31 março 2017

Go, Go Power Rangers! Hora de morfar e matar a saudade


Jason, Kimberly, Billy, Zack e Trini enfrentam a vilã Rita Repulsa em versão com muitos efeitos gráficos (Fotos: Lionsgate/Divulgação)

Maristela Bretas


Para quem curtiu os cinco super-heróis do anime (que também já foram seis e sete, dependendo da versão) nos anos 90, uma boa pedida é conferir "Power Rangers" ("Saban's Power Rangers") em cartaz nos cinemas. As cores e os nomes da série de TV norte-americana que originou "Mighty Morphin Power Rangers - O Filme" (1995) foram mantidos. Mas a nova versão para o cinema explora os dramas pessoais dos personagens e aborda, mesmo que superficialmente, temas como homossexualidade, cyberbullying, autismo e dramas familiares.

Mesmo assim, o diretor Dean Israelite acerta ao trazer a história de volta para os fãs e também para quem conhece pouco sobre este grupo de jovens. Os modelos das armaduras avançaram com o tempo, bem diferentes dos usados pela turma antiga, mas combinam com os efeitos visuais e gráficos, assim como os zords de cada Ranger e o gigantesco Megazord. Este parece mais um Transformer, inclusive na luta e na destruição.


Por falar em lutas, elas só acontecem a partir do meio do filme, depois que a origem e os dramas pessoais de cada um dos personagens são explicados - como eles se tornaram defensores da Terra contra Rita Repulsa. A vilã é interpretada por Elizabeth Banks, tem um estilo mais exótico e menos espalhafatoso que o da personagem da série de 1995, mas vem mais assustadora. Achei bom o roteiro contar a história, permitindo que outros espectadores, além dos fãs, que quiserem assistir ao filme entendam melhor a franquia que fez tanto sucesso entre os jovens há 24 anos. 

Além de estar atualizado, "Power Rangers" também apresenta uma inversão de personagens - em "Mighty Morphin", Zack Taylor, o Ranger Preto era um negro, interpretado por Walter Jones. Na nova produção, Zack é um descendente de japonês, vivido por Ludi Lin. O ator negro RJ Cyler interpreta Billy Cranston, o Ranger Azul que sofre de autismo, como ele mesmo cita no filme. 

Um momento engraçado acontece quando cada um dos jovens tem sua cor de armadura definida e Billy descobre que a sua não será a preta. Cyler e Lin, assim como Naomi Scott, a Kimberly Ann Hart- Ranger Rosa - estão muito bem em seus papéis e convencem como super-heróis. Não é o caso de Dacre Montgomery, que faz Jason Lee Scott, o Ranger Vermelho. Fraco como líder, ao contrário de seu antecessor, Austin St. John.

Também a cantora e rapper Becky G, que interpreta Trini Trang, a Ranger Amarela, não convence muito e ainda tem um bom caminho de aprendizagem como atriz. Sua interpretação vale por mostrar uma heroína gay que conta sua opção durante uma conversa franca com os novos amigos.


Dois personagens importantes da série também estão de volta, com direito a muitos efeitos visuais e atores conhecidos como dubladores -  Bryan Cranston (da série "Breaking Bad") é Zordon, o chefe dos Power Rangers e sai do tubo para ganhar uma parede virtual. Bill Hader é o dublador do robozinho falante Alpha 5.

"Power Rangers" mostra a jornada de cinco adolescentes que são escolhidos para defenderem sua cidade Angel Grove e o mundo  de um ataque alienígena. Jason, Kimberly, Zack, Billy e Trini terão de aprender a viver em grupo, respeitar uns aos outros e superar seus problemas pessoais. Somente unidos eles conseguiram combater a perigosa Rita Repulsa, antes que seja tarde demais.


Fiquem atentos à participação rápida de Jason David Frank, o Ranger Verde original que na série de 1993 se chamava Tommy Oliver, e de Amy Jo Johnson, a Kimberly, primeira intérprete da Ranger Rosa. Uma dica: só saia do cinema após os créditos finais.

E para quem quer rever as séries antigas, a Netflix liberou todas as temporadas de "Power Rangers". Clique aqui para ver a chamada no Facebook e prepare-se: "é hora de morfar". 



Ficha técnica:
Direção: Dean Israelite
Produção: Lionsgate / Saban Entertainment
Duração: 2h04
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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28 março 2017

Versão live-action de "A Bela e a Fera" é cópia fiel da animação com ótimos acréscimos

Emma Watson forma o par principal com Dan Stevens e conta com um grande elenco de apoio (Fotos: Walt Disney Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


A história é a mesma, assim como a trilha sonora (com algumas belas novas canções), a coreografia e o final. Não importa, a nova produção de "A Bela e a Fera" ("Beauty and the Beast"), encanta e emociona como na animação de 1991, também dos Estúdios Disney, que ainda é insuperável. 


Adaptado do conto de fadas francês "La Belle et la Bête", de Gabrielle-Suzanne Barbot (A Dama de Villeneuve), de 1740, a superprodução conta com um elenco de primeira, tendo à frente Emma Watson (a Hermione, da saga "Harry Potter"), cuja semelhança com a  personagem do desenho é muito grande.


Bela conquista o público de cara com seu jeito meigo, mas seguro de quem sabe o que quer e com pensamentos muito além de sua época. O ator por trás da pesada maquiagem ferina e um pouco menos conhecido é Dan Stevens (da série de TV "Legion"), que também desempenha bem seu papel de ex-príncipe e de fera assustadora.


Mais do que o par principal, o destaque desta versão fica para a dupla Luke Evans e Josh Gad, excelentes nas interpretações do vilão Gaston e de seu fiel escudeiro, Le Fou. Eles dominam as cenas em que estão juntos. Gaston é egocêntrico e cruel, um verdadeiro pavão que só se importa com ele e com a ideia fixa de que irá se casar com Bela. Para ele, somente um espelho é seu concorrente.


Já Le Fou é alegre, divertido e ainda mantém alguns princípios e humildade, mas vive á sombra de Gaston, por quem nutre uma paixão não correspondida. O fato de ele ser gay, inclusive, provocou reações homofóbicas em alguns países, com censura às cenas em que o personagem aparece cenas e até mesmo ao filme inteiro. Azar de quem não ver, estão entre as partes mais divertidas de "A Bela e a Fera". Parabéns à Disney por comprar mais esta briga.



Mas o elenco ainda conta com um estrelato de primeira vivendo os demais personagens e objetos mágicos do castelo da fera. Kevin Kline é Maurice, pai de Bela, enquanto Ian McKellen é Horloge, o relógio, e Ewan McGregor, o castiçal Lumière, são os guardiões do castelo, juntamente com Emma Thompson, que faz o bule de chá. Stanley Tucci, o piano de cauda é par romântico com Audra McDonald, o guarda-roupa. Já Gugu Mbatha-Raw é a banqueta Fifi, além de vários outras peças falantes espalhadas pelo local, que tentam ajudar o casal a ficar junto.



O time de dubladores brasileiros não ficou para trás e dá vida e graça à versão tupiniquim: Giulia Nadruz (Bela), Fabio Azevedo (Fera), Nando Pradho (Gaston). Rodrigo Miallaret (Maurice), Alírio Netto (Le Fou), Ivan Parente (Lumière) e Simone Luiz (Guarda-roupa). A Bela e a Fera" brilha também no figurino, na coreografia, na fotografia, nos efeitos visuais e na trilha sonora, principalmente o inesquecível tema "Beauty and the Beast", desta vez gravado por Ariana Grande e John Legend. Confesso que acho a versão anterior, com Celine Dion e Peabo Bryson mais bonita. 


Para quem não se lembra (o que eu acho difícil), essa é a história de Bela, uma jovem diferente das moças do vilarejo onde morava, que queria viajar pelo mundo, conhecer novos lugares e não sonhava em casar com um príncipe encantado. Ela vivia com o pai Maurice, cuidava da casa e dos bichos, adorava ler e recusava a toda hora os pedidos de casamento de Gaston, o herói arrogante e pretensioso da vila que todas as donzelas desejavam.



Numa de suas viagens para vender seus objetos, o pai de Bela acaba chegando ao sombrio castelo de uma fera, transformada assim por uma feiticeira juntamente com todos os funcionários que lá habitavam. Bela sai em seu salvamento e troca de lugar com o pai no calabouço. 


Os objetos mágicos, principalmente Lumière e o Bule, veem nela a salvação para que o patrão se apaixone e quebre o feitiço jogado sobre todos. O que ninguém contava era que Gaston fosse querer matar a fera e tomá-la como um troféu, forçando Bela a se casar com ele.



"A Bela e a Fera" ganhou 45 minutos a mais que seu antecessor, o que permitiu aos roteiristas explicarem melhor alguns dramas individuais, como o desaparecimento da mãe de Bela, o feitiço sobre o príncipe que o transformou em Fera e seus funcionários em objetos mágicos. Esses acréscimos ficaram muito bons. O filme, como a animação, é uma linda história de amor, para ser entendida com o coração, cheia de música, aventura e fantasia. Difícil não sair do filme leve e cantando.



Ficha técnica:
Direção: Bill Condon
Produção: Walt Disney Studios Pictures / Mandeville Films
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 2h09
Gêneros: Romance / Musical / Fantasia
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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