27 janeiro 2017

"A Bailarina" ensina que não devemos desistir de nossos sonhos

Produção se passa no ano de 1869 em Paris, com sua efervescência e grandes obras, como a Torre Eiffel (Fotos: Gaumont Distribution/Divulgação)

Maristela Bretas


Mesmo sem os recursos visuais dos estúdios americanos, a animação franco-canadense "A Bailarina" ("Ballerina") oferece ao público uma história agradável e inocente, sem muitas desvios. Bem ao estilo Cinderela, com direito a patroa agindo quase que como a madrasta da produção Disney, a animação explora o sonho quase impossível de uma jovem órfã de ser uma grande bailarina em Paris.

O tema é simples, até comum, como seus personagens, mas há a preocupação em ensinar bons valores e passar mensagens de amizade e perseverança. Pode inclusive incentivar muitas meninas a seguirem os passos de Felície Milliner, nossa batalhadora heroína, dublada muito bem em português pela pequena atriz Mel Maia. Na versão em inglês, Elle Fanning emprestou sua voz à bailarina.

Apesar de o tema ser o balé, o importante na história de "A Bailarina" é mostrar a amizade entre dois jovens órfãos, Felície e Victor, que passam o tempo pendurados no telhado do orfanato onde vivem, planejando uma forma de fugir para Paris, onde irão realizar seus desejos - ela de ser uma bailarina e ele, tornar-se um grande inventor.

Até que a dupla, usando uma das invenções de Victor, consegue escapar e chegar à bela e envolvente capital francesa. A cidade vive o burburinho do final do século 19, com a construção da Torre Eiffel e da Estátua da Liberdade que será presenteada aos Estados Unidos. Por uma distração os amigos se separam, mas seus caminhos sempre voltam a se encontrar, enquanto cada um busca realizar seu desejo.

Felície consegue uma vaga na Grand Opera, mas para se tornar uma grande bailarina terá de batalhar muito, enfrentar inimigos cruéis e fazer novas amizades. Já Victor consegue ser ajudante do construtor Gustave Eiffel e vai aproveitar para criar novas geringonças. Entre idas e vindas, o que não falta na vida destes dois é aventura e um pouquinho de romance à moda antiga, com jantar a luz de velas e o mocinho salvando a mocinha.

Muito bacana a animação, boa opção para levar as crianças - até mesmo os meninos pequenos vão curtir as aprontações e invenções de Victor. Vale a pipoca e o refrigerante para acompanhar.



Ficha técnica:
Direção: Eric Summer / Eric Warin
Produção: Quad Films / Caramel Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h30
Gêneros: Animação / Família / Aventura
Países: França / Canadá
Classificação: Livre
Nota: 3,5 (0 a 5)

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26 janeiro 2017

"Beleza Oculta" reúne elenco estrelado para manipular emoções, mas deixa pontas soltas

Produção tem a direção de David Frankel, o mesmo dos ótimos "O Diabo Veste Prada" e "Marley e Eu" (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Um filme feito para tocar o coração, para quem quer se emocionar. Mesmo que ao final, o espectador tenha a impressão de ter sido manipulado como o personagem. Assim é "Beleza Oculta", uma tradução ruim para o título original "Collateral Beauty" ("Beleza Colateral") que é explicado ao longo da película.

Apesar de ter sido bem cotado no início de 2016 como um dos fortes candidatos ao Oscar 2017, o filme não pegou qualquer indicação. Alguns vão dizer que é uma cópia de outros filmes de sucesso do passado pela temática - três personagens interpretam sentimentos e sensações - amor, tempo e morte - para tentar mudar a vida de um publicitário deprimido. Não importa. O filme é para provocar lágrimas e fazer as pessoas repensarem valores e as chances que a vida lhes oferece. O final é bem interessante e revelador, fechando o ciclo.


Will Smith se envolve em mais um drama, mas sua interpretação do empresário Howard, que cai em depressão após a perda da filha, fica muito aquém do papel que fez em "A Procura da Felicidade" (2006). Ele pode até ser o protagonista, mas é o restante do elenco formado por grandes estrelas que seguram o roteiro. Destaque para Edward Norton, Helen Mirren e Michael Peña. Kate Winslet tem uma atuação apagada, um desperdício desta excelente atriz.

Também estão no elenco Naomie Harris e Jacob Latimore. Keira Knightley é a mais fraca de todos e continua insistindo em fazer cara de choro franzindo o nariz. Mesmo assim, cada um faz a sua parte para tentar entregar um bom filme a partir de um roteiro cheiro de furos, dirigido por David Frankel, o mesmo dos ótimos "O Diabo Veste Prada" (2012) e "Marley e Eu" (2008).

"Beleza Oculta" conta a história do publicitário Howard Inlet (Smith) que após perder a filha entra em depressão e não tem mais interesse em nada. Sua vida se resume em montar freneticamente torres de dominós e andar de bicicleta. Até que resolve escrever cartas para a Morte, o Amor e o Tempo, o que deixa seus sócios Whit (Norton), Simon (Peña) e Claire (Winslet) preocupados com sua sanidade que coloca em risco a empresa.

Os três resolvem usar estas três partes do universo para fazer o amigo voltar à realidade ou deixá-la de vez. E contratam atores para interpretarem a Morte (Mirren), o Tempo (Latimore) e o Amor (Knightley) para confrontarem Howard, alertando para que dê mais valor à vida. Ao mesmo tempo, ele passa a frequentar um grupo de país que perderam seus filhos, coordenado por Madeleine (Harris), que também tenta ajudá-lo. Sem que percebam, as três figuras também terão papel importante nas vidas de seus contratantes.

A proposta é boa, o filme emociona, apesar de deixar algumas perguntas no ar como, por exemplo, por que algumas pessoas veem a Morte, o Tempo e o Amor e outras não? Mesmo assim, "Beleza Oculta" vale a pena ser visto.



Ficha técnica:
Direção: David Frankel
Produção: Warner Bros. Pictures / Village Roadshow Pictures / New Line Cinema / Anonymous Content / Overbrook Entertainment Production
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h37
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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