24 janeiro 2016

"A 5ª Onda" é mais uma adaptação da literatura juvenil que ganha a telona

Filme segue a linha de franquias como "Maze Runner", "Divergente" e "Jogos Vorazes" (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Chloë Grace Moretz é a estrela da nova produção juvenil apocalíptica que estreou nos cinemas de BH, "A 5ª Onda" ("The 5th Wave"). Assim como Jennifer Lawrence, que já fez vários papéis sérios, mas caiu nas graças do público jovem com a personagem Katniss Everdeen, da franquia "Jogos Vorazes", Chloë tem seu nome entre as jovens revelações dos últimos tempos. Em produções como "Acima das Nuvens", "O Protetor", "Se Eu Ficar" (todos de 2014), e "Carrie - a Estranha" (2013) ela mostrou que tem potencial de grande atriz.

E agora interpreta a heroína sobrevivente de um ataque alienígena que quer ocupar o planeta Terra e dizimar a raça humana. Seu coração está dividido, assim como em "Jogos Vorazes", entre dois rapazes - o colega de escola - Ben Parish (Nick Robinson, de "Jurassic World") e o fazendeiro misterioso e "supergato" Evan Walker (Alex Roe).

Mesmo seguindo sem muitas alterações a história do livro, escrito por Rick Yancey, à medida que o filme vai passando pode-se perceber que o enredo é fraco e muito parecido, quase uma cópia, de outra trilogia juvenil - "Maze Runner", com cenas que lembram demais o segundo filme - "Prova de Fogo". Dependendo da bilheteria de "A 5ª Onda", o segundo livro talvez nem venha a emplacar no cinema.

Na história, para quem não leu o livro homônimo, a Terra é invadida por seres extraterrestres que vão provocando ondas de destruição - a primeira corta a energia; a segunda provoca terremotos e tsunamis; a terceira despeja a praga dos pássaros que mata milhares de pessoas; na quarta ETs se apossam dos corpos dos humanos e, na quinta... Só vendo o filme.

Os poucos sobreviventes, a maioria jovens, iniciam uma fuga para lugares remotos e ao mesmo tempo formam uma força rebelde para tentar impedir o fim da raça humana. E na liderança está a jovem Cassie Sullivan (papel de Chloë), que precisa salvar o irmão Sam (Zackary Arthur), levado pelo Exército junto com outras crianças para uma base militar comandada com mãos de ferro pelo coronel Vosch (Liev Schreiber, de "Spotlight - Segredos Revelados").

Os fãs deste tipo de literatura podem curtir "A 5ª Onda" - tem aventura, ação, "amasso" no banco do carro, heróis e bandidos, que desta vez são do espaço e receberam o nome de "os outros". Chloë está linda e muito bem no papel, e segura a produção. Mas seus pares amorosos, principalmente Alex Roe, ainda precisam de um fôlego na interpretação. Ele é mais bonito que talentos. "A 5ª Onda" pode ser conferido em 18 salas de cinemas de shoppings de Belo Horizonte, Betim e Contagem.



Ficha técnica:
Direção: J. Blakeson
Produção: Columbia Pictures / GK Films / Living Films
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Aventura / Ficção científica
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

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23 janeiro 2016

"Boi Neon" questiona papéis masculinos e femininos num cenário hostil do Nordeste

Juliano Cazarré, é um ajudante de vaqueiro que intercala cenas de força e macheza com sutilezas (Fotos: Imovision/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Uma mulher que dirige caminhão e se enfia debaixo dele para consertá-lo como qualquer mecânico; um vaqueiro que costura e sonha ser estilista, e outro que faz questão da chapinha para alisar os longos e negros cabelos. Não é fácil fazer uma sinopse de "Boi Neon", já que o filme carece de uma trama. Não há conflitos, armações, heroísmos, desencontros nem suspenses. O que o espectador vê é simplesmente um recorte na vida dessa caravana que percorre o Nordeste promovendo vaquejadas.

Para quem não sabe, a vaquejada é uma espécie de esporte muito comum no sertão. Dois cavaleiros montados acuam um boi numa arena e um deles lhe torce o rabo até que o animal caia entregue no chão. O personagem principal, Iremar, nem chega a ser um vaqueiro. Na verdade, ele não passa de um ajudante, cuja tarefa principal é preparar o rabo do boi antes de soltá-lo para o embate. Interpretado com muita entrega por Juliano Cazarré, o personagem intercala cenas de força e macheza com sutilezas. Quando não está cuidando dos bichos, está desenhando e costurando roupas femininas.

A grande riqueza de "Boi Neon" é o impacto da questão de gênero. Nada está no lugar onde deveria estar e isso causa um certo desassossego. E como não há exatamente uma história sendo contada, o trabalho perfeito dos atores preenche essa lacuna prendendo o espectador do início ao fim. Além de Cazarré, estão muito bem também Maeve Jinkings (no papel de Galega, que dirige o caminhão), Samya De Lavor (que tem participação pequena mas marcante como a revendedora de cosméticos Geise), o sumido Vinicius de Oliveira, que fez o garoto de "Central do Brasil" (como o vaqueiro Júnior que cuida das madeixas), e até a menina Alyne Santana (que faz Cacá, pré-adolescente filha da Galega). 

Enfim, trata-se de um longa, no mínimo, instigante, e o diretor e roteirista Gabriel Mascaro parece ter atingido seu objetivo nesse sentido. Um senão: a cena em que Iremar manipula os genitais de um cavalo para colher seu sêmen parece desnecessária. Serve apenas para gerar polêmica, assim como a longa transa entre o protagonista e uma mulher grávida. 




Com duração de 1h41 e classificação de 16 anos, o drama "Boi Neon", uma produção que envolveu três países - Brasil, Holanda e Uruguai - pode ser assistido no Cine 104 (sessões das 17 horas e 20h40) e sala 3 do Belas Artes (sessão de 14 horas).

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