15 outubro 2016

Jason Statham repete o estilo ação com tiro, porrada e bomba em filme fraco

"Assassino a Preço Fixo 2 - A Ressurreição" é cheio de clichês e cenas absurdas amenizadas por belas paisagens (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Fica a dúvida se Jason Statham não se cansa em interpretar o mesmo tipo de personagem, mesmo quando ele é o vilão. De pouca fala e sorrisos escassos, ele é aquele que bate muito e apanha às vezes, mata seus alvos como se estivesse comprando cigarro na esquina, tem pontaria certeira mas quase nunca é atingido pelas balas do inimigo e ainda "pega" belas mocinhas. Pensando bem, vida de superagente, mas sem a elegância e o charme de James Bond.

Isso importa pouco. Afinal, Statham tem um público fiel que vai ao cinema para ver exatamente tiro, porrada e bomba. E ele entrega o que é esperado em "Assassino a Preço Fixo 2 - A Ressurreição" ("Mechanic: Resurrection"). Esta continuação  da produção de 2011 tem mocinho assassino, vilão assassino, mocinha ex-agente, bandido quase bonzinho e final esperado. Nada de novo mas ninguém vai poder reclamar de pouca ação. Tem de sobra, do início ao fim.

Mas o filme é mais fraco que o primeiro, cheio de clichês e cenas absurdas, que são amenizadas, algumas vezes, pelas belas paisagens onde foi rodado - do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, a uma praia paradisíaca na Tailândia. Além de Jason Statham, o elenco principal conta ainda com Jessica Alba como a mocinha, Tommy Lee Jones, fazendo Max Adams, o chefão de uma quadrilha com visual que não tem nada a ver com ele e Sam Hazeldin como o vilão pouco convincente Riah Crain.

"Assassino a Preço Fixo 2 - A Ressurreição" tem início no Rio de Janeiro (com belas imagens de Copacabana e do Pão de Açúcar), onde Arthur Bishop (Statham) vive escondido há cinco meses. Mas o matador é descoberto por Riah Crain, um velho conhecido da época em que viveu no orfanato. Ele envia seus homens atrás de Bishop para convencê-lo a retornar à vida de assassino. Crain quer que ele elimine três pessoas que atrapalham bastante seus negócios. E exige que as mortes pareçam ser acidentais.

Bishop não aceita e consegue escapar dos capangas de Crain. Ele se esconde na Tailândia, onde conhece Gina (Jessica Alba), uma ex-agente que dá aulas para crianças cambojanas. Mas é novamente descoberto e Gina levada pelos bandidos, Agora Bishop tem apenas 36 horas para eliminar em vários pontos da terra os três alvos e salvar a mocinha. Produção para quem gosta muito dos filmes de Statham.




Ficha técnica:
Direção: Dennis Gansel
Produção: Millennium Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h39
Gênero: Ação
Países: França / EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #assassinoaprecofixo2, #Mechanic, #JasonStatham, #JessicaAlba, #TommyLeeJones, #ação, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho

11 outubro 2016

"Kóblic" traz mensagem atemporal

Filme conta o ótimo ator Ricardo Darín como um piloto das forças armadas argentinas no período da ditadura (Fotos: DeaPlaneta/Divulgação)

Patrícia Cassese


Há acontecimentos históricos que, olhados à distância, mesmo que o avanço temporal não seja tão significativo assim, não raro parecem pertencer à prateleira da ficção, tão inacreditáveis que são. Os voos da morte, um dos episódios mais absurdos - não há outra palavra -  das ditaduras implantadas no continente sul-americano, certamente pertencem a essa categoria.


E é essa prática que vem à tona em "Kóblic", filme argentino de Sebastián Borensztein que estreia nesta quinta-feira na cidade com Ricardo Darín no elenco. Produções cinematográficas do nosso país vizinho que se debruçam sobre essas "páginas infelizes da nossa história" têm sido (compreensivelmente) comuns. E pertinentes, posto que servem de alerta em tempos turbulentos, nos quais muitas vezes a razão passa para um perigoso segundo plano.

Mas é necessário frisar que o pano histórico de "Kóblic" pode ser facilmente descolado do subtexto que sublinha a narrativa. Afinal, o dilema que o personagem homônimo enfrenta é totalmente atemporal: até quando devemos dar a primazia à nossa integridade ética, moral; aos nossos princípios, quando o mundo ao redor clama pela nossa capitulação e pela adesão ao time por hora vencedor no placar? Neste ponto, o impasse no qual o piloto das forças armadas se vê pode ser aplicado a um sem número de situações - inclusive cotidianas.


Ao filme, pois - ressaltando que a compreensão gradativa da situação do personagem é atrelada, pelo diretor, à inteligência do espectador, sem que nada soe como um didatismo forçado. O personagem, um piloto das forças armadas que não teve alternativa se não conduzir um avião sobre o Rio da Prata, assistindo, estupefato, à execução do propósito de um voo da morte, tenta se refugiar no interior do país para não se coadunar com algo que violenta de forma tão acintosa suas diretrizes morais.


A vida no campo, porém, não será das mais fáceis. Contratado para supostamente pulverizar inseticida nas plantações de um fazendeiro, Tomás Kóblic logo desperta a curiosidade dos locais, que passam a  suspeitar da presença do misterioso recém-chegado. Para piorar as coisas, Kóblic acaba se envolvendo com Nancy (Inma Cuesta), uma bela mulher que toca a pequena venda e o posto de combustíveis pertencentes ao seu companheiro, um homem tosco e violento, cujo sentimento de posse pela garota (que, vamos combinar, é a cara da atriz Marieta Severo mais jovem) será devidamente explicado no desenrolar da história.



Confrontado com seu passado recentíssimo, Kóblic tem que tomar uma decisão difícil - ou melhor, várias decisões árduas e intrincadas. Para norteá-lo, contará com um pequeno objeto herdado de seu pai - objetivamente inútil para a situação na qual se encontra, mas ideologicamente carregado de significados. No fundo, o que está em cena - e repetindo o que já foi dito no início desta resenha - é o quão devemos nos opor- e até estoicamente - ao que não nos faz o menor sentido, mesmo que  a luta pareça já estar previamente vencida. Uma luta moral, enfim. Classificação: 14 anos



Tags: #koblic, #RicardoDarin, #UnmaCuesta, #OscarMartinez, #suspense, #histórico, #ditadura, #Argentina, #policial, #SebastianBorensztein, #ParisFilmes, #CinemanoEscurinho