02 abril 2017

Série inspirada em mangá ganha ótima versão live-action em "A Vigilante do Amanhã"

Scarlett Johansson é uma agente com corpo de ciborgue e cérebro humano que luta contra o crime e quer reencontrar seu passado (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Após várias séries de animação que começaram em 1995 adaptadas do mangá, "Ghost in The Shell", escrito por Masamune Shirow finalmente sai em filme, batizado de "A Vigilante do Amanhã", tendo no papel principal Scarlett Johansson. Com ótimos efeitos visuais, tendo Tóquio como modelo de cidade do futuro, a produção é dirigida por Rupert Sanders ("Branca de Neve e o Caçador", de 2012).

Scarlett Johansson parece que gostou de fazer personagens cibernéticos e futuristas. Depois de "Lucy", dirigida por Luc Besson,  ela agora encarna Major Mira Killian, que teve seu cérebro transplantado para um corpo inteiramente construído pela Hanka Corporation. Está muito bem no papel, quase um robô, na forma de falar e de andar. E entrega uma interpretação quase fiel à personagem do anime. Exceto por ser uma loura descendente de europeus, ao contrário da original japonesa, fazendo o papel de Motoko Kusanagi. Isso inclusive provocou polêmica com alguns fãs das histórias, mas nada que comprometa o filme.

Já Juliette Binoche é um desperdício de talento neste filme. Merece muito mais que o papel da cientista Dra. Ouelet, que criou Major. Uma pena gastar esta excelente atriz como coadjuvante numa ficção assim, que foge completamente de seu estilo de filme. Os demais atores funcionam mesmo para completar o elenco, sem nada de especial, mas entregando o apoio necessário.

"A Vigilante do Amanhã" é uma boa produção e deve agradar ao público em geral que espera ver ação e ficção num mundo totalmente dependente das máquinas. Os efeitos visuais e figurinos transportam com fidelidade para o cinema o mundo dos mangás da produção original, mas aprofunda pouco na questão filosófica da mudança do mundo, dos valores e da evolução do mundo, deixando para Major o questionamento de sua existência humana.

Em um mundo pós-2029, tornou-se comum o aperfeiçoamento do corpo humano a partir de inserções tecnológicas. Major é o melhor desta evolução, uma verdadeira máquina de matar, e logo é inserida na Sessão 9, um departamento especial de vigilância da polícia local. Sob o comando de Daisuke Aramaki (o ótimo Takeshi Kitano), a equipe atua no combate ao crime e Major tem Batou (Pilou Asbaek) como seu fiel parceiro.

No entanto, cientistas da Hanka começam a ser assassinados por um estranho de nome Kuze (Michael Pitt), que consegue invadir os sistemas de segurança da empresa, roubar dados, fazer ataques terroristas e desaparecer sem ser capturado. A agente cyber-cérebro passa a investigá-lo, mas ao mesmo tempo começa a ter falhas em sua programação, lembrando-se de fatos de seu passado como humana que deveriam ter sido apagados. E vai atrás de seus criadores para saber o que está acontecendo e qual a sua ligação com o terrorista que quer destruir a Hanka.

Um filme para uma era cibernética em que as pessoas se afastam das outras e se ligam mais a dispositivos e máquinas, enquanto uma máquina quer encontrar sua alma e entender sentimentos humanos que surgem com frequência. Vale conferir mesmo não sendo fã de mangá e anime.



Ficha técnica:
Direção: Rupert Sanders
Produção: DreamWorks  Pictures / Paramount Pictures / Reliance Entertainment / Seadise Entertainment
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h47
Gêneros: Ação / Ficção Científica
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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31 março 2017

Go, Go Power Rangers! Hora de morfar e matar a saudade


Jason, Kimberly, Billy, Zack e Trini enfrentam a vilã Rita Repulsa em versão com muitos efeitos gráficos (Fotos: Lionsgate/Divulgação)

Maristela Bretas


Para quem curtiu os cinco super-heróis do anime (que também já foram seis e sete, dependendo da versão) nos anos 90, uma boa pedida é conferir "Power Rangers" ("Saban's Power Rangers") em cartaz nos cinemas. As cores e os nomes da série de TV norte-americana que originou "Mighty Morphin Power Rangers - O Filme" (1995) foram mantidos. Mas a nova versão para o cinema explora os dramas pessoais dos personagens e aborda, mesmo que superficialmente, temas como homossexualidade, cyberbullying, autismo e dramas familiares.

Mesmo assim, o diretor Dean Israelite acerta ao trazer a história de volta para os fãs e também para quem conhece pouco sobre este grupo de jovens. Os modelos das armaduras avançaram com o tempo, bem diferentes dos usados pela turma antiga, mas combinam com os efeitos visuais e gráficos, assim como os zords de cada Ranger e o gigantesco Megazord. Este parece mais um Transformer, inclusive na luta e na destruição.


Por falar em lutas, elas só acontecem a partir do meio do filme, depois que a origem e os dramas pessoais de cada um dos personagens são explicados - como eles se tornaram defensores da Terra contra Rita Repulsa. A vilã é interpretada por Elizabeth Banks, tem um estilo mais exótico e menos espalhafatoso que o da personagem da série de 1995, mas vem mais assustadora. Achei bom o roteiro contar a história, permitindo que outros espectadores, além dos fãs, que quiserem assistir ao filme entendam melhor a franquia que fez tanto sucesso entre os jovens há 24 anos. 

Além de estar atualizado, "Power Rangers" também apresenta uma inversão de personagens - em "Mighty Morphin", Zack Taylor, o Ranger Preto era um negro, interpretado por Walter Jones. Na nova produção, Zack é um descendente de japonês, vivido por Ludi Lin. O ator negro RJ Cyler interpreta Billy Cranston, o Ranger Azul que sofre de autismo, como ele mesmo cita no filme. 

Um momento engraçado acontece quando cada um dos jovens tem sua cor de armadura definida e Billy descobre que a sua não será a preta. Cyler e Lin, assim como Naomi Scott, a Kimberly Ann Hart- Ranger Rosa - estão muito bem em seus papéis e convencem como super-heróis. Não é o caso de Dacre Montgomery, que faz Jason Lee Scott, o Ranger Vermelho. Fraco como líder, ao contrário de seu antecessor, Austin St. John.

Também a cantora e rapper Becky G, que interpreta Trini Trang, a Ranger Amarela, não convence muito e ainda tem um bom caminho de aprendizagem como atriz. Sua interpretação vale por mostrar uma heroína gay que conta sua opção durante uma conversa franca com os novos amigos.


Dois personagens importantes da série também estão de volta, com direito a muitos efeitos visuais e atores conhecidos como dubladores -  Bryan Cranston (da série "Breaking Bad") é Zordon, o chefe dos Power Rangers e sai do tubo para ganhar uma parede virtual. Bill Hader é o dublador do robozinho falante Alpha 5.

"Power Rangers" mostra a jornada de cinco adolescentes que são escolhidos para defenderem sua cidade Angel Grove e o mundo  de um ataque alienígena. Jason, Kimberly, Zack, Billy e Trini terão de aprender a viver em grupo, respeitar uns aos outros e superar seus problemas pessoais. Somente unidos eles conseguiram combater a perigosa Rita Repulsa, antes que seja tarde demais.


Fiquem atentos à participação rápida de Jason David Frank, o Ranger Verde original que na série de 1993 se chamava Tommy Oliver, e de Amy Jo Johnson, a Kimberly, primeira intérprete da Ranger Rosa. Uma dica: só saia do cinema após os créditos finais.

E para quem quer rever as séries antigas, a Netflix liberou todas as temporadas de "Power Rangers". Clique aqui para ver a chamada no Facebook e prepare-se: "é hora de morfar". 



Ficha técnica:
Direção: Dean Israelite
Produção: Lionsgate / Saban Entertainment
Duração: 2h04
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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