20 dezembro 2016

"Capitão Fantástico" - idealista, questionador e envolvente

Viggo Mortensen é a estrela do filme cercado de jovens talentosos que formam sua família feliz (Fotos: Bleecker Street Films/Divulgação)


Maristela Bretas


Ben, Bo, Kielyr, Vespyr, Reilian, Zaja e Nai. Nomes exóticos para uma família fora dos padrões considerados normais. O que eles têm de especial? Formarem uma família feliz e estarem habituados e viverem na selva, praticando esportes, manuseando armas, lendo grandes obras da literatura e acima de tudo, são unidos por um grande amor. Graças a um certo "Capitão Fantástico" ("Captain Fantastic"), título que se refere ao pai, Ben, interpretado de forma envolvente pelo ator Viggo Mortensen.

O filme estréia nesta quinta-feira nos cinemas de BH, e nos mostra uma família diferente, vivendo isolada na floresta mas com ideais fortes de direitos civis, liberdade e princípios que se baseiam na paz e no amor. "Capitão Fantástico" é inspirador e faz o público refletir sobre o mundo moderno em que vivemos e do que realmente precisamos. 

Com respostas simples e bem fundamentadas, até mesmo os menores da família sabem o por quê de defenderem seus atos, que muitos adultos não saberiam. Falar a verdade para os integrantes desta família é algo natural, eles não conhecem a hipocrisia da cidade grande.

E se Viggo Mortensen está muito em no papel do pai, não menos estão os atores jovens que fazem seus filhos - George Mackay (Bo), Samantha Isler (Kielyr), Annalise Basso (Vespyr), Nicholas Hamilton (Reilian) e os fofos Shree Crooks (Zaja, uma constituição americana ambulante) e Charlie Shortwell (Nai). Juntos eles dão um sentido único e poucas vezes visto de que deve ser uma família de verdade, com amor, brigas, questionamentos e discussão em conjunto, sem mentiras, do que é o melhor para todos. O veterano Frank Langella também está bem interpretando o avô Jack, que não concorda com a forma como os netos são criados.

Na história, Ben e sua esposa Leslie decidem viver longe da civilização moderna e ter os filhos no meio de uma floresta selvagem no Norte dos Estados Unidos, num estilo paz e amor. Doente, ela precisa se afastar dos seis filhos e do marido que terá de cuidar de tudo sozinho. Seguindo seus ideais, ele passa os dias dando lições às crianças, ensinando-os a praticar esportes, tocarem algum instrumento musical, a combater inimigos e a manusear armas para a sobrevivência, inclusive os pequenos (o que pode chocar o público mais conservador).

Uma tragédia força Ben e a família a deixar sua casa e partir numa longa viagem no velho ônibus-trailer chamado Steve, atravessando os EUA. E o percurso se torna outro novo aprendizado para os filhos, que vão conhecer o hipócrita estilo da vida moderna. Na viagem, eles também terão de conviver com os avós maternos, que não concordam com a forma como eles são criados pelo pai.

"Capitão Fantástico" é um filme raro, de beleza simples e sincera, que emociona e faz rir e chorar. Merece ser conferido, um grande trabalho do diretor e roteirista Matt Ross.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Matt Ross
Produção: Shiv Hans Pictures / Bleecker Street Films
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h58
Gênero: Comédia dramática
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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16 dezembro 2016

"Sully", herói do Rio Hudson por perícia ou imprudência?


Tom Hanks interpreta o piloto de um avião que salvou 155 pessoas ao fazer um pouso forçado no Rio Hudson, em 2009 (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Aquele seria apenas mais um voo doméstico como centenas de outros saindo de Nova York. O que o comandante  Chesley "Sully" Sullenberger (ótima interpretação de Tom Hanks)  e o copiloto Jeff Skiles  (Aaron Eckhart) não esperavam era que a tranquilidade daquele 15 de janeiro de 2009 poderia se transformar na data mais marcante e perturbadora de suas vidas e de outras 153 pessoas. 


Assim começa o drama biográfico "Sully - O Herói do Rio Hudson", baseado em fatos reais que foram contados no livro "Highest Duty", escrito pelo próprio Sully. Porém, o diretor Clint Eastwood resolveu contá-la a partir do final, explorando principalmente o processo jurídico enfrentado pelos dois pilotos após um salvamento heroico e extremamente arriscado. E por meio de flashbacks e pesadelos do comandante Sully, além dos fatos que vão surgindo no decorrer das investigações,  o quebra-cabeças  da quase tragédia vai sendo montado. 


Ao decolar do aeroporto em Nova York, o Airbus A320 pilotado por Sully e Skiles é atingida por uma revoada de pássaros, que são sugados pelas duas turbinas, causando sérios danos. Imediatamente os pilotos começam tomam as medidas de emergência, mas o comandante percebe que não terá tempo de retornar ao aeroporto ou seguir para outro próximo, apesar da ordem do controlador de voo.

Sully só tem como alternativa o pouso nas águas geladas do Rio Hudson, que corta a cidade. E apesar da manobra nunca ter sido tentada ele consegue sucesso, salva todos os 155 ocupantes, vira herói nacional, mas  passa a sofrer uma dura investigação da agência de regulação aérea nos Estados Unidos, que tenta provar que seu ato foi arriscado e imprudente e que poderia ter dado errado.

Tom Hanks está ótimo no papel do experiente piloto Sully e prova que sua parceria com Eastwood é sucesso garantido de bilheteria. A história não é novidade para quem acompanhou o fato que ganhou as manchetes pelo mundo há oito anos. Mas o diretor soube explorar bem o processo de investigação para contá-la, auxiliado pela interpretação de Hanks, que apresentou o personagem como um profissional sério, sem intenção de se tornar um herói com seu ato. E que ao longo de todo o processo judicial chegou a ter dúvidas se havia tomado a decisão certa ou não.

Além de Tom Hanks, o restante do elenco de "Sully - O Herói do Rio Hudson" também segurou bem seus papeis, como  Aaron Eckhart , como o copiloto, e  Laura Linney, vivendo a esposa de Sully, Lorrie Sullenberger. Aliado a isso,  o drama ainda conta com efeitos visuais bem realistas (que me perdoem os pilotos da minha família se estou falando bobagem) que ajudam a prender o público, não só nos momentos de tensão do ousado pouso quanto nas cenas de interrogatório e julgamento. Um filme que vale a pena ser visto.


Ficha técnica:
Direção e produção: Clint Eastwood
Produção: Warner Bros. Pictures / Malpaso Productions/ Village Roadshow
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h36
Gêneros: Biografia / Drama
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota:  4 (0 a 5)

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