16 julho 2015

"Samba" prova que o humor pode ser um ótimo aliado dos dramas sérios


O falso brasileiro Wilson e o senegalês Samba vivem o drama da imigração ilegal na França (Fotos: California Fiolmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


O assunto é grave e está na ordem do dia com a chegada de milhares de africanos à Itália e de haitianos ao Brasil. Mas nem por isso o tema imigração deixa de ser sério ao ser tratado com leveza e até um certo humor como acontece no filme "Samba". A produção francesa, que está em cartaz nas salas do Belas Artes (14, 16h30, 19h e 21h30), Diamond Mall (12, 15, 18 e 21h), Ponteio Cineart (13h50, 16h15 e 21h) e BH Shopping (16h30, 19h20 e 22h20) consegue essa proeza.

O drama de Samba, senegalês que está há 10 anos vivendo ilegalmente na França, sujeito a todas as humilhações e violências inerentes a um imigrante, é contado de um jeito inteligente, sutil e criativo sem nunca perder a gravidade. O fato de o quase ingênuo Samba ter um encontro afetivo com a executiva Alice não chega a transformar o filme numa comédia romântica como querem alguns. 

Nesse sentido, o mérito cabe à dupla de diretores Eric Toledano e Olivier Nakache, os mesmos que, em molde parecido, dirigiram "Intocáveis", sucesso que tratou da relação entre um velho rico paraplégico e seu enfermeiro negro. Assunto sério pode ser tratado com riso e ironia sem cair na superficialidade.



Claro que o elenco é mais do que responsável pelo jeito com que a história cativa, de imediato, o público. Samba é interpretado por Omar Sy (o mesmo de "Intocáveis") e  Alice é Charlote Gainsbourg. Cabe aqui um parênteses para falar dessa atriz e sua forma naturalíssima de interpretar. Ela leva o espectador a uma quase cumplicidade com a executiva estressada, carente e viciada em medicamentos que vai trabalhar num ONG de assistência a imigrantes como voluntária para tentar escapar da depressão. 




Outro item responsável pela leveza de "Samba" é o também imigrante Wilson, personagem do ator Tahar Rahim, que faz um brasileiro de araque e dá o tom de comicidade ao drama que, em nenhum momento, deixa de falar do sofrimento dos estrangeiros em busca de trabalho em Paris, à mercê de empresários inescrupulosos e exploradores. Para completar, a trilha sonora, talvez puxada pelas mãos de Wilson, traz Gilberto Gil e Jorge Benjor. Nada mais adequado para um filme que quer mostrar um problema grave mas sem perder a ginga. Classificação: 12 anos.

Tags: Samba; Omar_Sy; Charlote_Gainsbourg; Eric_Toledano; Olivier_Nakache; Tahar_Rahim; imigração_ilegal: California_Filmes; drama; comédia; Cinema_no_Escurinho

11 julho 2015

"Cidades de Papel" emociona e diverte sem apelar para o dramalhão

Margo é a grande paixão de Quentin, que se encolve em uma grande aventura pela garota (Fotos: Fox Films do Brasil/Divulgação)

Maristela Bretas


E o tão esperado filme teen "Cidades de Papel" ("Paper Towns") finalmente chegou aos cinemas de BH para alegria dos fãs de John Green. O famoso escritor, autor do outro grande sucesso literário e de bilheteria "A Culpa é das Estrelas", esteve há poucos dias no Brasil para divulgar a produção que tem como par não tão romântico os jovens e promissores atores Cara Delevingne e Nat Wolff.

Mas ao contrário da primeira adaptação, os rumos da história são diferentes do livro, inclusive o final, o que não atrapalha para quem não leu, mas pode desagradar aos fãs. Se em "A Culpa é das Estrelas" o belo casal vive um drama envolvendo saúde e esperança, em "Cidades de Papel" há menos romance e mais diversão e aventura.

Cara e Nat encarnam bem seus personagens Margo Roth Spiegelman e Quentin Jacobsen. Mesmo mudando o enredo, eles vão encantar os fãs com essa história de amor platônico cheia de mistério. O elenco de suporte também se saiu muito bem seus papéis, principalmente Austin Abrams, que interpreta Ben Starling, o amigo muito doido de Quentin que só pensa em transar. E Justice Smith, que faz Radar, o outro amigo, mais careta e fiel à namorada.

A britânica Cara Delevingne, de 22 anos, é um grande chamariz por sua beleza exótica. Seu rosto lembra o de uma das mais belas modelos dos anos de 1970 a 1980, Margaux Hemingway, que também foi atriz e se suicidou aos 42 anos, como seu avô, o escritor Ernest Hemingway.

Já Nat Wolff é o novo sonho de consumo das adolescentes de 12 a 16 anos. Sua atuação em "A Culpa é das Estrelas" como Isaac, o amigo cego de Augustus (Ansel Algort) já havia despertado a atenção de muitas jovens, que aguardavam ansiosas sua volta nesta nova adaptação. Por sinal, Algort faz uma pequena aparição no filme.

"Cidades de Papel" poderia ser tratado como mais um filme sobre adolescentes deixando a fase do High School. Mas o tom dado por John Green, um escritor que sabe escrever para o público jovem, é outro. 

A produção envolve charadas, uma linda e misteriosa garota, a descoberta do amor, amizade sincera e, claro, a mudança para a fase adulta, com direito a despedidas e baile de formatura.

A história gira em torno de Margo (Delevingne), uma jovem rebelde e muito perdida, que está sempre em fuga. Quando criança ela e sua família se mudaram para a casa em frente à de Quentin (Wolff), um menino tímido e estudioso que se encantou pela garota de imediato. Com o passar dos anos eles se afastam. Até que numa noite, Margo entra pela janela do quarto de Quentin e propõe a ele que a ajude em uma vingança.

No dia seguinte ela desaparece, deixando várias pistas. Começa aí a jornada do jovem apaixonado para tentar encontrar seu grande amor. E vai contar nessa aventura com a ajuda de seus fiéis amigos Ben e Radar. A vida dos três nunca mais será a mesma.

Leia o livro, veja o filme e não se surpreenda com os finais diferentes. "Cidades de Papel" pode até não atingir o sucesso de bilheteria de "A Culpa é das Estrelas", mas pode chegar perto. O filme emociona e diverte. Vale ser curtido com um balde pipoca e um copão de refrigerante.



Ficha técnica:
Direção: Jake Schreier
Produção: Fox 2000 Pictures / Temple Hill Entertainment
Distribuição: Fox Films do Brasil
Duração: 1h49
Gêneros: Aventura / Romance
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: "Cidades de Papel"; Cara_Delevingne; Nat_Wolff; Austin_Abrams; romance; aventura; Fox Films; Cinema_no_Escurinho