26 novembro 2016

"A Chegada", uma ficção que impressiona e surpreendente

Naves espaciais invadem a Terra e uma especialista em linguística terá de decifrar suas mensagens (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


"A Chegada" ("Arrival") é um filme que provoca várias reações, mas com certeza seu final surpreende e agrada a todos que assistem. Do drama familiar, mais intenso no início e mesclado com a realidade ao longo do filme, o diretor Denis Villeneuve (de "Sicário: Terra de Ninguém" e "Os Suspeitos ") apresenta thriller perturbador de ficção científica que envolve o espectador.

A produção conta ainda com a excelente atuação de Amy Adams no papel principal, dando a dramaticidade necessária à personagem, que sofre com a perda da filha e com a incapacidade de decifrar a mensagem dos extraterrestres.

No elenco estão ainda o premiado Jeremy Renner, que apesar de ficar em segundo plano, é uma das peças importantes da trama. E Forest Whitaker, como o coronel G.T. Weber, que comanda toda a operação. O filme é baseado no livro "Story of Your Life", de Ted Chiang.

A história de "A Chegada" é sobre a Dra. Louise Banks (Adams), uma especialista em linguística que trabalha numa universidade norte-americana. Vivendo o drama pessoal da perda da filha Hannah e da solidão marcada por flashbacks dos bons e maus momentos passados com ela, Banks restringe sua vida ao trabalho. Até que é contratada pelo governo, juntamente com o matemático Ian Donnelly (Renner), para decifrar os códigos de extraterrestres que chegaram à Terra em várias espaçonaves espalhadas pelo planeta.

A dupla precisa entrar numa das naves e tentar  entender o propósito da visita. Para isso começa uma batalha contra o tempo, antes que as forças militares de outras potências iniciem um ataque aos invasores.

Até aí parece uma história comum, mas "A Chegada" toca mais fundo, interligando o drama familiar da especialista com as mensagens trocadas com os ET's, de uma forma, às vezes confusa, às vezes intrigante, quase um quebra-cabeça. Até o final surpreendente.

A produção acertou também na narração, apesar de apresentar alguns diálogos monótonos de explicações científicas. Mas a condução foi perfeita, combinada com a bela fotografia, os enquadramentos e a escolha de elenco. Um filme que merece ser visto.



Ficha técnica:
Direção: Denis Villeneuve
Produção: FilmNation Entertainment / Lava Bear Films / 21 Laps  Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h56
Gêneros: Drama / Ficção Científica
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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23 novembro 2016

"Sob Pressão" é drama de quem vive para tentar salvar vidas pela saúde pública

Longa mostra a realidade diária de um grupo de médicos de um hospital público numa área de risco (Fotos: HS2 Films/Divulgação)

Maristela Bretas


A divulgação foi pequena para a qualidade do filme "Sob Pressão" dirigido por Andrucha Waddington que está em apenas dois cinemas de BH - Cineart Cidade e Cinemark BH Shopping. Merecia mais, como muitas das ótimas produções nacionais que muitas vezes têm suas exibições restritas a salas especiais, não atingindo o grande público.

"Sob Pressão" é bem feito, bem conduzido, com ótimas interpretações, principalmente de Julio Andrade, no papel do médico Evandro, que lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no festival do Rio. Ele é excelente cirurgião, que sofreu um trauma pessoal e se tornou um viciado em remédios que o ajudam a aguentar a rotina estressante do hospital público onde trabalha.

Problemas na saúde pública não é novidade para ninguém e quem precisa dela ou vive dela sofre na maioria das vezes. No Brasil, trabalhar numa unidade de saúde pública, com falta de remédios, equipamentos estragados, localização em áreas de risco é ser um herói diário.

Engana-se quem imagina que "Sob Pressão" é uma produção que imita séries norte-americanas como "E.R". A vida aqui é outra, a realidade é outra e os produtores souberam reproduzir fielmente o livro homônimo escrito pelo médico carioca Marcio Maranhão. Como se já não bastassem os problemas estruturais, médicos, enfermeiros e funcionários ainda precisam conviver com a violência do tráfico, a pressão da polícia e dos políticos e as cobranças das famílias.

Além de Julio Andrade, estão no elenco Marjorie Estiano (Dra. Carolina), Andrea Beltrão (Ana Lúcia, administradora do hospital), Ícaro Silva (cirurgião Dr. Paulo), Stepan Nercessian (que ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival do Rio no papel do diretor do hospital Dr. Samuel), Thelmo Fernandes (como Capitão Botelho, da PM).

O longa foi todo rodado em uma locação: o hospital Santa Casa de Misericórdia, em Cascadura, na Zona Norte do Rio de Janeiro. E mostra o dia de um hospital público, centralizando a história no cirurgião Evandro, com seus traumas e a dependência química. No final de um plantão cansativo na Emergência, ele é surpreendido com três pessoas baleadas numa guerra do tráfico no morro que chegam ao mesmo tempo ao hospital - um bandido, um policial e uma criança.

A pressão vem de todos os lados - o comandante da polícia exige que seu militar seja tratado na frente e deixe o traficante morrer, o pai influente do menino querendo transferi-lo para outro local e o traficante em situação crítica. Evandro e sua equipe precisam decidir quem deverá receber os primeiros socorros e correr contra o tempo, levando em conta as condições precárias, a falta de recursos e equipamentos do hospital e a ameaça de invasão pelos traficantes da gangue do baleado.

"Sob Pressão" é um drama trata da saúde pública, e da coração de muitos médicos brasileiros que precisam vencer uma batalha diária. Vale a pena assistir, merecedora dos prêmios conquistados.



Ficha técnica:
Direção: Andrucha Waddington
Produção: Globo Filmes / Conspiração 
Distribuição: H2O Films 
Duração: 1h30
Gênero: Drama
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

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