13 fevereiro 2016

"A Garota Dinamarquesa" é discreto e surpreendente, mas sem levantar polêmicas

Eddie Redmayne e Alicia Vikander estão impecáveis em suas atuações como o casal principal do drama (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Melhor ator. Atriz coadjuvante. Figurino. Direção de arte. Primeiro é preciso dizer que são adequadas e mais do que merecidas as indicações ao Oscar 2016 do filme "A Garota Dinamarquesa" ("The Danish Girl"), em cartaz no Belas Artes (17h e 21h30), Boulevard (18h40 e 21h), Pátio (12h45, 15h45, 18h45 e 21h30) e Ponteio (16h, 18h30 e 21h). As atuações convincentes e brilhantes, a ambientação impecável dos anos 1920 e uma história sui generis contada sem nenhuma intenção de causar polêmica colocam o longa de Tom Hooper no rol dos que vão ficar na memória.

O filme é baseado na história real do artista plástico dinamarquês Einar Wegener (Eddie Redmayne) que, contra tudo e todos, decide se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo para virar Lili Elbe. Muitos o consideram o primeiro transgênero de que se tem notícia. Casado com a também pintora Gerda Wegener (Alicia Vikander), Einar se descobre mulher aos poucos, enquanto posa para sua mulher, enquanto brinca de se vestir com roupas femininas. Devagar, o feminino vai tomando conta da sua identidade.

O que é preciso destacar, nessa produção conjunta de Reino Unido, EUA, Bélgica, Dinamarca e Alemanha, é o brilho de Eddie Redmayne e Alicia Vikander. Ele, por conseguir fazer uma transformação sutil e lenta, calcada em olhares, gestos, andares - e que já tinha feito com maestria ao viver o cientista Stephen Hawking em "A Teoria de Tudo".  Ela, por construir uma Gerda amorosa, apaixonada e, ao mesmo tempo, compreensiva e corajosa sem nenhum sinal de exagero.

"A Garota Dinamarquesa" é, acima de tudo, uma história de amor - no sentido mais profundo que essa palavra possa ter. Houve quem achasse o longa tímido demais, cuidadoso demais. Nada disso. É exatamente o cuidado que faz dele um trabalho especial e sem clichês. É tão bela e verdadeira a relação do casal enfrentando dores, preconceitos e a precariedade da ciência da época que, ao sair do cinema, cabe perguntar: Lili ou Gerda? Quem merece o título de garota dinamarquesa? Classificação: 14 anos




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12 fevereiro 2016

Com drama de jovem imigrante, "Brooklyn" concorre ao Oscar em três categorias

Jean Piter Miranda


Na década de 1950, a jovem Ellis Lacey (Saoirse Ronan) deixa sua terra natal, a Irlanda, para buscar uma vida melhor nos Estados Unidos. Mais precisamente no Brooklyn, distrito de Nova York, que dá nome ao filme. A realização do sonho tem o peso da saudade de casa, do sentimento de não pertencer àquele lugar, e de querer voltar pra casa. 

Mas, aos poucos as coisas vão mudando quando ela conhece e se apaixona pelo jovem Tony Fiorello (Emory Cohen), um bombeiro italiano. Logo, a moça fica dividida entre os dois países. 

A história é centrada em Ellis. Da vida simples no interior da Irlanda ao amadurecimento na América. Com poucas expectativas de dar uma vida melhor para a família, ela embarca em um navio rumo à Nova York, em sua primeira viagem para o exterior. Sozinha e cheia de inseguranças. Saiorse tem uma atuação encantadora do início ao fim, tanto nos momentos de drama quanto nas cenas românticas. Não por menos, pelo papel, foi indicada ao Globo de Ouro 2016 de Melhor Atriz de Drama e ao Oscar 2016 de Melhor Atriz.

As muitas mudanças na vida da moça irlandesa ditam o ritmo do filme. Viver longe da família, a qual era muito apegada, e dos amigos. Ter um novo emprego com mais responsabilidades. Lidar com a saudade e com a vontade de voltar. E ao mesmo tempo querer ficar e crescer na vida. 

Com o passar do tempo, conhecer gente nova, lugares novos, adotar hábitos diferentes, encontrar o primeiro amor... E no meio disso tudo, ter que decidir os rumos que irá seguir. Sem contar que em seu país, um novo amor - Jim Farrell (Domhnall Gleeson), pode balançar seu coração. São muitos ingredientes, todos usados na dose certa. 

Outro ponto alto do longa é a cenografia. A maior parte das cenas se passa em ambientes fechados, ou mostrando apenas uma pequena parte das cidades. As roupas, os carros, os costumes da época, tudo é muito acertado. Uma ambientação perfeita, com belas imagens, que dão mais brilho à história. Um filme que encanta pela simplicidade e briga, merecidamente, pelo Oscar de Melhor Filme. 

Adaptação

O filme é baseado no romance "Brooklyn", do escritor e jornalista irlandês Colm Tóibín. Ele é natural da cidade de Enniscorthy, onde passa parte da história. O diretor John Crowley também é da Irlanda. A bela protagonista Saiorse Ronan é americana filha de irlandeses. 

O longa tem como plano de fundo a chegada de muitos europeus em Nova York. A maioria irlandeses e italianos que ajudaram a construir a cidade. Mostra a dupla face do sonho americano: a terra das oportunidades e dos sonhos frustrados. É quase um pedido de desculpas aos imigrantes. E é quase uma homenagem. 




"Brooklin estreou nos cinemas nesta quinta-feira e pode ser conferido em sessões legendadas de cinco salas - 3 do Belas Artes (sessões 14h10 e 21 horas), 2 do Shopping Boulevard (17h10, 19h25 e 21h35), 2 do Diamond Mall (16 horas e 22 horas), 2 do Pátio Savassi (15h30, 18 horas e 20h45) e 3 do Net Cineart Ponteio (16h10, 18h40, 23h20).

Ficha técnica
Diretor: John Crowley 
Roteirista: Nick Hornby
Duração: 1h52
Produção: Wildgaze Films / Parallel Film Productions / Irish Film Board / Item 7
Distribuição: Fox Films do Brasil
Gêneros: Drama / Romance
País: Canadá, Inglaterra e Irlanda
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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