28 março 2017

Versão live-action de "A Bela e a Fera" é cópia fiel da animação com ótimos acréscimos

Emma Watson forma o par principal com Dan Stevens e conta com um grande elenco de apoio (Fotos: Walt Disney Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


A história é a mesma, assim como a trilha sonora (com algumas belas novas canções), a coreografia e o final. Não importa, a nova produção de "A Bela e a Fera" ("Beauty and the Beast"), encanta e emociona como na animação de 1991, também dos Estúdios Disney, que ainda é insuperável. 


Adaptado do conto de fadas francês "La Belle et la Bête", de Gabrielle-Suzanne Barbot (A Dama de Villeneuve), de 1740, a superprodução conta com um elenco de primeira, tendo à frente Emma Watson (a Hermione, da saga "Harry Potter"), cuja semelhança com a  personagem do desenho é muito grande.


Bela conquista o público de cara com seu jeito meigo, mas seguro de quem sabe o que quer e com pensamentos muito além de sua época. O ator por trás da pesada maquiagem ferina e um pouco menos conhecido é Dan Stevens (da série de TV "Legion"), que também desempenha bem seu papel de ex-príncipe e de fera assustadora.


Mais do que o par principal, o destaque desta versão fica para a dupla Luke Evans e Josh Gad, excelentes nas interpretações do vilão Gaston e de seu fiel escudeiro, Le Fou. Eles dominam as cenas em que estão juntos. Gaston é egocêntrico e cruel, um verdadeiro pavão que só se importa com ele e com a ideia fixa de que irá se casar com Bela. Para ele, somente um espelho é seu concorrente.


Já Le Fou é alegre, divertido e ainda mantém alguns princípios e humildade, mas vive á sombra de Gaston, por quem nutre uma paixão não correspondida. O fato de ele ser gay, inclusive, provocou reações homofóbicas em alguns países, com censura às cenas em que o personagem aparece cenas e até mesmo ao filme inteiro. Azar de quem não ver, estão entre as partes mais divertidas de "A Bela e a Fera". Parabéns à Disney por comprar mais esta briga.



Mas o elenco ainda conta com um estrelato de primeira vivendo os demais personagens e objetos mágicos do castelo da fera. Kevin Kline é Maurice, pai de Bela, enquanto Ian McKellen é Horloge, o relógio, e Ewan McGregor, o castiçal Lumière, são os guardiões do castelo, juntamente com Emma Thompson, que faz o bule de chá. Stanley Tucci, o piano de cauda é par romântico com Audra McDonald, o guarda-roupa. Já Gugu Mbatha-Raw é a banqueta Fifi, além de vários outras peças falantes espalhadas pelo local, que tentam ajudar o casal a ficar junto.



O time de dubladores brasileiros não ficou para trás e dá vida e graça à versão tupiniquim: Giulia Nadruz (Bela), Fabio Azevedo (Fera), Nando Pradho (Gaston). Rodrigo Miallaret (Maurice), Alírio Netto (Le Fou), Ivan Parente (Lumière) e Simone Luiz (Guarda-roupa). A Bela e a Fera" brilha também no figurino, na coreografia, na fotografia, nos efeitos visuais e na trilha sonora, principalmente o inesquecível tema "Beauty and the Beast", desta vez gravado por Ariana Grande e John Legend. Confesso que acho a versão anterior, com Celine Dion e Peabo Bryson mais bonita. 


Para quem não se lembra (o que eu acho difícil), essa é a história de Bela, uma jovem diferente das moças do vilarejo onde morava, que queria viajar pelo mundo, conhecer novos lugares e não sonhava em casar com um príncipe encantado. Ela vivia com o pai Maurice, cuidava da casa e dos bichos, adorava ler e recusava a toda hora os pedidos de casamento de Gaston, o herói arrogante e pretensioso da vila que todas as donzelas desejavam.



Numa de suas viagens para vender seus objetos, o pai de Bela acaba chegando ao sombrio castelo de uma fera, transformada assim por uma feiticeira juntamente com todos os funcionários que lá habitavam. Bela sai em seu salvamento e troca de lugar com o pai no calabouço. 


Os objetos mágicos, principalmente Lumière e o Bule, veem nela a salvação para que o patrão se apaixone e quebre o feitiço jogado sobre todos. O que ninguém contava era que Gaston fosse querer matar a fera e tomá-la como um troféu, forçando Bela a se casar com ele.



"A Bela e a Fera" ganhou 45 minutos a mais que seu antecessor, o que permitiu aos roteiristas explicarem melhor alguns dramas individuais, como o desaparecimento da mãe de Bela, o feitiço sobre o príncipe que o transformou em Fera e seus funcionários em objetos mágicos. Esses acréscimos ficaram muito bons. O filme, como a animação, é uma linda história de amor, para ser entendida com o coração, cheia de música, aventura e fantasia. Difícil não sair do filme leve e cantando.



Ficha técnica:
Direção: Bill Condon
Produção: Walt Disney Studios Pictures / Mandeville Films
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 2h09
Gêneros: Romance / Musical / Fantasia
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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25 março 2017

"Fragmentado" e as múltiplas facetas de James McAvoy

Filme é o retorno do diretor M. Night Shyamalan ao bom suspense (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


James McAvoy está excelente interpretando 23 personagens diferentes, cada um com sua insanidade, no novo filme do diretor M. Night Shyamalan, "Fragmentado" ("Split"). Dessas, apenas dez (Dennis, Patrícia, Hedwig, A Besta, Kevin, Wendell, Crumb, Barry, Orwell e Jade) são apresentadas ao espectador e as demais citadas durante as sessões de análise de Kevin, o dono do corpo.

McAvoy (de "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" - 2014 e "X-Men Apocalipse" - 2016) praticamente incorpora cada personalidade do paciente, ajudando a construir o clima certo de suspense exigido pela história. Aliado a isso está o bom roteiro e a direção de Shyamalan, que conhece bem e sabe explorar o gênero, levando o espectador a viver fortes momentos de tensão.


Tudo isso para contar a história de Kevin, um jovem que consegue alternar quimicamente em seu organismo suas 23 personalidades distintas, usando apenas a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três adolescentes que encontra em um estacionamento - Casey (Anya Taylor-Joy, de "A Bruxa"), Claire (Haley Lu Richardson, de "Quase 18") e Marcia (Jessica Sula, da série de TV "Recovery Road"). que encontra em um estacionamento.

Colocadas em um cativeiro, elas passam a conhecer as diferentes facetas de Kevin e são constantemente ameaçadas por todas de que seu tempo de vida será breve quando algo mais perigoso e cruel chegar para buscá-las. As jovens vão precisar traçar um plano para escapar do local. Somente uma pessoa poderá ajudá-las: a psiquiatra de Kevin, Dra. Karen Fletcher (Betty Buckley, de "Fim dos Tempos") que começa a notar que algo estranho está tomando conta da mente e do corpo de seu paciente.


"Fragmentado" explora não só os traumas sofridos por Kevin quando criança, de uma mãe abusiva, mas também os de uma das garotas raptadas, que aprendeu a viver com os abusos domésticos para conseguir sobreviver. Mas sem dúvida, se o filme atinge o suspense desejado, isso se deve à múltipla interpretação de James McAvoy. A produção, no entanto, apresenta alguns furos e situações fantasiosas demais, como o surgimento da 24ª personalidade. E ainda acrescenta o personagem David Dunn, vivido por Bruce Willis em "Corpo Fechado" (2000), para dar a sequência na trilogia planejada por Shyamalan. Ou seja, podemos esperar o terceiro filme do diretor.



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: M. Night Shyamalan
Produção: Blumhouse Productions / Blinding Edge Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Suspense / Terror / Fantasia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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