06 junho 2015

Tempo, tempo, tempo, tempo - "A Incrível História de Adaline" encanta como um bom conto de fadas

A bela Blake Lively interpreta Adaline, que nasceu em 1908, torna-se prisioneira do seu destino (Fotos Diamond Films Brasil)


Mirtes Helena Scalioni


Histórias sobre o tempo sempre fascinaram a humanidade, curiosa por decifrar - e dominar? - seus meandros. Da mesma forma, os humanos sempre se encantaram com o destino, intrigados com seus mistérios. Quando os dois temas estão juntos - tempo e destino - está pavimentado meio caminho para o sucesso de uma obra. 


É esse o caso de "A Incrível História de Adaline", filme que conta a longa vida de Adaline Bowman, americana que, ao sofrer um acidente de carro aos 29 anos, passa a sofrer também de um estranho fenômeno de jamais envelhecer.

Em interpretação contida e discreta de Blake Lively, Adaline, que nasceu em 1908, torna-se prisioneira do seu destino. Solitária, não pode criar laços para não revelar seu segredo. Vive fugindo e se mudando, sempre adotando identidades falsas, o que levanta a suspeita da polícia. Ponto para a atriz, que soube emprestar sua indiscutível beleza para que sua personagem se transformasse ao longo do tempo modificando apenas figurinos e penteados.

Mas chega um dia em que Adaline conhece Ellis Jones (Michiel Huisman) e se apaixona. Sim, trata-se de um filme de amor. Na verdade, um conto de fadas onde o príncipe, claro, é rico, lindo, gentil, inteligente e capaz de, pelo amor, libertá-la. E "A Incrível História de Adaline" seria só mais uma fábula romântica não fosse o aparecimento de Harrison Ford na trama. Maduro, o ator permanece com seu charme irresistível e seu personagem é a chave para mudar a vida da bela protagonista.


Há quem não goste de filmes narrados. No caso desse, a narração não compromete. Pelo contrário, complementa os muitos flashbacks necessários para dar ao espectador a dimensão do tempo e da longa vida de Adaline. 

Enfim, a imortalidade e a juventude eterna, velhos mitos que intrigam os humanos, são a grande riqueza do filme que só tem um pecado: tentar explicar com uma ciência que está mais para ficção os fenômenos que poderiam ser simplesmente vistos como magia0
.



O filme pode ser visto na sessão de 17h50 da 4 do Cineart Ponteio Lar Shopping, e nas sessões de 13h20, 16 horas e 21h30 da sala 2 do Cinemark Diamond Mall, todas  em versões legendadas. Classificação: 12 anos

O site Por A mais B, de Anna Foureuax e Beth Barra, que está sempre ligado nas tendências de Moda, Beleza, Viagem e Costumes também assistiu "A Incrível História de Adaline". Leia a matéria da jornalista Beth Barra sobre as oito décadas de moda na vida da personagem.


Tags: A Incrível História de Adaline; Blake Lively; Michiel Huisman; Harrison Ford; Kathy Baker; Diamond Films; drama; romance; Cinema no Escurinho

05 junho 2015

"Tomorrowland" é uma homenagem ao sonho de Walt Disney de um futuro melhor

Filme reúne ação, aventura e esperança num cenário grandioso e com elenco de peso (Fotos Walt Disney Studios/Divulgação)

Maristela Bretas


Poderia ser mais um filme dos estúdios Disney, com uma historinha comum, de pessoas comuns e uma grande aventura envolvendo jovens, como aconteceu com "Fuga Para A Montanha Enfeitiçada". Mas "Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível" ("Tomorrowland"), que estreia nesta quinta-feira (4), aposta não só na criação de uma história sobre um mundo no futuro com propostas melhores, mas na forma de tratar um projeto que começou na década de 50 pelas mãos de um visionário chamado Walt Disney.

O filme é uma grande homenagem ao criador de Mickey e centenas de outros personagens que marcaram gerações, na animação e no cinema. Para Disney, "o futuro não era estático, mas um projeto que nunca acaba”.

Para quem teve oportunidade de conhecer Epcot, na Flórida, ou Tomorrowland, na Califórnia, o filme é como estar num destes parques, com suas atrações futuristas e propostas de sustentabilidade, redução nas emissões de gases tóxicos e preservação da natureza. Uma verdadeira "Terra do Amanhã".

Um detalhe interessante logo na abertura do filme foi a troca do tradicional Castelo da Cinderela pela imagem da futurística Tomorrowland. A partir daí, o diretor ganhador de Oscar Brad Bird, o roteirista Damon Lindelof e o produtor executivo Jeff Jensen se envolvem por completo no mundo projetado por Walt Disney. E vão além, com uma produção de qualidade, bem conduzida, com muita ação, e mensagens de amizade, respeito e otimismo, no estilo dos estúdios.

Isso sem contar os efeitos especiais que são excelentes (a Disney não ia deixar por menos), além de uma forte campanha mundial para divulgação do filme, que traz nomes de peso no elenco. Estrelado pelo também premiado duas vezes com o Oscar, George Clooney, o filme conta a aventura de Casey Newton (Britt Robertson), uma adolescente otimista e vibrante que é transportada para outra dimensão após encontrar um misterioso boton com a letra "T". 

Sua curiosidade acaba por colocá-la no caminho de Athena (Raffey Cassidy), uma menina vinda do futuro, e de um grupo de homens estranhos que não querem que elas descubram o segredo do boton.

As duas vão precisar da ajuda de Frank Walker (Clooney), um cientista que foi um sonhador no passado, mas que se tornou desiludido e vive isolado do mundo. Juntos eles vão embarcar em uma missão repleta de perigos para encontrar um lugar escondido no tempo e no espaço conhecido como Tomorrowland. E tentar salvar da extinção o mundo de Casey.

No filme estão ainda Hugh Laurie como o brilhante cientista David Nix que controla Tomorrowland; Kathryn Hahn e Keegan-Michael Key, como o casal Ursula e Hugo Gernsback, donos de uma loja de gibis e artigos de ficção científica e que garantem ótimas cenas de luta e tiros com armas de laser; Thomas Robinson, que interpreta Frank com 11 anos, um inventor idealista e sonhador; e Tim McGraw, no papel de Ed Newton, pai de Casey e engenheiro da Nasa ameaçado de demissão com o fim do programa espacial.

George Clooney, que não é pai, mas tem se mostrado muito "família" em produções recentes, tira de letra o papel do cientista decadente e paranoico com segurança, enquanto Hugh Laurie não perde a pose e sua principal característica - o sarcasmo, principalmente quando se refere à humanidade ameaçada. Parece o "Dr. House" falando.

Britt Robertson (que está em cartaz nos cinemas com o romântico "Uma Longa Jornada", ao lado de Scott Eastwood), cumpriu bem a função e não ficou para trás quando divide cenas com o top megacharmoso George Clooney (que não fica feio nem quando está desarrumado e com barba por fazer).

Já Raffey Cassidy é de uma presença que encanta, com um olhar doce e ao mesmo tempo frio quando enfrenta o inimigo - ela já é conhecida do público por "Branca de Neve e o Caçador" e "Sombras da Noite". Ponto também para o garoto Thomas Robinson, que tem na bagagem duas produções - "Coincidências do Amor" e "O Protetor".


Num momento onde a indústria cinematográfica investe em produções que exploram a violência, o medo e um fim do mundo catastrófico, com pessoas sem esperança e cada vez mais isoladas em suas conexões, "Tomorrowland" vem com uma mensagem totalmente oposta, propondo que se as pessoas acreditarem não será impossível fazer um mundo melhor. Utopia? Pode ser. Mas não custa tentar. O filme tem uma história comum, mas que ganha destaque por sua criação baseada no sonho de um homem de visão e pela atuação do elenco.

Curiosidades

- A história de "Tomorrowland" começou com uma caixa com uma etiqueta “1952”, supostamente descoberta por acaso nos arquivos dos Estúdios Disney. A caixa misteriosa continha todo tipo de modelos e plantas, fotografias e cartas fascinantes que pareciam ter relação com a origem de Tomorrowland e da Feira Mundial de 1964-1965, em Nova York, que apresentou tecnologias radicais.

- O sucesso da Feira Mundial permitiu que Disney arrecadasse fundos para seu próximo grande projeto, o Experimental Prototype Community of Tomorrow, ou Epcot. A visão de Disney era de uma cidade modelo que seria um contínuo experimento de desenvolvimento urbano e organização; era para ser a verdadeira Tomorrowland onde a tecnologia se unia ao planejamento urbano para criar um ambiente otimizado para se viver.

- Walt Disney morreu antes de o Epcot poder ser construído, e a Disney Company decidiu que não queria administrar uma cidade sem as ideias dele. O conceito da comunidade modelo foi modificado para se tornar uma grande e “permanente Feira Mundial”, com dois pequenos distritos residenciais para funcionários e suas famílias. O parque é um dos quatro que compõem o complexo Walt Disney World, em Orlando, na Flórida.

- Já Tomorrowland foi criada por Walt Disney como uma área da Disneylandia em 1955, numa época em que os americanos imaginavam um futuro otimista. E é um dos parques mais visitados do complexo.


- Para a Feira Mundial de 1964, a Walt Disney Company criou três atrações, sendo a mais conhecida "It’s a Small World", instalada na Disneylândia (em Anaheim, na Califórnia), cuja entrada é lembrada no início do filme "Tomorrowland" quando o pequeno Frank segue Athena e um grupo de cientistas numa atração de barco.

- As outras duas atrações, embora meio ultrapassadas para os padrões atuais, "Carousel of Progress", instalada no Parque Magic Kingdom, em Orlando, e "Great Moments with Mr. Lincoln", na Disneylandia, foram revolucionárias no modo como usaram robôs e tecnologia para criar uma atração rica e temática. Ambas ainda estão em atividade.

- A Cidade das Artes e Ciências em Valência, na Espanha, desenhada por Santiago Calatrava, serviu de inspiração para a criação do cenário de Tomorrowland.

- As plantações de milho e trigo mostradas nas imagens foram cultivadas especialmente para o filme em duas fazendas - uma no Canadá e outra nos EUA.

- Além dos cenários na Espanha e no Canadá, outras locações incluíram a atração “It’s a small world” da Disneylândia, uma praia nas Bahamas e uma cena da segunda unidade em Paris. No total, o filme teve mais de 90 combinações diferentes de cenários e locações, e se mudou dez vezes.

- O figurinista Jeffrey Kurland teve que vestir quase 400 figurantes no período de 1964 para as cenas do Hall das Invenções da Feira Mundial.

GALERIA DE FOTOS


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Brad Bird e Damon Lindelof
Produção: Walt Disney Pictures
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 2h10
Gêneros: Ficção científica/ Aventura/Ação
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada É Impossível; Walt Disney; George Clooney; Hugh Laurie; Britt Robertson; Disneylandia; Epcot; futurista; Feira Mundial de 64; ação; aventura; ficção científica; Estúdios Disney; Cinema no Escurinho