27 julho 2016

A Incrível Jornada de uma vaca pelas mídias sociais

Fatah e sua vaca Jacqueline farão uma viagem que irá mudar suas vidas (Fotos: Jean-Claude Lother/Divulgação)

Maristela Bretas


Um filme sensível, com personagens simples para uma história com efeitos visuais dando lugar aos emocionais e cômicos sobre uma dupla diferente - um fazendeiro e sua vaca de estimação. Mas Jacqueline não é um animal. Para Fatah, seu dono, ela é mais que uma amiga e companheira. Ela é seu sonho. E apesar de ela ser o motivo do título em francês para o filme - "La Vache" - e de toda a jornada, a grande estrela é Fatah (interpretado pelo ator franco-argelino Fatsah Bouyahmed, da série de TV "Homeland").

Em busca de seu sonho de levar Jacqueline À Feira de Agropecuária de Paris, ele é capaz de suportar as críticas e chacotas de amigos, parentes e rivais, a ira da mulher e a desconfiança daqueles que o consideram um louco, que trata o animal como sua quase amante. No entanto, a história de "A Incrível Jornada de Jacqueline" o enredo vai mostrando o contrário durante o trajeto da dupla desde a viagem de navio da Argélia até Marselha, na França e de lá a pé até Paris.

O simplório fazendeiro argelino, com sua ingenuidade, vai se deparar com um mundo completamente diferente do seu -  da cidade grande, agitada e habitada por pessoas que só têm olhos para as telas de seus smartphones. Mas basta um estranho puxando uma vaca leiteira por uma corda aparecer pelas ruas para chamar a atenção destas mesmas pessoas, que passam a cumprimentá-lo e quererem saber mais de sua vida e de sua viagem. E Fatah não entende bem esse mundo das redes sociais que arrasta milhões de seguidores, apesar de sua vila já conviver com a telefonia celular e o Skype.

E compreende menos ainda como se tornou o centro das atenções das TVS, jornais e internet. Ele e Jacqueline se transformam no viral do momento e até uma simples frase dita numa situação delicada vira meme - " A culpa é da pera". É muita coisa para ele aprender e entender em tão pouco tempo de viagem. Mas também não importa para o simples fazendeiro. O que ele gosta é de uma boa conversa e ao longo da jornada vai fazendo novos amigos e ganhando admiradores com seu jeito simples e engraçado de ver a vida.

E são outros dois integrantes do elenco que irão ajuda Fatah e Jacqueline a chegarem a seu destino -  o conde Philippe (Lambert Wilson) e Hassan, cunhado de Fatah (interpretado por Jamel Debbouze, também um dos diretores da produção). Os diálogos brincam, sem ofender, com os costumes e situações dos dois mundos de Fatah. Como na cena da reunião dos líderes da vila, quase todos com o nome de Mohamed e ninguém se confunde.

A comédia "A Incrível Jornada de Jacqueline" vale a pena ser visto, descompromissado e que deixa a gente leve quando sai do cinema, graças à simplicidade da história e de seus personagens. Com distribuição da Paris Filmes, o filme estreia nesta quinta-feira nos cinemas de BH.

Ficha técnica:
Direção e roteiro: Mohamed Hamidi
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h32
Gênero: Comédia
País: França
Classificação: 10 anos
Nota: 3 (0 a 5)



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21 julho 2016

"A Lenda de Tarzan" - as estrelas são os efeitos digitais

Alexander Skarsgard é Tarzan, o homem macaco que volta à selva para salvar seus amigos (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Conhecido e reproduzido em revistas, livros, cinema e TV ao longo de mais de 80 anos, o famoso homem macaco criado pelo escritor Edgar Rice Burroughs ganha nova versão recheada de efeitos visuais. "A Lenda de Tarzan" ("The Legend of Tarzan") que estreia nesta quinta-feira nos cinemas de BH é filme para agradar aos fãs do personagem e conquistar boa bilheteria pelo mundo. 


A nova superprodução da Warner Bros. Pictures traz Alexander Skarsgard no papel principal, ao lado de Margot Robbie como sua companheira Jane. No elenco, para quebrar o clima romântico, Samuel L. Jackson faz a parte engraçada, enquanto Christoph Waltz interpreta novamente o papel do vilão (pegou gosto pelo estilo, pelo visto).

Mas as grandes estrelas são os animais, mesmo que produzidos em computador. As cenas com os leões, gorilas e estouros de manadas são excelentes e já valem pelo filme. O grito do Tarzan pode ter ficado mais fraco (a gente sempre espera ouvir a voz de Johnny Weismüller), mas o rugido dos gorilas chega a dar medo. Palmas para a equipe de efeitos especiais que criou os gigantescos primatas.


O diretor David Yates não economizou ação, voos de cipó e lutas entre Tarzan e os gorilas (mesmo que digitalizados), assim como nas batalhas, que mais parecem filmes épicos. Se a história não foge muito da obra original, o avanço tecnológico em "A Lenda de Tarzan" fez toda a diferença. Tarzan divide seu tempo entre um passeio aéreo pela floresta e o amor por Jane, sua fiel companheira, papel que Margot Robbie soube garantir. Skarsgard e Robbie estão bem entrosados e mostram que Tarzan e Jane têm uma relação de cumplicidade muito forte. 

Alexander também está muito bem no papel (e põe bem nisso, com um físico invejável), passando simpatia ao público apesar do semblante sempre sério, até mesmo nas cenas românticas e no reencontro com velhos amigos. Ele vive um homem perdido entre mundos opostos - o lorde inglês Clayton Greystoke que não consegue esquecer o selvagem Tarzan das florestas, cujo passado é mostrado em flashbacks. Pena que no lugar de um dublê pulando de um lado para outro num cipó temos uma versão digitalizada do ator.

Christoph Waltz é o capitão Rom, um vilão irônico, sarcástico e almofadinha, que veste terno branco para andar na selva. Ele é o braço direito do rei da Bélgica, que domina boa parte da África, principalmente o Congo, cuja maior riqueza são os diamantes. Sem escrúpulos, Rom trama a captura de Tarzan, defensor dos nativos e da selva. Faltou mais maldade ao personagem, como o papel exigia, o que não aconteceu por causa da classificação do filme para 12 anos. Mas Waltz convence.

Já o soldado dos EUA, George Washington Williams, papel de Samuel L. Jackson e a garantia dos momentos divertidos do filme. Como sempre, o ator está impecável, tentando acompanhar Tarzan na aventura pela selva.

Reprodução
Muitas versões

Em todos estes anos foram feitas inúmeras versões de Tarzan, desde filmes a animações infantis. O intérprete mais famoso do personagem no cinema foi o ator Johnny Weismüller (foto ao lado), a partir de 1932. Muitos outros vieram depois, como Gordon Scott (um pouquinho mais cheinho, mas bom de serviço) e Christopher Lambert ("Greystoke - A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva" - 1984). O meu preferido foi Ron Ely (o mais bonito e simpático de todos), que marcou a história do herói no seriado de TV que foi ao ar de 1966 a 1968.

Em todos esses anos, a trajetória de Tarzan foi ganhando mais e mais recursos, acompanhando os avanços tecnológicos até chegar a esta grande produção, sem nunca perder seus fãs. Até mesmo quem não conhece a história do homem macaco vai poder entender bem tudo o que aconteceu com ele, como se tornou o rei da selva, como conheceu Jane, seus inimigos e amigos.


"A Lenda de Tarzan" é um filme com meio, começo e fim, exatamente nesta ordem. Passado na década de 30, ele se inicia com o personagem agora lorde britânico, morando no castelo da família em Londres ao lado de Jane. Ele aceita o convite do parlamento britânico para uma missão no Congo junto com Jane e o soldado Williams onde estaria nativos estariam sendo capturados para trabalho escravo. Mas o que Tarzan não sabe é que o capitão Rom (Waltz) trama aprisioná-lo e entregá-lo a seu maior inimigo, chefe Mbonga (Djimon Hounsou) em troca dos diamantes da região.

O filme é muito bom, vale inclusive até mesmo o ingresso para as salas 3D por causa dos efeitos visuais. "A Lenda de Tarzan" está em cartaz também em formato 2D nas versões dublada e legendada, e pode ser visto em 35 salas de 19 shoppings de BH, Betim e Contagem.



Ficha técnica:
Direção e produção: David Yates
Produção: Village Roadshow Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h50
Gêneros: Aventura / Ação
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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