25 setembro 2016

"Cegonhas" é engraçado como a ave e fofinho como um bebê

Animação é imperdível, traz uma mensagem sobre família e as coisas importantes da vida (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Sem vergonha de admitir, ri do início ao fim. E acredito que o mesmo vai acontecer com outras mães, tanto as de primeira viagem quanto aquelas com filhos maiores que assistirem "Cegonhas – A História Que Não Te Contaram" ("Storks"). A animação aborda os pontos mais comuns da maternidade, tanto para o pai quanto para a mãe, mas de forma extremamente divertida (e real). E, de quebra, mostra como as pessoas estão optando por ter poucos filhos e, mesmo assim, ainda passam pouco tempo com eles. A cegonha, esta famosa ave que sempre esteve associada a bebês, perde sua função e se torna uma transportadora rápida - quase um Sedex 10.

Os diálogos das aves e dos lobos são os mais engraçados e exploram situações que muitas mães e casais já passaram, principalmente com o primeiro filho, como a manha pedindo por colo, a mamadeira da madrugada, a briga para comer a papinha, as trocas de fraldas e as noites mal dormidas. Isso sem contar o comportamento das pessoas que muda da água para o vinho quando veem um bebê "fofiiiiiiinho". Todo mundo fica meio abobalhado.

Os bebês são o centro das atenções de toda a história, mas a cegonha Junior (dublado em português pelo ator Klebber Toledo), entregadora da companhia é muito divertido. Preso a regras e convenções que proíbem as cegonhas de voltarem às antigas entregas, ele se vê numa situação complicada quando um recém-nascido sai da máquina de fazer bebês. A culpa é da amiga Tulipa (voz de Tess Amorim), uma jovem muito doida que foi criada pelas cegonhas quando uma delas não achou o endereço onde ela deveria ser deixada.

Destaque também para a matilha de lobos, aqueles animais ferozes, cruéis e sanguinários, que se transformam por completo quando o bebê sorri. Tem também o pombo Luke (voz de Marco Luque), um dedo-duro que quer ser o novo chefe da empresa de qualquer forma. Já os pinguins perdem a graça, deixam de ser bichinhos carinhos e se tornam "do mal". Valem apenas pela luta com Junior e Tulipa.


"Cegonhas – A História Que Não Te Contaram" é uma animação de família para família, que diverte adultos e crianças, com uma linda mensagem sobre a importância dos pais passarem mais tempos com seus filhos. Reforça também o conceito de que é possível conviver com as diferenças, ao formar uma família muito improvável de uma ave, uma menina e uma bebê. E alfineta de leve as relações de trabalho que exigem medidas drásticas como a demissão daqueles considerados improdutivos ou que não seguem as regras.

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A animação começa com a troca de funções: cansadas de carregarem bebês por todos os cantos do mundo, as cegonhas agora transportam pacotes para a gigante global da internet - a Cornerstore. com (Lojadaesquina.com.). Junior é o melhor entregador da empresa e está prestes a ser promovido.

Mas acidentalmente a jovem Tulipa aciona a Máquina de Bebês em seu turno, produzindo uma adorável e totalmente não autorizada bebê. Enquanto isso, na terra dos humanos, um garotinho Nando pede um irmãozinho aos pais sempre ocupados, para que possa ter com quem brincar.


Desesperado para entregar aos pais esse "presentinho de grego", antes que o chefe Hunter descubra, Junior e Tulipa, único humano criado na Montanha das Cegonhas, partem para sua primeira entrega de bebês em uma jornada selvagem e reveladora, que poderá iniciar uma família e também restaurar a verdadeira missão das cegonhas no mundo.

"Cegonhas – A História que Não Te Contaram" apresenta as novas canções originais “Kiss the Sky”, interpretada por Jason Derulo,e “Holdin' Out”, da banda The Lumineers. A animação é imperdível e está em cartaz nos cinemas de BH, Betim e Contagem, nos formatos 2D e 3D, em versões dublada e legendada.



Ficha técnica:
Direção: Nicholas Stoller (também roteirista e produtor) e Doug Sweetland
Produção: Warner Bros. Animation / Stoller Global Solutions
Distribuição: Warner Bros Pictures
Duração: 1h29
Gêneros: Animação / Comédia / Família
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 5 (0 a 5)

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23 setembro 2016

"Viva a França!" particulariza o desencontro de pai e filho e humaniza a guerra

Filme conta o êxodo de milhares de franceses durante a Segunda Guerra Mundial (Fotos: Jean-Claude Lother/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Difícil compreender por que traduziram "En mai, fais ce qu'il te plaît" - algo como "Em maio, faça o que quiser" - como "Viva a França!" Por mais licença poética que seja permitida nas versões de títulos de filmes, é preciso muita subjetividade para entender o ufanismo do nome. E muita força de vontade para justificar a sutileza e o motivo que levaram um filme de êxodo a se chamar assim.

Hans (August Diehl) é um alemão revolucionário e oposicionista a Hitler, que foge para a França com o filho Max (Joshio Marlon). Em Pas-de-Calais, ele se passa por belga e vai trabalhar de camponês com o prefeito Paul (Olivier Gourmet) que, diante da chegada iminente dos alemães, está liderando o êxodo dos moradores em direção ao sul, a exemplo de outras tantas vilas e povoados. Ao longo da trama, impulsionado por ataques dos alemães, Hans acaba formando um trio improvável com um soldado escocês e um cidadão francês que se recusa a abandonar sua casa com sua preciosa adega.

A história não é pura ficção e foi baseada em depoimentos de quem viveu a fuga. Em maio de 1940, cerca de 8.000 franceses deixaram suas cidades e vilas rurais tentando escapar da ocupação nazista e vagaram como andarilhos errantes pelas estradas e campos do país. Os horrores da guerra sempre foram um fértil pano de fundo para boas histórias. Em "Viva a França!" não é diferente. O drama particular de um pai que se perde do filho de oito anos num desses caminhos é o que comove e prende no filme. Embalada pela bela trilha do estrelíssimo Ennio Morricone, a história enternece, emociona e faz chorar.

Houve quem achasse "Viva a França!" repleto de clichês. Nem tanto. Por obra e graça do diretor (e roteirista) Christian Carion, há um equilíbrio convincente entre o universo macro da guerra - com seus bombardeios, aviões e batalhas - e o micro - a desesperança dos andarilhos, o desencontro de pai e filho. É nesse balanço que o longa se faz, senão imperdível, pelo menos necessário, correto. E muito, muito comovente!



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