13 março 2017

Nova versão de King Kong explora bem os efeitos visuais e é diversão garantida

O gigantesco gorila é o rei e protetor da misteriosa ilha e não vai aceitar que ela seja invadida por desconhecidos (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Se você achava que já tinha visto todas as versões do gorila gigante que se apaixona pela bela mocinha, então precisa assistir "Kong: A Ilha da Caveira" ("Kong: Skull Island"). Com efeitos visuais grandiosos e uma ótima trilha sonora, do tipo aplicado em blockbusters como "Transformers", "Jurassic World" e o próprio "King Kong", de 2005, a nova produção chega como uma ótima distração e um elenco de estrelas formado por Tom Hiddleston (o Loki , "Thor"), Samuel L. Jackson ("O Lar das Crianças Peculiares"), Brie Larson ("O Quarto de Jack"), John C. Reilly ("Guardiões da Galáxia") e John Goodman ("Rua Cloverfield, 10"). 


Como era de se esperar, o destaque fica para Kong, o rei da Ilha da Caveira. Apesar de ser dos mesmos produtores, o novo trabalho é infinitamente melhor que "Godzilla". Assustador com seus mais de dez metros de altura e olhar feroz, o enorme gorila é um inimigo mortal para quem tenta invadir sua ilha, mas é tratado quase que como uma divindade pelos habitantes, que veem nele um protetor contra os verdadeiros inimigos.


Invencível, forte e poderoso, somente uma bela jovem poderia conseguir deixar o enorme primata de quatro. Uma relação do tipo "a bela e a fera", como já foi mostrada nas outras seis versões de King Kong ao longo dos anos. Do medo e desconfiança, nasce a paixão pela fotógrafa Mason Weaver (papel de Brie Larson), ao mesmo tempo em que ela se torna uma aliada do gigante e só pensa em protegê-lo. Chega a ser bonita a relação dos dois, mas não é tão fofa quanto a de Naomi Watts e King Kong na versão de 2005, que teve direito até a pôr do sol na floresta e em cima do Empire States Building.


Se no filme anterior a disputa aconteceu no centro de Nova York, em "Kong" tudo acontece na Ilha da Caveira, habitat da fera e de outros gigantescos monstros que há habitam. Por falar em outros monstros. "Kong" deixa postas de uma possível continuação, com direito a uma possível invasão das cidades por criaturas pré-históricas, como em "Planeta dos Macacos".


Outro ponto que chama a atenção é a relação de ódio e disputa de poder entre o gorila e o coronel Preston Packard (papel muito bem interpretado por Samuel L. Jackson). O militar, que não consegue viver fora do campo de batalha, fica satisfeito quando é convocado para levar um grupo de pesquisadores a uma misteriosa ilha no Pacífico, perto do Vietnã, onde antes estava combatendo. Lá ele irá enfrentar Kong, seu pior inimigo. E as batalhas em terra e no ar, já valem o filme.


Tom Hiddleston está bem no papel do não tão mocinho James Conrad, mas agrada mais quando interpreta o sarcástico Loki. John C. Reilly também papel importante na história (não vou contar para não dar spoiler), assim como Corey Hawkins, que interpreta o biólogo Houston Brooks.



Tudo se passa nos anos 70, pouco depois da Guerra do Vietnã. Um grupo de cientistas de um projeto da Empresa Monarch viaja à misteriosa Ilha da caveira para investigar a existência de monstros gigantes na superfície e nas profundezas. Liderados pelo cientista Bill Randa (John Goodman) e escoltados pelo batalhão do Cel. Packard, o grupo conta ainda com o rastreador mercenário James Conrad, a fotógrafa Mason Weaver e vários pesquisadores integrantes da empresa. O que eles não esperavam era encontrar um gigantesco gorila que não quer saber de estranhos em sua ilha. Mas ele será o menor dos problemas dos aventureiros.


"Kong: A Ilha da Caveira" é muito bem feito, com o elenco desempenhando bem seus papéis e efeitos visuais que já valem o ingresso. Uma opção de diversão na sessão da tarde e uma das apostas do gênero para começar o ano com muita ação.

Fica a dica: Não saia do cinema antes dos créditos finais.


Ficha técnica:
Direção: Jordan Vogt-Roberts
Produção: Warner Bros. Pictures  / Legendary Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Aventura / Ação / Fantasia
Países: EUA / Vietnã
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #kongailhadacaveira, #Kong, #KingKong, #ailhadacaveira, #SamuelLJackson, #TomHiddleston, #BrieLarson, #JohnGoodman, #JohnCReilly, #CoreyHawkins, #gorilagigante, ##JordanVogtRoberts, #aventura, #acao, #fantasia, #WarnerBrosPictures, #LegendaryPictures, #CinemanoEscurinho

09 março 2017

"Moonlight", um filme de olhares, silêncio e poesia

Produção dirigida por Barry Jenkins conquistou três Oscars neste ano: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado (Fotos: Diamond Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


O vencedor do Oscar 2016, "Moonlight - Sob a Luz do Luar", é o tipo do filme inesquecível. Não é todo dia que alguém consegue contar uma história tão triste quanto trágica - de um negro gay e desgraçadamente pobre - de uma forma tão delicada.  Pois o diretor Barry Jenkins conseguiu. O longa, pode-se dizer, é elegante. E dificilmente vai sair da cabeça - e do coração - de quem o assistiu.

Para início de conversa, "Moonlight" é narrado em três atos. O personagem principal, portanto, é vivido por três atores, todos brilhantes. Ressalte-se a expressão do menino Alex Hibbert, que faz uma criança praticamente sem nome que mora na periferia de Miami. Não por acaso, todos o chamam de "Little". 

E são exatamente o olhar dele e o silêncio constrangedor com os quais ele se relaciona com o mundo que fisgam - e incomodam - o espectador logo nas primeiras cenas. É como se aquele bichinho assustado nos puxasse para dentro de nós mesmos, nos convidando, também, à reflexão e ao silêncio.

Como se não bastasse ser filho de uma mulher drogada (Naomie Harris, indicada ao Oscar de Melhor Atriz), que se prostitui para sustentar o vício, Little se percebe diferente em relação à própria sexualidade. Perseguido e vítima de bullying na escola, encontra alguma proteção na amizade com Juan, o traficante da região interpretado magistralmente por Mahershala Ali, Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Sem nenhum traço de estereótipos, a atuação de Ali comove e arrebata. Pena que fique tão pouco na tela. Só no primeiro ato.

Na adolescência, quando decide se impor perante os amigos e à vida, o personagem, já mais calejado, é vivido por Ashton Sanders, também em ótimo momento. Já não se chama mais Little e sim Chiron, seu nome de batismo. Mas o olhar triste e assustado permanece. Na vida adulta, Chiron é Black (Trevante Rhodes), agora aparentemente dono de si, mesmo sem saber direito quem é, buscando em alguns símbolos de poder - como o carro, o corpo malhado e o aparelho nos dentes - a própria identidade.

Já se disse que "Moonlight..." fala de escolhas. Pode ser. Mas seria melhor dizer que o filme fala sobre como a vida pode nos empurrar para algum caminho, como o ambiente é fundamental para definir a personalidade, o caráter. Ou ainda: como a figura paterna pode ser crucial na formação de um indivíduo. Talvez resida aí a sutileza do longa, que foge a todas as fórmulas. É poético e tem delicadeza. Pena que tenha sido traduzido como "Sob a Luz do Luar". O nome do livro que deu origem ao filme é "Sob a luz da Lua, garotos negros parecem azuis". Mais poético ainda.



Tags: #moonlightsobaluzdoluar, #moonlight, #AlexHibbert, #MahershalaAli, #AshtonSanders, #NaomieHarris,  #TrevanteRhodes, #BarryJenkins, #poetico, #drama, #bullying,  #Oscar2017, #DiamondFilms, #CinemanoEscurinho