08 dezembro 2015

"Chatô, o Rei do Brasil", uma biografia polêmica como seu personagem

Após 20 anos, filme dirigido por Guilherme Fontes entra em cartaz e agrada (Fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, o ator, produtor e diretor Guilherme Fontes despistou, escorregou, mas não explicou por que o filme que dirigiu, "Chatô, o Rei do Brasil", levou 20 anos para ficar pronto, em meio a uma série de polêmicas, acusações e debates sobre leis de incentivo cultural e desvio de dinheiro. Mas num ponto, ele foi categórico: trata-se de uma comédia dramática.

Faz sentido. Em vez de optar pelo caminho óbvio, mostrando nascimento, crescimento, ascensão e queda do jornalista Assis Chateaubriand, magnata das comunicações que criou os Diários Associados e chegou a comandar mais de 100 veículos entre jornais, rádios e TVs, Fontes escolheu um caminho mais difícil: criou um dia do juízo final, no qual o protagonista é julgado enquanto relembra passagens da sua vida louca.

Como sempre, o livro é melhor do que o filme. A obra de Fernando Morais, até pelo tom mais sério e ordenado, resulta numa compreensão mais completa por parte do leitor, que consegue contextualizar as extravagâncias e aventuras de Chatô, homem que parece já ter nascido personagem. Afinal, não é todo dia que se vê alguém que, nascido pobre na Paraíba, se torne um poderoso e excêntrico empresário, amigo - e inimigo - de presidentes da República.

De caráter duvidoso e capaz de tramoias inacreditáveis, ele se envolve com muitas mulheres e promove negociatas inacreditáveis e inconcebíveis. Visionário, foi o pioneiro da TV no Brasil criando a TV Tupi de São Paulo nos anos de 1950.

O elenco, encabeçado por Marco Ricca como Chateaubriand, é um dos responsáveis pelo brilho do filme, que conta ainda com Letícia Sabatella como sua primeira mulher, Maria Eudóxia; Leandra Leal como Lola, outra de suas mulheres; Andréa Beltrão como a eterna amante Vivi Sampaio; e Paulo Betti como Getúlio Vargas.

Houve quem não gostasse do ritmo frenético e fragmentado do longa, repleto de cores, fantasias, idas e vindas. Na verdade, em se tratando de um filme cuja produção e realização foram confusas e nebulosas, foi uma boa sacada. Chatô resultou num bom filme, mesmo que anárquico e alegórico - aliás, bem parecido com o Brasil.

O filme, com duração de 1h42, está em cartaz nas salas 4 do Ponteio Lar Shopping (sessões às 17 horas e 19h15) e 8 do Pátio Savassi (sessões às 13 horas e 15h15). Classificação 14 anos





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07 dezembro 2015

"À Beira Mar" é arrastado, apesar da boa interpretação do casal Angelina e Brad Pitt


Cansativo em boa parte, o filme trata de crise conjugal e voyeurismo (Fotos Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Solidão, vícios e uma crise conjugal que se arrasta há anos. A ideia da trama é interessante, com Angelina Jolie Pitt acertando a mão e se destacando neste que é seu terceiro filme como diretora, além de roteirista e produtora junto com o marido Brad Pitt. Mas "À Beira Mar" ("By The Sea") é arrastado, levando mais de duas horas para contar o drama do casal. Cansativo em vários momentos, o destaque fica para as cenas de voyeurismo e as brigas no quarto de hotel.

Mesmo com Angelina Jolie e Brad Pitt fazendo uma boa dupla em cena (como aconteceu em "Sr. e Sra. Smith", de 2005) a história acaba se tornando cansativa. O casal, que praticamente não conversa, vai para uma cidade na costa francesa em busca de inspiração para um novo livro dele e uma possível reconciliação.

Entre um copo e outro, o escritor Roland Bertrand (Pitt), passa seu tempo no bar da vila, conversando com o calejado proprietário Michel (interpretado por Niels Arestrup) e o morador Patrice (Richard Bohringer).

Já a mulher, a ex-bailarina Vanessa (Jolie), quando não está no quarto, passando seu tempo tomando sol na varanda ou antidepressivos, se aventura pelas encostas e faz compras nas quitandas da cidade, em busca de algo nem ela mesmo sabe o que.

A sintonia do casal Pitt é tanta que há momentos que parece que a trama é uma reprodução de uma crise real no matrimônio deles. Isso ajudou muito para que o filme não se tornasse muito chato. E depois de muita embromação, finalmente a interessante: a chegada de um casal em lua de mel, Léa (Mélanie Laurent) e François (Melvil Poupaud), que se hospeda no quarto ao lado. Um buraco na parede se torna a diversão e o novo vício de Vanessa e Roland que pode despertar antigos desejos e frustrações e mudar a vida de todos.

Um ponto se destaca em "à Beira Mar" - a ótima fotografia, que explorou a beleza da região, assim como as imagens internas, com muito jogo de espelho e closes no Sr. e Sra. Pitt. A trilha sonora é suave, sem exageros e na hora certa. Tinha tudo para ser ótimo, não fosse a duração excessiva. Mas vale a pena conferir.

"À Beira Mar" está em cartaz nas salas 2 do Diamond Mall (sessões às 15h50 e 21h40), 4 do Shopping Paragem (18h50 e 21h10) e Ponteio Lar Shopping, nas salas 2 (14h20, 16h45 e 21h10) e Premier (18h25), todas em versão legendada.





Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Angelina Jolie Pitt
Produção: Plan B Entertainment / Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h12
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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