22 outubro 2015

"Ponte dos Espiões" é filme que merece disputar Oscar

Mark Rylance e Tom Hanks dão um show de interpretação como um espião soviético e seu advogado americano (Fotos: Twentieth Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Eles já trabalharam juntos em outros três sucessos de bilheteria - "O Terminal", "O Resgate do Soldado Ryan" e "Prenda-me Se for Capaz". E "Ponte dos Espiões" ("Bridge of Spies"), dirigido por Steven Spielberg com Tom Hanks como protagonista, tem tudo para confirmar que está parceria de dois premiados é sempre um sinal de bons resultados. 


A trama é baseada num fato real ocorrido durante a construção do Muro de Berlim e envolve ação, suspense, drama, espionagem e uma grande interpretação de Tom Hanks, que merece ser um dos indicados ao Oscar 2016. A cada filme, o ator comprova porque seu talento e competência o colocam entre os melhores de Hollywood.

Hanks é o advogado de seguros James Donovan, que ficou famoso (e odiado) por ter defendido um espião russo preso nos Estados Unidos no início da Guerra Fria. Donovan cai em desgraça junto à opinião pública e passa a ser criticado e ameaçado pela sociedade que exigia a pena de morte para seu cliente.

A persistência e o senso de justiça do experiente advogado vão colocá-lo numa situação ainda mais delicada, quando é chamado para intermediar a negociação entre EUA e União Soviética. Em plena Berlim Oriental, pós 2º Guerra Mundial, ele terá de trocar seu cliente russo por um prisioneiro americano capturado pelos inimigos. Donovan se transformou anos depois num dos maiores negociadores de conflitos dos Estados Unidos.

Ele divide as atenções com Mark Rylance, que interpreta de forma excelente o papel de Rudolf Abel, o cliente soviético preso por agentes da CIA e acusado de espionagem. Além de Alan Alda, como Thomas Watters, sócio de Donovan num renomado escritório de advocacia de Nova York da década de 60, Scott Shepherd, no papel do agente Hoffman, da CIA, e Amy Ryan, como Mary, esposa do advogado que teme pelas decisões do marido, mas que nunca deixa de apoiá-lo.

O diretor Steven Spielberg, como sempre, faz uma excelente reconstituição de época e explora, como em "A Lista de Schindler" (1993) os ambientes escuros e o cenário sombrio da recém-criada Alemanha Oriental e sua destruição pós-segunda Guerra Mundial. Mas peca, como em outras vezes quando coloca os inimigos dos EUA, no caso russos e alemães, como vilões torturadores de espiões, enquanto os americanos são verdadeiros cavalheiros com seus prisioneiros, respeitando todas as leis e direitos humanos. Podia ter evitado esta exaltação exagerada.

Ponto positivo também para a duração. Engana-se quem vai ao cinema a procura de um filme de guerra. "Ponte dos Espiões" tem como pano de fundo a espionagem e os jogos de interesse das duas potências, em busca do domínio. O início da produção é mais lento para que a disputa seja bem explicada para que o público possa entender o conflito e toda a trama que envolveu o caso na época. Começa a ganhar agilidade a partir do julgamento do russo e prende até o final.




Um grande filme, com ótimos atores. Imperdível. "Ponte dos Espiões" está em cartaz, por enquanto, em oito salas de cinemas dos shoppings Cidade, Del Rey, Boulevard, Ponteio, Diamond Mall, Pampulha Mall e Shopping Norte.

Ficha técnica:
Diretor e produtor: Steven Spielberg
Produção: DreamWorks Pictures / Fox 2000 Pictures
Distribuição: Fox Films
Duração: 2h12
Gêneros: Espionagem / Suspense
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4,8 (0 a 5)

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19 outubro 2015

"Operações Especiais" é um "Tropa de Elite" com mocinha e bandidos

Cléo Pires, Fabrício Boliveira e Thiago Martins integram o grupo de elite da polícia contra a criminalidade (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Uma surpresa o filme "Operações Especiais". No primeiro momento parecia que seria apenas uma cópia piorada de "Tropa de Elite", com a mesma temática da violência e combate á corrupção e ao crime organizado no Rio de Janeiro. A diferença seria o rostinho bonito de Cléo Pires. A produção é mais fraca, mas consistente com a realidade.

Apesar de a atriz ter entrado na história para fazer apenas uma participação especial e acabar se tornando a personagem principal são Marcos Caruso (como o delegado Paulo Froes) e Fabrício Boliveira (como o inspetor Décio) que dão o recado e se destacam em seus papéis de polícias incorruptíveis, mas que não seguem as regras no combate ao crime organizado. Ótimas atuações.

Cléo Pires também amadureceu sua interpretação e convence como Francis, moça da periferia que resolve se tornar policial civil para enfrentar ex-namorado e achar que teria funções apenas burocráticas. Acaba jogada numa equipe de elite, com policiais machistas que não aceitam uma mulher no grupo. Seu personagem vai descobrindo a cada dia que para encarar a violência só mesmo se tornando parte dela. A moça cheia de sonhos, que seduzia a todos com charme e beleza, cuja única preocupação era cuidar do cabelo e das unhas terá de perder o medo da violência, subir o morro atrás de marginal e ainda algemar um grandalhão.

Outro que tem melhorado suas atuações é Thiago Martins, que se encaixou bem no papel do policial Roni, o mais machista do grupo e maior crítico da presença de Francis. Num todo a equipe convence como grupo especial.  Assim como Fabíula Nascimento como a manicure Rosa que vive entre criminosos, mas prefere fechar os olhos para a corrupção de sua cidade. Já Antonio Tabet é Toscano, a cara da corrupção, malando e violento que se faz passar por amigos de todos enquanto mata e trafica sob e as ordens dos "graúdos" da cidade.

Uma coisa não dá para disfarçar: lembra muito "Tropa de Elite", com o policial bonzinho e o corrupto, a criminalidade no morro, a postura das pessoas que fingem que não vêm nada e que tiram proveito da situação. A mesma sociedade que pede justiça, critica e exige que a polícia deixe o local quando sua atuação "atrapalha os negócios".

A história narra o trabalho de um grupo de policiais 100% honestos que é enviado a uma fictícia cidade do interior do Rio de Janeiro - São José do Livramento - que está sofrendo com o aumento da criminalidade após a criação das UPPs. O governo convoca Paulo Froes (Caruso), delegado com a ficha mais limpa da corporação, e reúne uma equipe especial para a campanha. 

Entre os agentes selecionados está Francis (Cléo), uma investigadora novata que precisa provar que tem valor. Em pouco tempo eles resolvem o problema e são aclamados pela opinião pública. Mas a “lua de mel” dura pouco. A aplicação do rigor da lei começa a incomodar a todos. A situação se torna insustentável e o governo se vê forçado a intervir novamente. Será que a população quer mesmo uma polícia honesta?


Mas "Operações Especiais" cumpre seu objetivo : é um filme de muita ação, vale para quem gosta do gênero policial, com palavrões e muitos tiros. Para a produção, o diretor Tomás Portela utilizou três cidades como cenários - Rio de Janeiro, Duque de Caxias (RJ) e Palmas (Tocantins). O filme não é ruim e vale como mais uma produção nacional .

Ficha Técnica
Direção: Tomás Portela
Produção: TC Filmes / Globo Filmes / Universal Pictures / Querosene/ Filmland / Formiga Filmes
Distribuição: Paris Filmes e Downtown Filmes
Duração: 1h30
Gêneros: Drama / Ação / Policial
País: Brasil
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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