23 agosto 2015

Glória Pires desperdiça talento na comédia "Linda de Morrer"


Filme reúne Glória Pires e elenco conhecido que deve virar mais um especial de fim de ano (Fotos: Páprica Fotografia/Divulgação)

Maristela Bretas


Depois de Cléo Pires, agora é a vez de Antonia Morais, segunda filha da atriz, se lançar no cinema. Se a primeira é a cara do pai, Fábio Jr. (do primeiro casamento de Glória Pires), Antonia, da união com o compositor Orlando Morais, é a cópia da mãe. Mas ambas ainda terão que enfrentar muitas horas de aprendizado para chegar ao talento de Glória.

E Antonia dá seu pontapé inicial justamente ao lado da mãe, no que deveria ser uma comédia. Só que não. "Linda de Morrer" provoca poucos risos e nem mesmo o talento de Glória Pires (e ela tem de sobra) consegue salvar. Um desperdício. A história é boba, sem graça e, por sorte, curta. Passa longe de outra produção cômica da atriz bem melhor - "Se Eu Fosse Você" (2006), em que ela contracena com Tony Ramos.

A impressão que passa é de que o filme foi feito para alavancar a carreira da jovem filha da atriz. Por sinal, elas tiraram o ano de 2015 para aparecerem com os pais - Cléo fez as pazes com Fábio Jr. em "Qualquer Gato Vira Lata 2" e agora Antonia interpreta a filha que precisa fazer as pazes com a mãe depois de morta.

A diretora do filme é Cris D´Amato, a mesma de "S.O.S.- Mulheres ao Mar", uma comédia muito melhor, e "Confissões de Adolescente" outra ótima produção. Uma pena ter apostado em um enredo tão fraco. Nem mesmo o fato de ela ter trabalhado em outras duas produções com Glória Pires - "Se Eu Fosse Você 1 e 2" ajudou a salvar o filme. Os efeitos especiais também não são dos mais sofisticados.

"Linda de Morrer" conta a história de Paula Lins, uma médica prepotente (Gloria Pires) que deixa a relação com a filha Alice (Antonia Morais) em segundo plano. Dona de uma clínica famosa tem um sócio ambicioso, Dr. Francis (Angelo Paes Leme). Ela desenvolve uma pílula que acaba com a celulite - o Milagra -, que leva as mulheres à loucura, literalmente. Porém, Paula toma o remédio e morre de um inesperado efeito colateral.

Agora, seu espírito preso à Terra precisa denunciar o próprio remédio e salvar as futuras vítimas de seu sócio sem escrúpulo. Para isso ela conta apenas com duas pessoas: o desajeitado psicólogo Daniel (Emilio Dantas), que acaba de herdar o dom de mediunidade da avó Mãe Lina (Susana Vieira), e a filha Alice, com quem tinha uma relação de brigas constantes.

No elenco estão também outros nomes conhecidos como Vivianne Pasmanter, Stella Miranda e Pablo Sanábio. Mas quem carrega o filme do início ao fim é mesmo Glória Pires. Emilio Dantas tem boa interpretação e já provou isso em "Cazuza" Além de Susana Vieira, nos poucos momentos em que aparece.




O que se pode esperar é que a comédia deverá virar especial até o final deste ano nas telas da TV. Com marketing forte de divulgação, o filme está sendo exibido em 23 salas de 19 shoppings de BH, Contagem em Betim.

Ficha técnica:
Direção: Cris D'Amato
Produção: Migdal Filmes, Fox International e Globo Filmes
Distribuição: 20th Century Fox
Duração: 1h15
Gênero: Comédia
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: "Linda de Morrer; Glória_Pires; Susana_Vieira; Emílio_Dantas; Antonia_Morais; Angelo_Paes_Leme; Cris_D'Amato; comédia; Fox Filmes; Cinema_no_Escurinho

20 agosto 2015

"O Pequeno Príncipe" - Para ver com o coração

Duas histórias correm paralelamente, ajudando a protagonista a descobrir a amizade e a liberdade do sonho, da imaginação e da aventura (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Pode até ser que um ou outro fique decepcionado: o filme "O Pequeno Príncipe" não é exatamente a reprodução do livro de Antoine de Saint-Exupéry  nas telas. O conto está presente, claro, mas entra quase que como coadjuvante na história da menininha que sofre com uma mãe obsessiva e superorganizada que, sob o pretexto de aprovar a filha numa escola rigorosa, traça para ela um plano de milhares de horas de estudos repletos de equações e horários rígidos.

É exatamente numa brecha dessa rigidez toda que a menina conhece seu vizinho, um velho aviador maluco que lhe fala sobre o principezinho sonhador que vivia num asteroide longínquo. A partir daí, as duas histórias - da menina e do príncipe - correm paralelamente, ajudando a protagonista a descobrir a amizade e a liberdade do sonho, da imaginação e da aventura.

Filmes e livros sobre a relação de velhos com crianças são fórmulas que quase sempre dão certo. Todo mundo fica enternecido e tocado com a reflexão sobre o encontro da sabedoria com a inocência, o alvorecer e o outono da vida. Em "O Pequeno Príncipe", o diretor Mark Osborne explora isso muito bem, o que acaba resultando em lágrimas, mas também em muito riso.

Entendidos em animação explicam que o filme utiliza duas técnicas distintas. Uma mais quadradrinha e em tons acinzentados, que o espectador vê nas cenas que mostram a vida da menininha - tudo muito certinho, limpo, simétrico e equilibrado. E outra, mais alegre, colorida, movimentada e lúdica, quando está em cena o mundo caótico do aviador e suas histórias e feitos mirabolantes. Uma ótima sacada, mesmo que isso não seja conscientemente visível ao espectador leigo. Certamente alguma coisa fica dessa diferença.

No Brasil, o tarimbado Marcos Caruso dá voz ao aviador, enquanto a garotinha é dublada pela atriz Larissa Manoela, que faz a personagem Maria Joaquina na novela "Carrossel". Algumas salas receberam a versão francesa legendada de "O Pequeno Príncipe", mas a versão em inglês que conta com a dublagem de estrelas como James Franco, Rachel McAdams, Marion Cotillard, Benicio Del Toro, Ricky Gervais e Jeff Bridges não será exibida nos cinemas brasileiros.

A trilha sonora, do premiado Hans Zimmer (Oscar por "O Rei Leão" em 1995), é praticamente um personagem do filme. Delicada e agradável, a música permeia o longa com nuances sonoras que não nos permitem esquecer nunca que estamos diante de uma deliciosa fantasia. É quase um convite a uma volta à infância.



A geração que cresceu sob a inspiração do belo conto de Saint-Exupéry pode até sentir falta de alguma coisa, como por exemplo das frases e verdades eternas que embalaram suas vidas adolescentes. Estão lá a rosa, o baobá, a raposa, o poço do deserto, mas parece que falta algo. Mas como o essencial é invisível aos olhos e só se vê bem com o coração, tudo se completa. Vale a pena. "O Pequeno Príncipe" tem duração de 1h46 e está em exibição em 23 salas de 18 shoppings de BH, Contagem e Betim, em versões dubladas e legendadas.. Classificação: Livre

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