Comédia romântica recria a sétima arte dos anos de 1930 com charme, requinte e olhar crítico (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
Alguém já disse que o pior filme de Woody Allen ainda é melhor do que muitos melhores filmes de outros diretores. Não é esse o caso de “Café Society”, até porque não se trata de um filme ruim. Não é o melhor – se compararmos com obras-primas como “Meia-Noite em Paris”, “Match Point”, “Noivo Neurótico, Noiva nervosa”, “Vicky Cristina Barcelona” e outros. Ainda que não seja o melhor, é um longa que chama a atenção - se não pelo argumento – mais pela condução da trama, no mais puro estilo do diretor, deixando o público na expectativa do final.
Trama não é exatamente o termo. “Café Society” não envolve tanto pela história, um triângulo amoroso comum como tantos outros da literatura e da cinematografia. O que encanta no longa é a forma como as coisas acontecem e, principalmente, o ambiente onde tudo acontece. O grande trunfo da obra é ser uma homenagem sui generis ao cinemão de Hollywood com todas as suas nuances de charme, hipocrisia, luxo, beleza e – acreditem - violência.
Bobby (Jesse Eisenberg) é um jovem judeu que se muda de Nova York para Los Angeles em busca de trabalho e oportunidades, já que nutre alguma esperança de escrever. E não é por acaso que escolhe Los Angeles. Seu tio Phil Stern (Steve Carell) é um influente produtor de cinema, vive numa das mansões da cidade, tem intimidade com as celebridades e adora festas e famosos.
Claro que Bobby, a princípio tímido, mas no fundo sedutor, apaixona-se por Vonnie, interpretada por Kristen Stewart, lindíssima no filme. Ela é secretária do tio Phil e, como o esperado, não é o que parece: uma mocinha simples, sincera e sem ambições. Vonnie também tem seus segredos.
A porção violência do filme fica por conta do irmão gângster de Bobby, Ben (Corey Stoll) que resolve tudo à sua maneira e, de certa forma, é o responsável pela virada do protagonista na história. Como a família é judia – e Woody Allen sabe o que isso significa – há brilhantes diálogos no filme sobre judaísmo e religiões, uma crítica mais do que atual ao que o mundo vem assistindo em termos de violência em nome de um Deus.
Mas a grande sacada de “Café Society”, o que o diferencia, é o ambiente, o clima. Passado nos anos de 1930, o filme tem figurinos primorosos e requintados, trilha sonora rica recheada de bom jazz – como tudo que Allen faz – e uma recriação de época impecável. No fundo, o diretor, que narra a história em 'off', faz mais do que uma grande homenagem – é na verdade uma declaração de amor - ao cinema. Imperdível!
Com tem 1h36 de duração, a comédia dramática está em exibição nas salas 2 do Belas Artes (sessões 14h30, 16h40, 19h e 21h), 2 do Diamond Mall (13h, 15h30, 18h e 20h30), 7 do Pátio Savassi (13h30, 16h, 18h15 e 20h30) e 4 do Net Cineart Ponteio (15h30, 17h30, 19h30 e 21h30). Classificação: 14 anos
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