Com uma narrativa longa e personagens pouco convincentes, produção não consegue dar um epicentro à história (Fotos: Fox Film do Brasil/Divulgação)
Wallace Graciano
Quando se lembra que Gore Verbinski conseguiu fazer com que “O Chamado” ("The Ring") fosse tão assustador quanto o original japonês, “Ringu”, logo se imagina que “A Cura” ("A Cure For Wellness") marcaria o retorno triunfante do diretor norte-americano ao terror após 15 anos de hiato. Ledo engano. Nem mesmo a bagagem de outrora consegue salvá-lo nas mais de duas horas de tortura que o espectador terá de passar.
E não, não é nenhum exagero. Com uma narrativa longa, que não consegue dar um epicentro a história que mistura geneticismo, mercado financeiro e terror, “A Cura” faz com que Lockhart (vivido por Dane De Haan, o Harry Osbourn de “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro”) seja um protagonista sem empatia. Não obstante, o Dr.Volmer, antagonista interpretado por Jason Isaacs (Lúcio Malfoy, de “Harry Potter”), sequer consegue ser convincente como tal, o que é uma característica do gênero.
A trama tem um início promissor. Logo de cara, Lockhart é apresentado como um promissor operador de mercado financeiro. Com um iminente escândalo batendo à porta, o protagonista é enviado para resgatar o CEO de sua empresa nos Alpes Suíços, que foi para lá em busca da “cura” para sua tensão cotidiana. Ao chegar ao "spa de cura" e não conseguir persuadir o megaempresário de deixar a hidroterapia, Lockhart tenta deixar o local, mas sofre um grave acidente. Em virtude dos ferimentos, resolve entrar na terapia com uma água especial, uma vez que lhe são apresentados dados que colocariam sua saúde em xeque.
Nesse momento, a trama começa a se desenvolver como esperado. Com recursos técnicos convincentes, Verbinski desenvolve um cenário claustrofóbico, que é o ponto forte do longa. Porém, a narrativa arrastada e cheia e buracos não segue a mesma toada, deixando o filme maçante, com a sensação de que poderia ter um roteiro melhor trabalhado. Em síntese, “A Cura” é um filme que trará boas memórias aos espectadores amantes do gênero pelas dezenas de referências ao longo das mais de duas horas (zzzz...). Porém, o mesmo ficará com a sensação de que nem as ligações foram suficientes para dar à produção o peso necessário para se tornar um cult futuramente.
Ficha técnica: Direção: Gore Verbinski Produção: 20th Century Fox / Regency / Blindwink Distribuição: Fox Film do Brasil Duração: 2h27 Gêneros: Suspense / Terror Países: EUA / Alemanha Classificação: 16 anos Nota: 1,5 (0 a 5)
Ben Affleck e Chris Messina são parceiros inseparáveis de crime (Fotos: Warner Bros Pictures/Divulgação)
Maristela Bretas
Ben Affleck repete o olhar sem vida de todos os seus papéis e continua não se contentando em apenas atuar, quer o poder total. Em "A Lei da Noite" ("Live By Night") ele escreveu o roteiro, baseado no premiado romance “Os Filhos da Noite” de Dennis Lehane, é um dos produtores, juntamente com Leonardo Di Caprio e ainda dirige o filme.
Talvez se não abraçasse tanto o mundo poderia conseguir fazer filmes de menor duração mas mais focados, sem dispersar tanto do tema principal. "A Lei da Noite" tinha tudo para ser uma grande produção, mas a direção funcionou como uma das metralhadoras dos gângsteres, atirando para todos os lados, sem se aprofundar muito - fala de guerra de gângsters, Ku Klus Klan, racismo, contrabando de bebida, prostituição, preconceito, mas tudo jogado na mesma panela, deixando o espectador perdido em algumas situações. E apesar de ser um filme de ação, ele chega a dar sono em algumas partes. E quando você acha que acabou, vem uma reviravolta com direito a mensagem no final do tipo "conselho de pai sempre deve ser ouvido".
Affleck se sai bem no papel do fora da lei Joe Coughlin, mas o elenco ainda se sai muito melhor em várias cenas. Brendan Gleeson é o comissãrio de polícia de Boston e pai de Joe; Siena Miller é Emma Gould, amante do chefão da máfia irlandesa; Chris Messina é Dion Bartolo, parceiro de crime; Zoe Saldana interpreta a cubana Graciela Suarez; Elle Fanning é Loretta Figgis, filha do chefe de polícia de Tampa, Irving Figgis, papel de Chris Cooper. Affleck deveria ter explorado mais a luta entre as quadrilhas, na década de 1920 nos Estados Unidos. Mas "A Lei da Noite" oferece uma bela fotografia, boas locações principalmente nos pântanos de Tampa, na Flórida. Também o figurino e a reconstituição de época ficaram ótimos.
Na história, Joe Coughlin (Aflleck) é um soldado que retorna da Primeira Guerra Mundial que, apesar de ser um cara de bom coração e filho do comissário de polícia de Boston, resolve se tornar um fora da lei. Ele e seu amigo Dion se tornam conhecidos e atraem a atenção dos chefes das quadrilhas mafiosas. Mas ele se recusa a trabalhar para eles. Mas Joe não é de todo ruim; na verdade, ele não é mau o suficiente para a vida que escolheu. e se envolve com os parceiros e mulheres erradas. Acaba preso, perde a mulher da sua vida e só quer vingança quando sai da cadeia. Para isso terá de mudar de Boston para a Flórida e trabalhar para aqueles a quem sempre evitou, controlando o contrabando de rum durante a Lei Seca.
O gângster recém-chegado ainda terá de enfrentar os chefões locais e a polícia corrupta que faz vista grossa para as transações ilegais das quadrilhas. Joe também irá conhecer outras mulheres que mudarão sua vida e vai pagar um preço muito alto por isso. "A Lei da Noite" é um filme violento, claro, de acordo com a época em que é ambientado. Uma boa distração, mas está longe do drama "Argo" uma das melhores produções dirigidas e protagonizadas por Ben Affleck e ganhador do Oscar de Melhor Filme em 2013.
Ficha técnica: Direção: Ben Affleck Produção: Warner Bros. Pictures /Appian Way / Pearl Street Films Distribuição: Warner Bros. Pictures Duração: 2h09 Gêneros: Ação / Policial País: EUA Classificação: 14 anos Nota: 3,5 (0 a 5)