24 março 2016

"Batman vs Superman - A Origem da Justiça" tem muito marketing e ação mas história fica a dever

Filme apresenta os dois maiores super-heróis da DC Comics numa batalha arrasa-quarteirão (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Seguindo uma linha muito parecida com a dos filmes do Homem Morcego, "Transformers" e "Vingadores", "Batman vs Superman - A Origem da Justiça" ("Batman vs Superman: Dawn Of Justice") chega aos cinemas no estilo arrasa-quarteirão, tanto de destruição quanto de locais de exibição - 48 salas de 19 shoppings de Belo Horizonte, Betim e Contagem. E logo no início tiros, bombas, explosões, prédios desabando, ataque alienígena e a cena mais que exibida no comercial do Jeep Renegade dominam a tela do cinema. Por sinal, recomendo a versão IMAX que dá mais impacto.

E tudo isso só para apresentar Superman (novamente interpretado pelo bonito mas insosso Henry Cavill) e o mocinho Bruce Wayne (vivido pelo sempre belo e agora envelhecido Ben Affleck) antes de se conhecerem e se tornarem inimigos. A sequência de cenas é de uma destruição quase total da cidade de Metrópolis, relembrando a luta do Homem de Aço contra seu inimigo kryptoniano Zod.


Batman está mais sisudo, amargo e vingativo que em "O Cavaleiro das Trevas" e a sequência "O Cavaleiro das Trevas Ressurge", ambos interpretados por Christian Bale. Affleck, apesar da carinha de "filho criado por vó", ficou bem com aparência de homem mais maduro e mostrando seu lado frio e impiedoso, que bate muuuuuuuuito nos inimigos. Ele escolheu ser um fora da lei em busca de Justiça e, com certeza, é o destaque do filme. Para descontar sua raiva do mundo escolheu Superman como alvo, a quem ele culpa por todo o estrago feito durante sua batalha contra Zod (Michael Shannon).

O Homem de Aço continua o bom moço, sempre presente para salvar as pessoas e, principalmente sua amada Lois Lane (Amy Adams, num papel fraco para seu potencial). Nem que para isso precise derrubar prédios e causar pânico geral. Henry Cavill não está muito diferente do personagem feito por ele no primeiro filme. Com a mesma cara inerte de "Homem de Aço" (2013) e "O Agente da U.N.C.L.E." (2015). Rindo ou fazendo sexo com Lois, a falta de expressão é a mesma. Muito bonito mas seu personagem só ganha força quando resolver deixar a versão Clark Kent mosca morta e partir "para o pau".  Mesmo assim, apesar dos superpoderes, ele é o que mais apanha no filme (e como apanha!).

Assim como Batman, ele também carrega seus fantasmas e a mágoa por ser acusado da destruição de sua cidade no passado. Duas figuras opostas, dois heróis com posturas diferentes mas com o mesmo objetivo - acabar com a criminalidade em suas cidades e salvar a raça humana. Em meio à luta contra o crime era certo que os dois se enfrentassem uma hora. E a batalha é eletrizante, sobram efeitos especiais e porrada. Uma luta entre o deus extraterrestre e o homem com sua armadura quase robótica que muda as características do personagem.

Enquanto eles brigam, o verdadeiro vilão - Lex Luthor (Jesse Eisenberg, de "American Ultra") - dá um chapéu em todo mundo e corre por fora, provocando caos e destruição por onde passa. Em "Batman vs Superman" ele é um vilão no estilo "motorzinho de dentista", que inferniza os heróis e faz o possível para acirrar o ódio entre eles. O ator adotou uma aparência diferente para o gênio do mal - falante demais, com roupas despojadas, mas que ficou aquém do que se esperava para o pior inimigo do Homem de Aço, que no passado foi interpretado por Gene Hackman em "Superman 1, 2 e 4". Apesar de caricaturado às vezes, ele dá conta do recado. Eisenberg é jovem demais, no entanto para o papel, uma vez que ele e Superman teriam a mesma idade terráquea.

Os fãs que me perdoem, mas a israelense Gal Gadot, apesar dos muitos elogios sobre sua escolha como Diane Prince/Mulher-Maravilha não me convenceu ainda. Uma morena muito bonita, com corpão que vai fazer a alegria do público masculino e que despontou na franquia "Velozes e Furiosos". Mas nem por isso ela tem o carisma e o brilho que a personagem exigia para a primeira aparição entre os super-heróis, antes do lançamento de seu filme, previsto para junho de 2017. Isso se não for comparada com a simpática atriz americana Lynda Carter, que fez o papel da heroína amazona no seriado de TV Mulher-Maravilha, entre 1976 e 1979.

No elenco estão ainda Diane Lane (Martha Kent, mãe e Clark), Laurence Fishburne (Perry White), Jeremy Irons (mordomo Alfred), Holly Hunter (senadora Finch) e uma aparição rápida de Kevin Costner, como Jonathan Kent, pai de Clark. "Batman vs Superman - A Origem da Justiça" é um ótimo filme para quem quer ver muita ação com super-heróis da DC Comics. E abre caminho para as próximas produções da Warner já em andamento, como Liga da Justiça - Parte 1, que trará outros integrantes do grupo citados neste filme como Aquaman (Jason Momoa), Cyborg (Ray Fisher) e Flash (Ezra Miller).

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O filme tem de tudo um pouco - muita ação, excelentes efeitos especiais e pirotécnicos, drama, romance, pancadaria, tiros explosões e, claro, atitudes heroicas do início ao fim. E para colocar tudo em 2h32 de duração, o diretor Zack Snyder, quase um discípulo de Michael Bay, monta uma verdadeira colcha de retalhos, com muita ação para explicar a escassez de diálogos, cenas em excesso de sonhos e imagens do passado que se confundem com as do presente. Mas isso não é o suficiente para tirar o interesse. Vale a pena conferir. "Batman vs Superman" está em exibição nas versões dublada e legendada, em formatos 2D, 3D e IMAX.



Ficha técnica:
Direção: Zack Snyder
Produção: Warner Bros. Pictures / DC Entertainment / Syncopy / Dune Entertainment 
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h32
Gênero: Ação
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

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19 março 2016

"Ressurreição" não é produção grandiosa, mas abordagem diferente agrada

"Ressurreição" traz uma visão diferente para um tema diversas vezes explorado pelo cinema (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Como em todos os anos, assim como no Natal e nas férias escolares, dois filmes vão estar nas telas de cinema nesta Semana Santa para o público que quiser conferir duas fases da vida de Jesus Cristo. O primeiro, "Ressurreição", já está em cartaz, e o segundo "O Jovem Messias", sobre os primeiros dez anos da vida do Salvador, estreia na próxima quinta-feira e falarei deles na semana que vem. Apesar de ser uma produção norte-americana, o elenco é quase todo formado por atores de outras nacionalidades, principalmente britânicos.

Sobre "Ressurreição" ("Risen"), o filme conta no papel principal com o ator britânico Joseph Fiennes ("Hércules") interpretando Clavius, tribuno de Pilatos e comandante das tropas romanas na Jerusalém ocupada. O enredo segue um rumo diferente de outras histórias sobre o mesmo tema contadas no cinema. Ela é mostrada pelo ponto de vista de Clavius, responsável pela crucificação de Yeshua (Jesus) e que precisará impedir um levante na região após boatos de que ele seria o Messias, Filho de Deus, e irá ressuscitar ao terceiro dia.

Cético quanto a milagres e salvadores, o tribuno segue sem questionar todas as ordens de Pôncio Pilatos e coloca vigilância em frente à tumba onde o corpo foi depositado. Mas após o terceiro dia o corpo desaparece e começa daí uma perseguição implacável aos seguidores de Jesus que o teriam escondido para proclamarem a ressurreição. O contato do soldado romano com aquele a quem mandou matar e a sua busca pela verdade vão mudar completamente sua vida.

Interpretando Jesus está o ator neozelandês Cliff Curtis ("Os Últimos Cavaleiros"), cuja semelhança com a imagem original é surpreendente e agrada bem. Já Maria Madalena é vivida pela espanhola Maria Botto ("Falando Grego") e os também britânicos Peter Firth ("Pearl Harbor") no papel de Pilatos, e Tom Felton (saga "Harry Potter"), como o centurião Lucius.

Nem mesmo os poucos recursos empregados, cenários, fotografia e o restante do elenco medianos tiram o valor da produção. "Ressurreição" cumpre bem a proposta e dá outra cara a esta passagem da Bíblia. Não é um filme totalmente religioso e cheio de mensagens dogmáticas como a versão de "Os Dez Mandamentos", da Record, e pode agradar ao público em geral. Um diferencial interessante é o fato de os nomes dos personagens estarem em seu idioma original, como é o caso de Jesus (no hebraico Yeshua).

"Ressurreição" vale a pena ser conferido, tanto pela época religiosa em que está sendo exibido quanto pela lição de fé que é passada ao mostrar um Jesus carismático, que conversa com seus apóstolos e seguidores. O filme pode ser conferido em 17 salas de shoppings de BH, Betim e Contagem, nas versões dublada e legendada.

Curiosidade

A história de "Ressurreição" lembra um pouco a do inesquecível clássico "O Manto Sagrado" ("The Robe", de 1953), da 20th Century Fox, dirigida por Henry Koster. Claro que sem a grandiosidade da produção passada. Integravam o elenco Richard Burton, como o tribuno Marcellus Gallio, e Victor Mature, como Demétrius, seu acompanhante. Neste filme, Marcellus é encarregado de crucificar Jesus e acaba ficando com o manto dele. Mas o entrega a Demétrius, que se torna um seguidor do Messias, enquanto o tribuno, após usar a vestimenta, passa a ter visões e a questionar sua fidelidade ao Império Romano. Para quem não viu e gosta do gênero, uma grande pedida.




Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kevin Reynolds
Produção: Columbia Pictures /  LD Entertainment
Duração: 1h48
Distribuição: Sony Pictures
Gêneros: Drama / Bíblico
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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