Um filme onde a natureza selvagem e a fotografia com luz natural são as maiores estrelas (Fotos: Fox Films do Brasil/Divulgação) |
Maristela Bretas
Essa pode ser a grande chance de Leonardo DiCaprio
finalmente conquistar a tão desejada estatueta de Melhor Ator do Oscar. "O
Regresso" ("The Revenant") já garantiu ao ator outros prêmios
este ano e agora ele é um dos mais cotados para o mais cobiçado de todos. E
DiCaprio merece levar, assim como o filme e seu diretor Alejandro Gonzãlez
Iñárritu, também um dos roteiristas e produtor, e que tem em sua estante o prêmio
de 2015 por "Birdman".
Um excelente trabalho, em todos os aspectos, que vale como
dica para quem quer ver uma produção caprichada, que recebeu merecidas 12
indicações ao Oscar 2016. A fotografia de Emmanuel Lubezki (que trabalhou
com Iñárritu em "Birdman") é espetacular. A produção explora a luz natural, reforçando o
cinza que dá maior contraste e valoriza a frieza do inverno, assim e as cenas
mais violentas, como o ataque do urso. Há uma preocupação em filmar próximo ao
chão (uma vez que DiCaprio passa boa parte do filme se arrastando pela neve),
fechando closes nos olhos do ator, que substituem as palavras com
expressões de dor, ódio e vingança.
Foto: Instagram Emmanuel Lubezki |
DiCaprio está em seu melhor papel, mesmo tendo poucas falas.
E é aí que sua competente interpretação faz a diferença. Entre lágrimas,
sofrimento, dor e um desejo irracional de vingança, expressos no olhar, ele dá
vida ao personagem Hugh Glass, um experiente guia de expedição e caçador de
peles. As cenas chegam a chocar pela frieza e violência. A maquiagem usada por
ele para as feridas feitas pelo urso são bem realistas e levavam mais de cinco
horas de preparação.
"O Regresso" é baseado no romance homônimo de
Michael Punke, que se inspirou na história real de Hugh Glass. Difícil até de
acreditar que uma pessoa possa ter resistido a tanto sofrimento e ainda viver
para contar a história, que se passa no velho oeste no ano de 1822. A intenção
do autor talvez tenha sido mostrar a superação de um homem diante de todos os
perigos e atrocidades da região. Mas no filme, o enredo explora principalmente
o desejo de vingança de um homem, que lhe dá força para suportar a jornada de volta
e fazer justiça.
O filme foi também um exemplo de superação para toda a
equipe. Como o próprio diretor contou em entrevistas passadas, vencer o
ambiente onde foi filmado (regiões remotas do Canadá e Argentina) - frio
congelante, neve, perigos, floresta, dormir em carcaças de animais talvez tenha
sido o maior desafio da produção. O Oscar de Melhor Filme seria o
reconhecimento, como aconteceu em outras premiações só por isso.
Além dos dois indicados, "O Regresso" ainda conta
com um ótimo elenco de profissionais, alguns em ascensão, como Domhnall Gleeson
("Star Wars: O Despertar da Força" e "Brooklin"), Will
Poulter ("Maze Runner: Correr ou Morrer"), Paul Anderson ("NoCoração do Mar"), Brendan Fletcher ("Gracepoint"), entre outros.
Na história, Hugh Glass acompanha um grupo de caçadores de
peles a uma perigosa região nos Estados Unidos quando o acampamento do grupo é
atacado por índios da tribo Arikara. Os poucos sobreviventes conseguem fugir em
um barco e, por recomendação de Glass, logo retornam à terra firme para seguir
viagem a pé de volta ao Forte Kiowa.
Glass, no entanto, é atacado por um urso, fica gravemente
ferido, sem conseguir caminhar. Depois de um tempo de jornada é deixado para
trás na companhia do filho nativo Hawk (Forrest Goodluck), do jovem Jim Bridger
(Poulter) e do parceiro John. Este o abandona na floresta, semimorto e ainda
rouba seus pertences. O que ele não contava era que Glass sobreviveria ao mundo
selvagem para fazer justiça.
"O Regresso" é um filme imperdível para quem gosta de excelentes produções. Um dos melhores ou talvez até o melhor de Leonardo DiCaprio e Tom Hardy (que também se saiu muito bem em "Mad Max - A Estrada da Fúria"). Sem contar a destacável direção de Alejandro González Iñárritu. Ele pode ser conferido em 17 salas de 14 shoppings de BH, Betim e Contagem, além da sala 2 do Belas Artes, nas versões dublada e legendada.
Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Alejandro González Iñárritu
Produção:
Anonymous Content / New Regency Pictures
Distribuição: Fox Films do Brasil
Duração: 2h36
Gêneros: Aventura / Drama
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 5 (0 a 5)
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