26 outubro 2016

Ben Aflleck passa o tempo sozinho fazendo contas e atirando em pessoas

"O Contador" é um dos melhores trabalhos de Ben Aflleck, que divide a tela com Anna Kendrick (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ação, suspense e drama na medida certa, ótima direção de Gavin O’Connor (“Desafio no Gelo”) e um Ben Affleck numa de suas melhores interpretações, no papel de um autista. Ao final, "O Contador" ("The Accountant") consegue apresentar uma trama diferente e bem interessante que deverá agradar ao público. 

Além de abordar a Síndrome de Asperger e as "limitações" que ela traz para seu portador, o filme explora, por meio de lembranças do personagem Christian Wolff (Affleck), a relação dele com os pais e o irmão. E vai crescendo ao mostrar sua afinidade com os números, as manias de limpeza e de organização e a impossibilidade de manter um convívio social, características encontradas em portadores da doença.

Ben Aflleck surpreende no papel de um contador autista, com um olhar sem vida (apesar de parecer com seu personagem de "Garota Exemplar"). Ele consegue manter essa falta de expressão mesmo nas cenas de ação. E ainda consegue usar o rosto sem emoção para passar simpatia a Christian quando este conhece Dana Cummings (Anna Kendrick, de “Amor Sem Escalas”).

Anna também está muito bem no papel da contadora e divide os louros da segunda parte do trio principal com J.K. Simmons (“Whiplash – Em Busca da Perfeição”). No elenco estão ainda Jon Bernthal (“O Lobo de Wall Street”), Jean Smart (séries de TV “24 Horas”), Cynthia Addai-Robinson (“Além da Escuridão – Star Trek”), Jeffrey Tambor (“Se Beber Não Case”) e John Lithgow (“Interestelar”).

As cenas de ação são outro ponto positivo do filme, com lutas cerco policial, muitos tiros e assassinatos frios, a queima-roupa. Junte a isso um senso ético que vai ser explicado ao longo da história: ele trabalha para criminosos internacionais, coloca suas vidas contábeis em ordem, ganha rios de dinheiro, mas vive uma vida modesta.

Outro destaque é a abordagem, mesmo sem aprofundar, do drama de portadores da Síndrome de Asperger (a mesma do jogador Messi), muitas vezes incompreendidos até pelos próprios pais. Mas se tratados adequadamente  podem levar uma vida quase normal.

Em "O Contador", Christian Wolff é uma criança problema para os pais por sofrer de Síndrome de Asperger. Por mais que especialistas tentem que ele seja colocado em uma escola especial, o pai não permite, dizendo que ele tem de se prepara para um mundo duro e cruel que não vai lhe dar moleza. A doença lhe garante uma grande capacidade para trabalhar com números e quebra-cabeças.

Adulto, Christian vive sozinho, é antissocial e possui um escritório de contabilidade em uma cidadezinha como fachada. Ele trabalha como contador autônomo para algumas das mais perigosas organizações criminosas do mundo.

Ao perceber que está sendo monitorado cada vez mais de perto pelo Departamento Criminal do Ministério da Fazenda, coordenado por Ray King (J.K. Simmons), o contador aceita um cliente legítimo: a empresa Living Robotics, de Lamar Blackburn (John Lithgow), que está apresentando uma divergência na contabilidade envolvendo dezenas de milhões de dólares, descoberta pela funcionária Dana Cummings.

Conforme Christian desvenda os registros e se aproxima da verdade, pessoas ligadas à empresa vão morrendo. Por saberem demais, ele e Dana passam também a ser perseguidos pelos matadores.

Apesar da pouca explicação sobre a transformação de  Christian, que quando menino montava quebra-cabeças de dezenas de peças em minutos, num excelente contador e exímio atirador, o filme convence, tem boas atuações e a história bem conduzida. Vale conferir.



Ficha técnica:
Direção: Gavin O’Connor
Produção: Electric City Entertainment/Zero Gravity Management
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h10
Gêneros: Drama / Suspense / Ação
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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22 outubro 2016

"Kubo e as Cordas Mágicas", uma animação sensível e encantadora

A jornada do garoto Kubo é uma mistura de aventura, amizade, respeito e aprendizagem (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Poderia ser apenas mais uma animação japonesa sobre samurais, monstros e lutas. Mas "Kubo e as Cordas Mágicas" ("Kubo and the Two Strings"), é um filme sensível, emocionante tanto pela história quanto pelas belas paisagens, as batalhas empolgantes e a saga de um jovem herói que encanta do início ao fim. E a jornada do jovem Kubo é uma fábula de aventura, amizade, respeito e aprendizagem, em que ele terá de descobrir a força que tem dentro de si para vencer seus medos e os vilões.

Produzida em stop-motion pelo estúdio Laika, a animação trata de grandes valores, que surpreendeu inclusive aos dubladores originais - Charlize Theron e Matthew McConaughey. Família, perdas e superação são os pontos principais do enredo para envolver o público. E consegue.

Segundo os próprios produtores, "Kubo" é uma produção ambiciosa, empregando tecnologia avançada, bonecos enormes e uma história que vai além de apenas um combate com monstros. O filme acabou tomando proporções maiores que as esperadas pela equipe, com um resultado que só assistindo para entender e gostar.

A Universal Pictures divulgou um vídeo com depoimentos do diretor, criadores e dubladores de "Kubo e as Cordas Mágicas", contando como foi fazer esta ousada aventura e os problemas enfrentados pelo protagonista durante a trama.




Garoto esperto e de bom coração, Kubo (dublado por Art Parkinson de "Game of Thrones") passa a maior parte de seu tempo cuidando de sua mãe viúva e ganha a vida humildemente, contando histórias para as pessoas da vida onde mora junto com Hosato (George Takei), Akihiro (Cary-Hiroyuki Tagawa) e Kameyo (Brenda Vaccaro).

Certo dia, sua vida calma é interrompida quando ele acidentalmente invoca um espírito de seu passado que desce violentamente dos céus para impor uma antiga vingança. 

Em fuga, o protagonista reúne forças ao lado de dois amigos - Macaca, dublada originalmente por Charlize Theron, e Besouro, com voz de Matthew McConaughey - e sai em uma emocionante busca para salvar sua família e resolver o mistério da morte de seu pai, o maior guerreiro samurai que o mundo já conheceu.

Com a ajuda de seu shamisen – um instrumento musical mágico – Kubo irá lutar contra deuses e monstros, incluindo o vingativo Rei Lua (Ralph Fiennes) e as malvadas Irmãs Gêmeas (voz de Rooney Mara) para desbloquear o segredo de seu legado, reunir sua família e cumprir seu destino heroico.

E se já não bastasse ser um filme incrível, indicado para todas as idades, "Kubo" ainda tem em sua trilha sonora uma das músicas mais lindas de George Harrison - "While My Guitar Gently Weeps!". Imperdível.



Ficha técnica:
Direção: Travis Knight
Produção: Focus Features / Laika
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h42
Gêneros: Animação / Família / Aventura
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 4,5 (0 a 5)

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