25 março 2017

"Fragmentado" e as múltiplas facetas de James McAvoy

Filme é o retorno do diretor M. Night Shyamalan ao bom suspense (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


James McAvoy está excelente interpretando 23 personagens diferentes, cada um com sua insanidade, no novo filme do diretor M. Night Shyamalan, "Fragmentado" ("Split"). Dessas, apenas dez (Dennis, Patrícia, Hedwig, A Besta, Kevin, Wendell, Crumb, Barry, Orwell e Jade) são apresentadas ao espectador e as demais citadas durante as sessões de análise de Kevin, o dono do corpo.

McAvoy (de "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" - 2014 e "X-Men Apocalipse" - 2016) praticamente incorpora cada personalidade do paciente, ajudando a construir o clima certo de suspense exigido pela história. Aliado a isso está o bom roteiro e a direção de Shyamalan, que conhece bem e sabe explorar o gênero, levando o espectador a viver fortes momentos de tensão.


Tudo isso para contar a história de Kevin, um jovem que consegue alternar quimicamente em seu organismo suas 23 personalidades distintas, usando apenas a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três adolescentes que encontra em um estacionamento - Casey (Anya Taylor-Joy, de "A Bruxa"), Claire (Haley Lu Richardson, de "Quase 18") e Marcia (Jessica Sula, da série de TV "Recovery Road"). que encontra em um estacionamento.

Colocadas em um cativeiro, elas passam a conhecer as diferentes facetas de Kevin e são constantemente ameaçadas por todas de que seu tempo de vida será breve quando algo mais perigoso e cruel chegar para buscá-las. As jovens vão precisar traçar um plano para escapar do local. Somente uma pessoa poderá ajudá-las: a psiquiatra de Kevin, Dra. Karen Fletcher (Betty Buckley, de "Fim dos Tempos") que começa a notar que algo estranho está tomando conta da mente e do corpo de seu paciente.


"Fragmentado" explora não só os traumas sofridos por Kevin quando criança, de uma mãe abusiva, mas também os de uma das garotas raptadas, que aprendeu a viver com os abusos domésticos para conseguir sobreviver. Mas sem dúvida, se o filme atinge o suspense desejado, isso se deve à múltipla interpretação de James McAvoy. A produção, no entanto, apresenta alguns furos e situações fantasiosas demais, como o surgimento da 24ª personalidade. E ainda acrescenta o personagem David Dunn, vivido por Bruce Willis em "Corpo Fechado" (2000), para dar a sequência na trilogia planejada por Shyamalan. Ou seja, podemos esperar o terceiro filme do diretor.



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: M. Night Shyamalan
Produção: Blumhouse Productions / Blinding Edge Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Suspense / Terror / Fantasia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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22 março 2017

"T2 Trainspotting" e as memórias de uma turma da pesada 20 anos depois

Os quatro ex-amigos voltam a se encontrar e vão ter de acertar as diferenças do passado (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Robert Carlyle estão de volta, com os mesmos vícios, traumas e violência de "Trainspotting - Sem Limites" (1996). Vinte anos depois, "T2 Trainspotting" reúne o mesmo elenco interpretando a turma, que agora não é tão amiga quanto antes, que vai se reencontrar após a chegada pouco desejada de Mark "Rent-Boy" Renton (Ewan McGregor) à cidade de Edimburgo, onde ainda mora o restante do grupo.

Cada um tomou um rumo diferente na vida, sem no entanto abandonar velhos hábitos. E agora terão de certar suas diferenças Renton, depois de fugir com o dinheiro dos golpes da turma e se tornar o inimigo número 1, virou contador e casou. Retorna à cidade por causa da morte da mãe. Francis "Franco" Begbie (Robert Carlyle), está mais violento e descontrolado, cumpre pena na penitenciária e jura se vingar de Renton.


Simon "Sick-boy" Williamson (Jonny Lee Miller) só conseguiu ser um golpista que vive de extorsão com a ajuda da namorada búlgara Veronika (Anjela Nedyalkova). Apesar de ser o mais viciado de todos, Daniel "Spud" Murphy (Ewen Bremmer) é o mais sensato e de bom coração, que consegue entender a personalidade de cada um dos amigos.

O filme é uma mistura de ação, comédia, drama e muitas memórias. De um tempo em que os quatro personagens estavam sempre juntos - crianças e adolescentes - participando de festinhas de família, aprontando na cidade e aplicando golpes. "T2 Trainspotting" explora bem os flashbacks e é essa fusão de passado e presente é que o torna mais interessante. Confuso às vezes, por causa dos devaneios de alguns provocados pela heroína correndo nas veias e na cabeça.


O diretor Danny Boyle soube conduzir muito bem essa passagem de tempo, usando os atores originais que também envelheceram como seus personagens. Até mesmo Kelly Macdonald  foi lembrada com uma pequena participação como Diane.

A trilha sonora e a iluminação se destacam ao completarem o ritmo frenético das brigas, perseguições e alucinações. Como na cena na boate, onde os presentes cantam "Radio Gaga", do Queen. "T2 Trainspotting" é uma boa produção, saudosista na maior parte do tempo, com direito a disco de vinil. Uma ótima oportunidade para relembrar seu antecessor. Para quem não viu, sugiro que assista antes para entender melhor a sequência.



Ficha técnica:
Direção e produção: Danny Boyle
Produção: DNA Films / TriStar Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Drama / Comédia 
País: Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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