19 março 2015

“Mapa para as Estrelas” mostra uma Hollywood onde nem tudo são flores

O ponto forte do longa é o elenco feminino, principalmente Julianne Moore e Mia Wasikowska (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Jean Piter


A jovem e misteriosa Agatha Weiss (Mia Wasikowska) chega a Los Angeles sem dar pista do que quer na cidade. Ela conhece o motorista de limusine Jerome Fontana (Robert Pattinson). Ele é um rapaz que sonha em ser ator e espera conseguir uma oportunidade dirigindo para personalidades de Hollywood. Os dois se aproximam, começam a sair juntos e a flertar um com outro.

Agatha arruma um emprego de assistente de Havana Segrand (Julianne Moore), uma atriz decadente e desesperada com o peso da idade. Ela faz de tudo para conseguir o papel principal de uma refilmagem de grande sucesso estrelado por sua mãe, décadas atrás.

Enquanto isso, o garoto Benjie Weiss (Evan Bird), uma estrela mirim de uma série de TV, enfrenta os piores dias de sua curta carreira. O sucesso precoce subiu a cabeça e o levou ao mundo das drogas e do sexo. Ele chegou a ficar internado por um breve período de reabilitação. Sua mãe e seus empresários agora fazem de tudo para que a história não chegue à imprensa e se torne um escândalo. Mas, os problemas de ego do menino podem colocar tudo a perder.




Elenco salvador

“Mapa Para as Estrelas” tem um ar sombrio, com um pouco de suspense. Fotografia um tanto escura, que cai bem com a trama. O foco é a vida sem glamour das estrelas de Hollywood. E sobre o quanto as pessoas estão dispostas a sacrificar para terem sucesso, para se tornarem astros da sétima arte. É sobre o que não se vê nas telas. O que não chega a ser uma novidade já que há muitos filmes desse tipo por ai.

O ponto forte do longa é o elenco. Mia Wasikowska desenvolve bem os desequilíbrios de sua personagem. Mas é Julianne Moore que dá mais um show de interpretação (como aconteceu em "Para Sempre Alice" e "Sem Escalas". Ela é ansiedade, choro e obsessão. Tem momentos de euforia e depressão, mas não deixa nada disso transparecer quando está em locais públicos. Uma louca com autocontrole. 

O jovem Evan Bird coloca na tela uma arrogância natural que se encaixa bem no seu papel. Parece promissor. Por outro lado, John Cusack tem o mesmo rosto de praticamente todos os filmes que já fez. As mesmas expressões faciais e entonações de sempre. Dá a impressão de que é a continuação de outro longa. 

Robert Pattinson não brilha, mas também não deixa nada a desejar. Está mais maduro, com cara de homem. Faz até a gente se esquecer que ele é o mesmo rapaz da saga “Crepúsculo”. Os outros coadjuvantes, que são muitos, fazem um trabalho discreto - como deve ser – e de ótima qualidade.

Aposta errada

Filmes que retratam os bastidores de Hollywood quase sempre dão ênfase à vida de aparências dos grandes astros. “Mapa Para as Estrelas” se distancia um pouco disso ao mostrar mais de uma história ao mesmo tempo. Histórias de pessoas que, embora ligadas ao cinema, não gozam de tanto prestígio. Se tivesse ficado nisso, talvez o resultado fosse melhor.

O diretor David Cronenberg acrescentou visões, fantasmas, paranoia, brigas e mais brigas numa espécie de quebra-cabeça. Personagens complexos demais e ao mesmo tempo quase estereotipados. Eventos inesperados que acontecem rápido demais. Talvez ele tenha utilizado tudo isso para fugir dos clichês ou, ao menos, torná-los menores. Mas não deu certo. Ficou muita coisa para um filme só. Não encanta, não choca nem emociona.

Ficha técnica:
Direção: David Cronenberg
Produção: Prospero Pictures / Integral Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h51
Gênero: Drama
Países: Canadá / EUA / França / Alemanha
Classificação: 14 anos
Nota: 3,0 (0 a 5)

Tags: Mapa Para as Estrelas; David Cronenberg; Julianne Moore; Mia Wasikowska; Robert Pattinson; Paris Filmes; drama; Cinema no Escurinho

15 março 2015

"Para Sempre Alice" é a consagração de Julianne Moore

Julianne Moore entrou fundo em seu personagem, passando por todas as fases da doença (Fotos: Diamond Films/Divulgação)

Maristela Bretas


Ela está excelente, merecedora dos mais de 30 prêmios conquistados neste ano. De quem estou falando? Julianne Moore, a ganhadora do Oscar 2015 de Melhor Atriz pelo filme "Para Sempre Alice" ("Still Alice"), em cartaz nos cinemas e simplesmente imperdível. O filme é um soco do estômago de quem nunca pensou nesta doença que hoje atinge milhões de pessoas pelo mundo, principalmente os mais velhos - o Mal de Alzheimer. E que afeta tanto o paciente quanto aqueles que estão a sua volta.



E é esse ponto que a história de "Para Sempre Alice" explora - da descoberta da doença pela professora Alice Howland (Moore) ao estágio avançado, quando já não se lembra mais da própria família e tem dificuldade de seguir uma rotina básica, como fazer a higiene pessoal e se alimentar. Ela sofre com o avanço da doença que provoca a perda de suas funções intelectuais, impede que continue trabalhando e interfere na sua vida familiar e social.

Os primeiros sinais aparecem durante um congresso, quando a renomada professora de linguística esquece algumas palavras em sua apresentação. Uma consulta a um especialista confirma a cruel doença - rara para uma mulher de 50 anos - que vai afetar toda a família e principalmente seu casamento com John (Alec Baldwin). No entanto, o maior apoio vem de quem menos se espera: a filha caçula, Lydia (Kristen Stewart), que se aproxima da mãe.

Alec Baldwin não convence de forma alguma como o marido que até tenta entender a doença da mulher e ajudá-la, desde que isso não atrapalhe sua vida profissional. Ele continua o mesmo canastrão de quando era casado com Kim Basinger. Sua interpretação lembra Jack, personagem que ele interpretava na série de TV americana "30 Rock".

Já Kristen Stewart mostra que não é mais a Bella da saga "Crepúsculo" e garante boas cenas ao lado de Julianne. Sua interpretação já havia se destacado em outro drama - "Acima das Nuvens" -, quando contracenou com a excelente Juliette Binoche. Kate Bosworth está muito bem no papel da filha mais velha Anna, casada e estabilizada na vida, o oposto de Lydia, mas que não sabe como lidar com a doença da mãe e o risco dela ser hereditária.

Moore é a grande estrela e trabalhou duro no ano passado, em filmes ótimos, como este e "Mapas para as Estrelas" (em cartaz a partir do dia 19), e outros razoáveis, como "O Sétimo Filho". Além destes, está no elenco de "Altman, Um Cineasta Americano", "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1" e "Sem Escalas". E já com outros dois filmes engatilhados para estrearem neste ano - "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 2" e "Freeheld".

Baseado no romance homônimo de Lisa Genova, o mérito do sucesso de "Para Sempre Alice" fica por conta da vencedora do Oscar, que entrou fundo no personagem. No final, a impressão que se tem que a atriz está mesmo doente. Ponto para a maquiagem.

Ficha técnica:
Direção e roteiro: Richard Glatzer e Wash Westmoreland
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h39
Gênero: Drama
Países: EUA/França
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)



Tags: Para Sempre Alice; Julianne Moore; Kristen Stewart; Alec Baldwin; Kate Bosworth; drama; Oscar 2015; Melhor Atriz; Diamond Films; Cinema no Escurinho