15 janeiro 2017

"Dominação" é terror fraco que usa o exorcismo mental

No filme, cientista com dons especiais tenta tirar o espírito maligno do corpo de um garoto (Fotos: PlayArte Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Aaron Eckhart chutou o balde e apostou numa furada de terror - "Dominação" ("Incamate"), um dos piores papeis de sua carreira. Conhecido por trabalhos como "Batman, o cavaleiro das Trevas", "Invasão à Casa Branca", a sequência "Invasão a Londres" e o mais recente "Sully, o Herói do Hudson", o ator escolheu ser um cientista paranormal autodestrutivo, capaz de entrar no subconsciente de uma mente possuída para tirar o demônio dela. Acreditem, é isso mesmo.

E foi um fiasco. O elenco é desconhecido, a história é fraca, assim como a direção. Salvam os efeitos visuais e o final pouco previsível, que também não são capazes de provocar pulos na cadeira do cinema. O personagem de Eckhart, Dr. Seth Ember, é um homem amargo com um objetivo: achar Maggie, uma entidade maligna que o assombra desde a infância e foi o responsável por uma tragédia em sua vida. 

Até chegar a um garoto de 9 anos, Cameron (David Mazouz), que estaria possuído por este espírito ruim. O cientista conta com dois ajudantes que cuidam dos equipamentos que vão colocá-lo em sono profundo para que possa entrar nos sonhos das vítimas.

"Dominação" é um exorcismo fora do convencional, tira esta função dos padres mas não exclui a religião católica e seus símbolos, como o crucifixo. Por esse motivo poderia ser melhor explorado, mas o diretor Brad Peyton não conseguiu encontrar o caminho do sucesso. O enredo não se sustenta, o demônio vilão não convence o filme acaba seguindo os mesmos clichês de outras produções do gênero, infelizmente para pior. Dispensável na lista de quem espera alguns sustos.



Ficha técnica:
Direção: Brad Peyton
Produção: Blumhouse Productions
Distribuição: PlayArte Pictures
Duração: 1h31
Gêneros: Terror / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #dominacao, #terror, #suspense, #AaronEckhart, #BradPeyton, #PlayArtePictures, #CinemanoEscurinho

13 janeiro 2017

"La La Land": Tente não se apaixonar pelo vencedor do Globo de Ouro

Química perfeita entre Ryan Gosling e Emma Stone embala o encantador romance musical escrito e dirigido por Damien Chazelle (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Jean Piter Miranda


Sebastian (Ryan Gosling) é um pianista de grande talento e pouca sorte. Em Los Angeles, ele planeja ganhar dinheiro para abrir um bar e então eternizar o jazz. Na cidade, ele conhece Mia (Emma Stone), uma balconista que trabalha em um café, perto de um grande estúdio de cinema. Ela sonha em ser atriz, leva jeito, mas nunca consegue uma oportunidade nos testes que faz. Juntos, com suas diferenças e afinidades, eles tentam se acertar na vida.

Esse é "La La Land – Cantando Estações", o musical do roteirista e diretor Damien Chazelle, de "Whiplash - Em Busca da Perfeição". O filme ganhou sete prêmios no 74º Globo de Ouro. E não foi por menos. Como era de se esperar, começa com música, dança e certo malabarismo, tudo muito bem sintonizado. Os cenários são cheios de luzes e cores, retratando décadas passadas do cinema, inclusive fazendo alusões a várias grandes obras da sétima arte. O figurino e os automóveis são uma mistura de atualidade com passado. Uma auto-homenagem à Hollywood.

Mas o ponto alto não é parte técnica, é a química entre o casal. Ryan Gosling consegue ser desastrado e engraçado com muita naturalidade, sem forçar nada. E ainda com muito charme. É impossível não se apaixonar quando ele dá um meio sorriso despretensioso. Emma Stone está fabulosa. Uma atriz interpretando, com maestria, uma atriz. Quando seus olhos estão rasos d’água, é difícil não chorar com ela, não querer abraçá-la. É amor à primeira cena. E juntos, não há casal melhor.

As cenas de dança são perfeitas, que mostram que os atores tiveram que se dedicar muito para chegar ao resultado. O envolvimento do casal ocorre de forma clichê, como manda a cartilha das comédias românticas, embalado pela bela canção "City of stars", de Justin Hurwitz. Primeiro não se querem, não se batem. Depois se apaixonam e não querem mais viver separados. Mas, é preciso um conflito. E ele chega de forma que foge do óbvio, assim como o desfecho.


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No desenrolar do romance é colocado em debate o quanto vale a pena lutar por um sonho, quando é hora de parar ou de mudar de caminho. Como é o início da vida de quem quer viver de arte (cinema, música e teatro), em meio às cobranças sociais, inclusive de amigos e parentes. E como é lidar com tudo isso, dividindo a vida com outra pessoa. É também sobre desapego, sobre querer o bem de quem se ama, acima de qualquer coisa.

É um filme nostálgico. Não só pelas referências e homenagens ao passado, mas pela saudade do que não foi, do que poderia ter sido, da ingenuidade, das brigas, dos desencontros, do medo de tentar e também de não tentar. É sobre aquele encontro que muda a vida, a escolha que não é certa nem errada, e o vislumbre do que será o futuro. Tudo sempre cheio de muita ternura e poesia na maravilhosa cidade dos Anjos.

"La La Land" é uma obra prima pra ser vista e revista várias vezes. É o tipo de filme a ser lembrado e cultuado nas próximas décadas. É o melhor trabalho da carreira de Ryan Gosling e de Emma Stone também. É sem dúvida o favorito ao Oscar 2017 e merece todos os prêmios e elogios.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Damien Chazelle
Produção: Summit Entertainment/ Lionsgate 
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h08
Gêneros: Comédia / Drama / Musical / Romance
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 5 (0 a 5)

Tags: #lalaland, #RyanGosling, #Emma Stone, #DamienChazelle, #comedia, #drama, #romance, #musical, ParisFilmes, #CinemanoEscurinho