13 novembro 2015

"007 Contra Spectre" explora os fantasmas do passado de James Bond e perde em ação

Daniel Craig se despede de James Bond com inimigos fracos e, como sempre, belas Bond Girls (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Superar "Skyfall" seria muito difícil, a começar pelo excelente tema de abertura interpretado por Adele. Já "Quantum of Solace" não seria problema. Mas "007 Contra Spectre" não fica entre os melhores filmes da franquia, que completa 24 produções, a maioria de grande sucesso. Não digo em arrecadação de bilheteria, mas em história, naquele que ficará marcado como o filme da despedida do sisudo Daniel Craig.


 E  mais ainda, uma produção dirigida por Sam Mendes, que amarra os quatro filmes de 007 interpretados por Craig, formando uma grande teia de velhos inimigos, amores perdidos e um único vilão por trás de toda a trama. Bond vai passar todo o tempo brigando com os fantasmas de seu passado. 

Com isso, as cenas de ação podem ser contadas nos dedos de uma mão, o que é uma pena por ser esta uma das marcas dos filmes do famoso agente com licença para matar, que teve o inesquecível Sean Connery como um de seus mais charmosos intérpretes. Confesso que, inicialmente, não me agradou a escolha de Daniel Craig para o papel. 


Mas a mudança da linha de ação, tornando o personagem mais de acordo com as novas produções - pouco charme, mais humano e apanhando que nem gente grande - acabou caindo bem para ele. O gigante Dave Bautista, lutador de WWE, é uma verdadeira muralha e garante boas surras no heroi.

Craig seguiu direitinho a cartilha que os novos fãs de James Bond esperavam em seu quarto filme, mas a produção pecou pela pouca ação. O enredo se preocupa em explicar o passado de Bond, os amores perdidos e seus maiores vilões, conectando as histórias vividas nas três últimas películas até chegar à Organização SPECTRE, comandada por Franz Oberhauser, interpretado por Christophe Waltz, que fez para o gasto, sem caras e bocas ou acessos megalomaníacos. 

Já que o objetivo era fechar a era Craig bombando como o filme anterior, o vilão da caveira deveria ter sido algum ator do calibre de Javier Bardem. Este sim soube como fazer um excelente Silva, que simplesmente "apagou" a presença de Craig cada vez que entrava em cena em "Skyfall". 

Desde o filme anterior, Bond vem ganhando mulheres mais maduras para o papel de "Bond Girl",  a começar pela experiente Judi Dench (a chefe sexagenária "M"). A escolhida da vez foi a cinquentona Monica Bellucci, numa participação rápida como Lucia Sciarra, a bela e proibida viúva de um criminoso. 


Mas quem conquista o coração do agente durão é Léa Seydoux (de "Azul é a Cor mais Quente"), como Madeleine Swann, filha de seu antigo inimigo de Bond. Ela se garante no papel da jovem indefesa protegida por 007 que sabe usar a sedução a seu favor.

"007 Contra Spectre" até começa com uma sequência de tirar o fôlego, com prédios desabando e Bond brigando com um de seus inimigos dentro de um helicóptero descontrolado sobre a Cidade do México. Mas à medida que a história vai se desenrolando, os momentos de ação vão ficando mais escassos. Quando acontecem, não ficam atrás de outros filmes da série, com perseguições usando maravilhosos e possantes carros que agradam bastante. Principalmente o novo brinquedinho sobre quatro rodas de Bond - um espetacular Aston Martin DB 10 prata.

No filme, James Bond vai à Cidade do México com a tarefa de eliminar um criminoso, sem que seu chefe, M (Ralph Fiennes, que assumiu o cargo após a morte da "M"anterior), tenha conhecimento. Isto faz com que o agente seja suspenso temporariamente de suas atividades e que Q (Ben Whishaw) instale em seu sangue um localizador, que permite que o governo britânico saiba sempre onde ele está.

Enquanto isso, em Londres, o novo chefe do Centro para a Segurança Nacional, questiona as ações de Bond e desafia a relevância do MI6, liderado por M Bond secretamente recruta Moneypenny (Naomie Harris) e Q para ajudá-lo a contatar Madeleine Swann (Léa Seydoux). A jovem pode ter uma pista para chegar a Franz Oberhauser (Christoph Waltz), chefe da organização criminosa SPECTRE e maior inimigo do agente.



Os fãs de James Bond deverão gostar, pois o filme tem quase todos os ingredientes de uma franquia 007. "Spectre" está sendo exibido em 21 salas de 11 shoppings de Belo Horizonte e Betim, nas versões dublada e legendada, somente em 2D.

Ficha técnica:
Direção: Sam Mendes
Distribuição: Sony Pictures
Produção: Metro Goldwyn Mayer (MGM) / Eon Productions Ltd / Columbia Pictures / Danjaq Productions / Sony Pictures Entertainment
Duração: 2h30
Gêneros: Ação / Espionagem
Países: Reino Unido / EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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08 novembro 2015

"Olmo e a Gaivota" vale a reflexão sobre o tabu da maternidade

Documentário acompanha a tragetória da gravidez do casal de atores Olivia Corsini e Serge Nicolai (Fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Há uma certa complexidade em "Olmo e a Gaivota", filme em cartaz no Cine Belas Artes (16h10 e 20h), que mostra os dilemas e descobertas de um casal de atores que é pego de surpresa com a gravidez dela em pleno processo de ensaio de "A Gaivota", de Tchekov. Advinha quem interrompe o trabalho? A atriz, claro. Proibida de atuar e obrigada a um repouso forçado sob pena de perder o bebê, ela também se vê impossibilitada de viajar com a trupe para se apresentar em uma sonhada turnê em Nova Iorque, enquanto ele segue sua vida e sua carreira. Afinal, a gravidez é da mulher.

Primeiro é preciso dizer que trata-se de um documentário. Aliás, um documentário construído, como gosta de dizer a diretora Petra Costa, belo-horizontina que dividiu o comando das câmeras com a dinamarquesa Lea Glob. A gravidez real do casal de atores do Théâtre du Soleil, Olivia Corsini e Serge Nicolai, é acompanhada durante todo o processo, nos seus nove meses de limitações, direitos e deveres. Em certo momento, aborrecida por ter que passar um longo período em casa, Olivia diz ao parceiro algo como: "O bebê é nosso. Só que, neste momento, é em mim que ele está".

"Olmo e a Gaivota", embora questionador, é delicado. E as duas diretoras participam, em off, fazendo perguntas e questionando a atriz durante todo o filme. Quase uma análise. E caiu muito bem a forma como foi tratado o tema da maternidade, um tabu na nossa sociedade: na fronteira entre ficção e realidade. 

A dubiedade, aliás, está presente em todo o filme. A maternidade seria algo entre o olmo e a gaivota. O primeiro, uma árvore querendo fincar raízes. A segunda querendo voar.




Em tempos de Cunhas e Felicianos, que insistem em politicar, legislar e dar ordens sobre o corpo feminino, vale a reflexão de "Olmo e a Gaivota", que trata do tabu da maternidade, 

O drama documentário foi vencedor dos prêmios Dordic:Dox do Festival de Copenhagen, de Melhor Documentário pelo júri oficial do Festival do Rio e do Júri Jovem Seleção Oficial do 68º Festival del Film Locarno.Em versão legendada, o filme tem duração de 1h27 e classificação de 12 anos.

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