02 abril 2016

''Zoom' é uma história dentro de uma animação dentro de uma história

Maristela Bretas


Estou até agora sem entender o que o diretor Paulo Morelli quis mostrar com o filme "Zoom", em cartaz nos cinemas. Com um elenco que reúne atores internacionais, inclusive as brasileiras Mariana Ximenes e Cláudia Ohana, o filme é uma mistura de história, dentro de outra história, dentro de outra história. E no final, você sai do cinema sem saber o que era falso e o que era verdadeiro.


 Ao mesmo tempo em que explora o desejo do corpo perfeito, usando a simplória desenhista de quadrinhos Emma (papel de Alison Pill), o diretor critica esta busca pela perfeição, tentando mostrar que o belo também tem inteligência. É o caso de Mariana Ximenez, que interpreta uma modelo internacional, que passa o filme tentando escrever um livro e provar que tem cérebro, além de um rosto bonito. 

O roteiro de Matt Hansen entrelaça três histórias aparentemente distintas, mas interligadas, sobre uma desenhista de quadrinhos, uma modelo que quer ser romancista e um diretor de cinema. Emma trabalha em uma fábrica de bonecas sexuais e nas horas vagas desenha uma história em quadrinhos que conta a trajetória de Edward (Gael García Bernal), um diretor de cinema arrogante e com um segredo debilitante sobre sua anatomia que está tentando fazer um filme cabeça para fugir de suas tradicionais produções de ação.


Na produção, Edward apresenta Michelle (Mariana Ximenes), uma aspirante a escritora que foge para o Brasil e abandona sua antiga vida como modelo e seu namorado Dale (Jason Priestley). Por fim, Michelle narra em seu primeiro livro a história da desenhista Emma. As histórias dos três personagens e dos coadjuvantes ligados a eles vão se misturando e dando um nó no seu cérebro à medida que o filme vai correndo. Quando finalmente as histórias parecem que vão ter uma explicação, elas acabam juntas e deixam um vazio frustrante.

Produzido pela O2 Filmes e pela canadense Rhombus Media, “Zoom” tem ainda no elenco os atores Claudia Ohana, Don McKellar, Tyler Labine e Jennifer Irwin. Ohana tem participação pouco explorada e não muda o visual. Ela faz a dona de uma pousada num vilarejo não identificado que "teoricamente" fica no Estado do Rio. Acrescenta pouco, mas compõe um papel não muito diferente de outros que já interpretou em produções nacionais. 

Os recursos usados por Morelli são limitados e na cena em que Ximenez está tentando pegar seu livro enquanto cai, dá para ver os fios segurando a atriz. Ela também não passa firmeza ao personagem, que seria digno de uma história em quadrinhos como a escrita por Emma. Não posso dar mais detalhes para não virar spoiler.

A ideia de "Zoom" de inserir animação numa história dentro de outra história é bem interessante e diferente de outras produções do gênero e acaba ocupando um bom tempo do filme. Mas Morelli parece que se perdeu entre um quadrinho e outro.

“Zoom” foi exibido em diversos festivais, como o Festival Internacional de Toronto, Festival do Rio, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Ithaca Internacional Fantastic Film (Nova York), Festival de Guadalajara, entre outros. Em BH ele está sendo exibido em versão legendada nas salas 2 do Belas Artes (sessões às 17 horas e 21h30); 1 do Boulevard Shopping (16h30 e 21h10); 2 (16h30 e 21h45) e 3 (13h35) do Diamond Mall e 1 (13 horas) e 2 (11h15, 16h45 e 22h15) do Pátio Savassi. 

Aplicativo do filme

Como parte da campanha de divulgação o filme “Zoom” ganhou o aplicativo ZoomYourself, criado pela empresa Dona Aranha, de Marcelo Tas, e pelo Outras Telas, núcleo de inovação da O2 Filmes. Ele é gratuito e pode ser acessado na página oficial do filme: www.facebook.com/zoomofilme. ZoomYourself é inspirado pela estética do longa-metragem Zoom e faz referência à personagem Emma (Alison Pill). Ele seleciona o melhor amigo do usuário no Facebook (a pessoa com quem o usuário mais interage) e cria uma animação exclusiva para ele, em que o próprio usuário o desenha. 

O desenho é feito tendo como base a foto do perfil. Após ficar pronto, é gerado um gif que pode ser compartilhado no Facebook. Além disso, o aplicativo analisa a personalidade do usuário com base em suas postagens e registra esta leitura.



Ficha técnica:
Direção e história: Pedro Morelli
Produção: Rhombus Media e O2 Filmes
Distribuição: Paris Filmes, Downtown Filmes e O2 Play
Duração: 1h36
Gênero: Comédia / Drama / Animação
Países: Brasil / Canadá
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #zoomofilme, #PauloMorelli, #MarianaXimenes, #AlisonPill, #Gael García Bernal, #JasonPriestley, #drama, #comedia, #animação, #O2Filmes, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho, #TudoBH

27 março 2016

Produção fraca de "Jovem Messias" é focada no jovem Jesus, com mensagem bíblica

Filme religioso  tem poucos recursos e explora apenas o lado religioso (Fotos Paris Films/Divulgação)

Maristela Bretas


Ao contrário de "Ressurreição", também lançado para a Semana Santa, "O Jovem Messias" ("The Young Messiah") aborda a história de Jesus menino (interpretado pelo jovem ator mirim britânico Adam Greaves-Neal, de "Sherlock" - 2012), que vive com os pais Maria (Sara Lazzaro) e José (Vincent Walsh), tios e primos. Mas Jesus não é uma criança comum e sofre com os outros garotos da vizinhança de Alexandria, no Egito, onde vivia com a família.

Aos poucos ele começa a questionar os pais sobre seu poder de curar as pessoas, o que acaba trazendo problemas para o grupo que precisa fugir novamente. Eles seguem para Nazaré, de onde fugiram quando Jesus nasceu para impedir que fosse morto pelo rei Herodes. Os pais tentam de todas as formas de evitar que Jesus saiba quem ele realmente é a que veio ao mundo, mas a cada fato isso vai se tornando mais difícil.

A história mostra a peregrinação da família de José e os primeiros milagres de Jesus ainda menino que começam a se espalhar por Jerusalém e chegam aos ouvidos do filho de Herodes. A ordem é mandar matar este menino e o responsável por isso é o centurião Severus (interpretado pelo ótimo ator também britânico Sean Bean, de "Perdido em Marte" - 2015). Na caçada a Jesus, o centurião presencia os milagres da criança e começa a questionar sua fidelidade ao imperador. Assim como aconteceu com o tribuno Clavius, em "Ressurreição". 

Religioso, sem grandes recursos e sem muita preocupação com detalhes de época, "O Jovem Messias" é uma produção que não acrescenta e nem deixa marcas. Apenas uma narração de um período com abordagem religiosa e ideal para a catequese de crianças desta idade que queiram saber um pouco sobre a infância de Jesus. Exceto pelo ótimo trabalho de Sean Bean, que salva o filme cada vez que aparece. De resto, fatos criados fora das escrituras para justificarem a história.

Na versão dublada para o português, a escolha das vozes para Maria e José ficou para os atores Mel Lisboa e Sérgio Marone, que estão se especializando em filmes bíblicos após suas participações na produção da Record, "Os Dez Mandamentos" (2015). Esta inclusive foi a primeira vez de Marrone como dublador. "O Jovem Messias" está em cartaz em 17 salas de 14 shoppings de Belo Horizonte, Betim e Contagem, nas versões dubladas e legendadas.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Cyrus Nowrasteh
Produção: 1492 Pictures / Ocean Blue Entertainment / Focus Features
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h51
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #ojovemmessias, #Jesus, #AdamGreaves-Neal, #SeanBean, #CyrusNowrasteh, #Jerusalem, #Nazaré, #Herodes, #VincentWalsh, #José, #SaraLazzaro, #Maria, #SergioMarone, #MelLisboa, #drama, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho, #TudoBH