29 agosto 2015

Muito humor e pouca alma em "Ted 2"

Ted e John retomam sua história anos depois para novas aprontações, mulheres, sexo, droga e bebida (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Wallace Graciano


O ano era 2012. Naquela época, o já consagrado Seth MacFarlane, famoso por dar os primeiros traços de “Uma Família da Pesada" (ou "Family Guy") e outras grandes séries animadas, trazia às telonas a história de um ursinho de pelúcia um tanto quanto controverso. Com um humor ácido, “Ted” não demorou a cair nas graças do público e provou que tinha fôlego para se transformar em um ícone pop sem precisar da ajuda da irretocável sitcom animada de seu criador.

O sucesso de bilheteria da película, que arrecadou US$ 550 milhões ao redor do planeta, deu carta branca para MacFarlane continuar a história do ursinho e sua promissora carreira como diretor de cinema. O problema é que ele não conseguiu repetir sua genialidade de outrora, fazendo com que ”Ted 2” se transformasse em um longa sem alma própria, um subproduto de seu antecessor.

Basicamente, o roteiro pouco se desenvolve e faz com que o forte e caro elenco não seja bem explorado, mesmo contando com a participação de Morgan Freeman e Tom Brady, um dos melhores jogadores da história a NFL, principal liga de futebol americano do planeta.

A história começa com o casamento de Ted (voz de Seth Mac Farlane) e Tami-Lynn (Jessica Barth). Como já era de se esperar, não demora muito para o ursinho ter problemas conjugais com sua esposa, o que faz com que o casal tente salvar o matrimônio com um bebê. Porém, a busca por um doador e posteriormente por uma criança para adoção fracassa. Para piorar o cenário, Ted perde seus direitos civis, pois o Governo de Massachusetts não o considera um ser humano.

A partir desse momento, o protagonista e seu melhor amigo, John (Mark Wahlberg), tentam processar o Estado. Sem verbas, contratam a inexperiente advogada Samantha L. Jackson (Amanda Seyfried). O trio inicia uma ilíada para recuperar os direitos civis do ursinho.

O grande problema é que nem Wahlberg, muito menos Seyfried conseguem convencer o público com suas atuações. Marcado pelas divertidas tiradas no original, John se transformou em um personagem apático, que é acompanhado da jovem advogada, que não consegue transmitir empatia a ninguém.

Apesar de deixar a desejar na construção da história, “Ted 2” não perdeu o humor ácido que marcou o primeiro filme, abusando das piadas de conotação sexual e polemizando nas tiradas, como a referência aos atentados de 11 de setembro de 2001.




Ou seja, “Ted 2” é uma comédia honesta se você deseja apenas soltar gargalhadas no cinema. Só que poderia ter sido bem mais, tal qual seu antecessor, o que pode dar ainda mais voz aos “chatinhos” que insistem que sequências estragam o original.

Obs.: A censura é 16 anos, caso algum deputado deseje levar seu filho pequeno ao cinema.

Ficha técnica:
Direção: Seth Mac Farlane
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h56
Gêneros: Comédia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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27 agosto 2015

"Sobre Amigos, Amor e Vinho" - Um brinde ao bom da vida!

Produção tem a cara exata de filmes franceses, com aquele jeito incomum de contar uma história (Fotos: Studio Canal/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Embora não tenha nada a ver com o título original, "Barbecue" (que se justifica pelos muitos churrascos presentes na trama), o nome "Sobre Amigos, Amor e Vinho" instiga e inspira de forma inegável e inequívoca. Afinal, a princípio, parece irresistível uma história que fale de três coisas tão queridas pela maioria dos seres viventes neste mundo desumano e violento.

Produção francesa dirigida por Eric Lavaine, "Sobre Amigos, Amor e Vinho" tem a cara exata de filmes franceses, com aquele jeito incomum de contar uma história. Estão lá as iguarias que fazem salivar, as longas conversas sempre em volta de mesas fartas e, claro, as taças e os brindes. Ah, os brindes: sempre com vinhos - brancos ou tintos - sobre os quais todos comentam e pelos quais suspiram. De dar água na boca.

Antoine Chevalier (Lambert Wilson) acaba de fazer 50 anos, cuida do corpo, corre, come adequada e moderadamente. Mas isso não impede que tenha um infarto e é a partir daí que ele resolve mudar de vida. Decide virar a mesa e passa a viver desregradamente, comendo e bebendo o que tem vontade. 


Para inaugurar a nova vida, junta sua turma de velhos amigos (aqueles que sempre estão presentes nos churrascos) e vão todos passar uns dias num recanto paradisíaco nas montanhas. As paisagens, claro, são estonteantes, num certo desacordo com a lavação de roupa suja em que se transforma o encontro.

Se há algum pecado no filme, esse pecado são os pequenos clichês, sempre presentes em qualquer história de turma: o chato, o inconveniente, a maluca, o irresponsável, o sofrido... Mas nada disso tira o brilho do longa que, por tratar de pessoas maduras, entre os 50 e 60 anos, traz, nos diálogos, alguma reflexão sobre a vida e o passar do tempo. E, convenhamos: nada pode ser melhor do que mudar de vida entre os amigos, o amor e os vinhos.




Com duração de 1h38, a produção francesa em versão legendada está em exibição na sala 4 do Ponteio Lar Shopping Cineart, sessões de 17h35 e 21h35. Classificação: 14 anos

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