Suspense à brasileira com boas atuações da bela Ana Paula Arósio e Gabriel Braga Nunes e Nelson Xavier (Fotos: Divulgação)
Mirtes Helena Scalioni
No início, "A Floresta Que Se Move" causa estranheza. A começar pela forma como agem os personagens, às vezes informais e outras vezes extremamente cerimoniosos. Afinal, trata-se de uma livre adaptação de "Macbeth", tragédia bastante conhecida de Shakespeare. E Shakespeare, como todo mundo sabe, é teatro puro, que pede uma certa impostação.
Mas é tão bem montado o suspense do filme, que, aos poucos, o espectador se acostuma com as falas graves, as sombras, a música que angustia, os símbolos que podem parecer exagerados. É que foi tudo muito bem colocado a serviço da história em torno da ambição desmedida de Elias (Gabriel Braga Nunes) e sua mulher Clara (Ana Paula Arósio), capazes de chegar a extremos quando o assunto é poder e dinheiro. A história: Elias é vice-presidente de um grande banco e, como é uma espécie de pupilo do presidente Heitor (Nelson Xavier), ninguém duvida que, no futuro, será ele o grande substituto. Questão de tempo. Ângelo Antônio é César, amigo e colega subalterno de Elias, que funciona como a sua consciência ética na trama. Clara, lógico, é a serpente, a Eva que o instiga a comer o fruto proibido e incentiva o mal. Está presente também a figura da vidente que, desde o início, profetiza o sucesso de Elias.
Houve quem não gostasse da adaptação, talvez por purismos. Escrita por volta de 1.600, "Macbeth" se mantém atual sim sob a direção do brasileiro Vinícius Coimbra, principalmente por ter sido transferida para o mundo dos negócios. Os noticiários estão cheios de histórias de pessoas que são capazes de tudo por um monte de dinheiro. Com duração de 1h39, o drama "A Floresta Que Se Move" está em exibição nas salas 5 do Shopping Paragem (sessões as 14 e 16 horas), e 2 do Ponteio Lar Shopping (sessões as 17h20 e 19h20), com classificação de 16 anos.
Daniel Craig se despede de James Bond com inimigos fracos e, como sempre, belas Bond Girls (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)
Maristela Bretas
Superar "Skyfall" seria muito difícil, a começar pelo excelente tema de abertura interpretado por Adele. Já "Quantum of Solace" não seria problema. Mas "007 Contra Spectre" não fica entre os melhores filmes da franquia, que completa 24 produções, a maioria de grande sucesso. Não digo em arrecadação de bilheteria, mas em história, naquele que ficará marcado como o filme da despedida do sisudo Daniel Craig.
E mais ainda, uma produção dirigida por Sam Mendes, que amarra os quatro filmes de 007 interpretados por Craig, formando uma grande teia de velhos inimigos, amores perdidos e um único vilão por trás de toda a trama. Bond vai passar todo o tempo brigando com os fantasmas de seu passado.
Com isso, as cenas de ação podem ser contadas nos dedos de uma mão, o que é uma pena por ser esta uma das marcas dos filmes do famoso agente com licença para matar, que teve o inesquecível Sean Connery como um de seus mais charmosos intérpretes. Confesso que, inicialmente, não me agradou a escolha de Daniel Craig para o papel.
Mas a mudança da linha de ação, tornando o personagem mais de acordo com as novas produções - pouco charme, mais humano e apanhando que nem gente grande - acabou caindo bem para ele. O gigante Dave Bautista, lutador de WWE, é uma verdadeira muralha e garante boas surras no heroi.
Craig seguiu direitinho a cartilha que os novos fãs de James Bond esperavam em seu quarto filme, mas a produção pecou pela pouca ação. O enredo se preocupa em explicar o passado de Bond, os amores perdidos e seus maiores vilões, conectando as histórias vividas nas três últimas películas até chegar à Organização SPECTRE, comandada por Franz Oberhauser, interpretado por Christophe Waltz, que fez para o gasto, sem caras e bocas ou acessos megalomaníacos.
Já que o objetivo era fechar a era Craig bombando como o filme anterior, o vilão da caveira deveria ter sido algum ator do calibre de Javier Bardem. Este sim soube como fazer um excelente Silva, que simplesmente "apagou" a presença de Craig cada vez que entrava em cena em "Skyfall". Desde o filme anterior, Bond vem ganhando mulheres mais maduras para o papel de "Bond Girl", a começar pela experiente Judi Dench (a chefe sexagenária "M"). A escolhida da vez foi a cinquentona Monica Bellucci, numa participação rápida como Lucia Sciarra, a bela e proibida viúva de um criminoso.
Mas quem conquista o coração do agente durão é Léa Seydoux (de "Azul é a Cor mais Quente"), como Madeleine Swann, filha de seu antigo inimigo de Bond. Ela se garante no papel da jovem indefesa protegida por 007 que sabe usar a sedução a seu favor.
"007 Contra Spectre" até começa com uma sequência de tirar o fôlego, com prédios desabando e Bond brigando com um de seus inimigos dentro de um helicóptero descontrolado sobre a Cidade do México. Mas à medida que a história vai se desenrolando, os momentos de ação vão ficando mais escassos. Quando acontecem, não ficam atrás de outros filmes da série, com perseguições usando maravilhosos e possantes carros que agradam bastante. Principalmente o novo brinquedinho sobre quatro rodas de Bond - um espetacular Aston Martin DB 10 prata.
No filme, James Bond vai à Cidade do México com a tarefa de eliminar um criminoso, sem que seu chefe, M (Ralph Fiennes, que assumiu o cargo após a morte da "M"anterior), tenha conhecimento. Isto faz com que o agente seja suspenso temporariamente de suas atividades e que Q (Ben Whishaw) instale em seu sangue um localizador, que permite que o governo britânico saiba sempre onde ele está. Enquanto isso, em Londres, o novo chefe do Centro para a Segurança Nacional, questiona as ações de Bond e desafia a relevância do MI6, liderado por M Bond secretamente recruta Moneypenny (Naomie Harris) e Q para ajudá-lo a contatar Madeleine Swann (Léa Seydoux). A jovem pode ter uma pista para chegar a Franz Oberhauser (Christoph Waltz), chefe da organização criminosa SPECTRE e maior inimigo do agente.
Os fãs de James Bond deverão gostar, pois o filme tem quase todos os ingredientes de uma franquia 007. "Spectre" está sendo exibido em 21 salas de 11 shoppings de Belo Horizonte e Betim, nas versões dublada e legendada, somente em 2D. Ficha técnica: Direção: Sam Mendes Distribuição: Sony Pictures Produção: Metro Goldwyn Mayer (MGM) / Eon Productions Ltd / Columbia Pictures / Danjaq Productions / Sony Pictures Entertainment Duração: 2h30 Gêneros: Ação / Espionagem Países: Reino Unido / EUA Classificação: 14 anos Nota: 3,5 (0 a 5)