diretor Pawel Pawlikowski, que estava em busca de um rosto diferente para seu filme em preto e branco, cheio de nuances cinzas e muito sombrio. Pois o diretor encontrou.
A protagonista de sobrenome impronunciável dá conta do recado como uma veterana, em interpretação intimista e contida, sem deixar nada a desejar, mesmo se comparada à sua xará Agata, de sobrenome Kulesza, que faz a Tia Wanda. Filmes sobre os horrores ou as consequências da guerra são sempre comoventes. Embora possa ser encaixado nessa, digamos, categoria, "Ida" tem lá suas diferenças.

Enquanto tem reveladas suas raízes e convive com a tia, Ida descobre também um outro lado da vida. Há quem enxergue no filme uma convocação à reflexão sobre a castidade e outros sacrifícios da vida religiosa. Tudo discretamente, sem gritos ou histerias. Afinal, trata-se de um filme polonês. A produção está em cartaz em sessão única, às 14 horas, na sala 1 do Belas Artes Cinema. Classificação: 14 anos
Tags: Ida; polonês; Melhor Filme Estrangeiro; Agata Trzebuchowska; Agata Kulesza; Pavel Pawlikowski; drama; Cinema no Escurinho