17 janeiro 2016

"Creed: Nascido para Lutar" exalta Rocky Balboa e abre as portas do cinema para novos ídolos do boxe

Filme dá sequência à história de um dos mais famosos boxeadores do cinema (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Jean Piter Miranda


Adonis Johnson (Michael B. Jordan), ainda criança, toma conhecimento de que é filho de Apollo Creed, uma lenda do boxe. Só que Apollo morreu antes de Adonis nascer. O menino então cresce treinando para ser um pugilista. Vira adulto. Tem tudo para ter uma "carreira normal" e bem sucedida em um escritório. Mas, algo parece o chamar para os ringues. Ele então larga tudo e vai atrás do velho Rocky Balboa (Sylvester Stallone) para ser treinado por ele e então se tornar um profissional.

"Creed: Nascido Para Lutar" é um derivado da saga "Rocky". Talvez isso incomode os fãs de Balboa, já que o último longa da franquia, "Rocky Balboa" (2006), que foi bem recebido pelo público e pela crítica, parecia ter fechado a história. Então, depois disso, fazer mais um filme seria um grande risco. Mas foi uma boa sacada.

Michael B. Jordan manda muito bem. Seu personagem é problemático e carismático ao mesmo tempo. Um anti-herói. É mais que alguém que busca autoafirmação e superação. Ele quer brilhar no boxe, mas sem usar o nome do pai. Quer méritos próprios, provar algo pra si mesmo. Essa carga dramática o torna bem humano. Assim, mesmo cometendo uma série de erros, o espectador fica do seu lado até o fim.

Stallone faz mais uma vez o papel de Rocky. Fora dos ringues. Mais velho, com a saúde debilitada, solitário, e com a dor de ter perdido, ao longo da vida, as pessoas que mais amava. Uma interpretação grandiosa que já rendeu a ele o Globo de Ouro 2016 de Melhor Ator Coadjuvante e a indicação ao Oscar 2016 de Melhor Ator Coadjuvante. Um reconhecimento bem merecido.

"Creed" tem várias referências aos outros filmes da saga Rocky, mas sem usar o recurso de cenas antigas, flashbacks. Ao mesmo tempo, o longa vai se distanciando de Balboa, criando uma nova narrativa, com novos personagens. Os mais atentos vão notar que o mundo do boxe sempre exalta seus ídolos, seus heróis do passado, sem que isso seja um empecilho para a renovação, para a chegada de novos grandes atletas.

É mais sobre Adonis que sobre Rocky. E ao mesmo tempo é uma homenagem mais que merecida ao maior boxeador do cinema.

Ação

O filme tem mais momentos de dramas que de ação. São poucas lutas. Quando não está treinando, Adonis está se metendo em encrencas. Ou está enfrentando seus fantasmas. Mas pra quem gosta de boxe, "Creed" tem seus pontos altos. As academias são reais. Os treinos também. E os atores que compõem o elenco também são profissionais do mundo do boxe, como os lutadores Tony Bellew, Andre Ward e Gabriel Rosado. Isso, somado aos recursos atuais de filmagem, deixam os combates dentro do ringue bem realistas.

Sequência

"Creed" é de certa forma previsível, como todo filme de ação. Até porque, não são muitas as opções. Luta ou não luta. No ringue, perde, vence ou dá um empate. Um atleta tentando se superar quando tem muitos problema nas vida é um roteiro que já foi usado. O que tem além disso é que faz a diferença.

O filme tem seus méritos. É muito bem feito e dosa bem emoção e adrenalina. Se fizer sucesso, pode ter uma sequência, com ou sem Rocky. Michael B. Jordan é jovem e cumpriu bem seu papel. As possibilidades de novas boas histórias com Creed são muitas. Tem bons personagens secundários pra isso. Os que estão dentro e os que estão fora do ringue. Os que estão próximos e os que estão distantes de Adonis. É esperar para ver.



Globo de Ouro

Na entrega da estatueta de Melhor Ator Coadjuvante no Globo de Ouro 2016 pelo retorno ao papel de Rocky Balboa em "Creed: Nascido para Lutar", Sylvester Stallone lembrou que esteve na premiação pela última vez em 1977, quando foi indicado como melhor ator com o mesmo personagem em "Rocky: Um Lutador", lançado em 1976, que também lhe rendeu uma indicação ao Oscar. 

Aproveitando a premiação, a Warner Bros. Pictures divulgou um mini-site com o legado de Rocky e com toda a linha do tempo da franquia, incluindo fotos, vídeos, GIFs e frases que marcaram os filmes. Acesse http://creedtimeline-br.tumblr.com/

Ficha técnica
Diretor e roteirista: Ryan Coogler
Duração: 2h14
Produção: Metro-Goldwyn-Mayer Pictures (MGM)
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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16 janeiro 2016

Steve Jobs, um visionário dominador 100 anos a frente de seu tempo

Steve Jobs, o homem com visão de futuro que revolucionou a tecnologia (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas e Adriana Perez


Mais uma versão cinematográfica sobre o gênio cofundador da Apple? Talvez, mas com um foco pessoal adaptada da biografia escrita por Walter Isaacson. Se em 2013 a abordagem do filme "Jobs" tentou ser minuciosa demais e acabou se excedendo e ficando arrastada em alguns momentos, em "Steve Jobs" temos dois premiados atores - Michael Fassbender e Kate Winslet - mostrando de maneira marcante o lado pessoal do visionário e dominador fundador da Apple e aliviando um o lado "sacana". 

As criações são usadas como divisores de três fases da vida de Jobs, entrecortadas por flashbacks - o lançamento do Macintosh, em 1984; o NeXT Computer, em 1988, já fora da Apple; e o retorno triunfal à empresa com o iMac, em maio de 1998.  

Se o verdadeiro Steve Jobs não era pessoalmente interessante, a escolha de Michael Fassbender agrada profundamente ao público feminino. O astro de "Macbeth" é sempre um "tesão" de homem e ajudou muito a melhorar a imagem do personagem original. Fora o aspecto físico, Fassbender está ótimo no papel, e muito parecido com Jobs em sua idade mais madura, perto do lançamento do iMac. Antes até que nem tanto, Ashton Kutcher ficou mais parecido na fase jovem quando fez o papel principal na produção de 2013.

A história foca mais os bastidores e a relação de Steve Jobs com seu antigo sócio Steve Wozniak (interpretado por Seth Rogen, muito bem fazendo um papel sério), com John Sculley, CEO da empresa (feito por Jeff Daniels), a prepotência e a estupidez com que tratava seus funcionários e a ex-namorada de faculdade e mãe de sua filha Chrisann Brennan (Katherine Waterston). 

Mas as duas mulheres que realmente marcaram sua vida e conseguiram despertar algum sentimento além da frieza e arrogância natural teriam sido a filha Lisa (que teve três intérpretes), reconhecida somente após muita briga na justiça, e Joanna Hoffman, então chefe de marketing do Macintosh (papel de Kate Winslet, digno de Oscar). Ela talvez mereça mais a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante do que Fassbender de Melhor Ator, como foram indicados.

Não estou desmerecendo sua interpretação, pelo contrário. Ele soube conduzir bem as muitas faces do gênio da Apple, principalmente o lado brilhante do visionário que revolucionou a era digital e se considerava o maestro da orquestra, que ele regia com mãos de ferro. Para ele, os membros da equipe eram apenas os músicos, incluindo os verdadeiros criadores de suas máquinas - Steve Wosniak e Andy Hertzfeld (papel de Michael Stuhlbarg).

Ponto também para o roteiro de Aaron Sorkin, que já faturou o Globo de Ouro de 2016 por Melhor Roteiro, e para a direção de Danny Boyle, que não foi indicado ao Oscar. 

"Steve Jobs" não é um filme que trata de tecnologia e das grandes invenções do personagem, mas um drama bem conduzido sobre o lado pessoal e genial de um homem 100 anos além de seu tempo. Ele queria transformar o computador em algo acessível a todos e principalmente às escolas. 

Ao mesmo tempo, não aceitava que seu sistema fosse aberto a aplicativos e dispositivos, o que desagradou a sócios e diretores da Apple. O filme explica muitas de suas atitudes e também reforça as críticas que ele recebeu até sua morte. Merece ser visto.



"Steve Jobs" está em cartaz, na versão legendada, em cinco salas de cinema de BH - 1 (sessão 21h20) e 3 do Cineart Paragem (18h50), 1 do Net Cineart Premier Ponteio (13h20 e 18h30), 1 do BH Shopping (13 horas, 15h50, 18h45 e 21h30) e 6 do Pátio Savassi (14h45, 17h30, 20h15 e 23h20).

Ficha técnica
Diretor: Danny Boyle
Roteirista: Aaron Sorkin
Duração: 2h02
Produção: Universal Pictures // Legendary Pictures / Cloud Eight Films
Distribuição: Universal Pictures
Gênero: drama / biografia
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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