23 abril 2017

"Gostosas, Lindas e Sexies" é um tiro no pé como comédia

Cacau Protasio, Mariana Xavier, Lyv Ziese e Carolinie Figueiredo interpretam as quatro amigas plus size inseparáveis (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Um roteiro fraco, uma direção duvidosa, quatro talentos da comédia desperdiçados. "Gostosas, Lindas e Sexies", do diretor Ernani Nunes, em cartaz nos cinemas, é um filme difícil de ver até o final. A proposta seria mostrar que as mulheres que vestem manequim plus size (usando a expressão politicamente correta pra não causar "mi mi mi") podem ser bonitas e charmosas, fugindo dos padrões de beleza (e magreza) impostos pelo mercado. 

Com bom humor, quatro amigas vivem suas vidas e dramas, sempre unidas, dividindo preconceitos contra seu corpo, dando a volta por cima e mostrando que tudo podem. A ideia era ótima, tudo para dar certo. Mas "Gostosas, Lindas e Sexies" deu um tiro no pé. Matou a proposta original do filme, tirou a graça de atrizes como Cacau Protasio (a excelente Terezinha, de "Vai que Cola") e não aprofundou no assunto. Pelo contrário, mostrou uma postura bem conservadora.

Para piorar, quis colocar as quatro amigas superando o preconceito contra as "gordinhas", mas elas mesmo só aceitam ficar com caras sarados e bonitões. Nada de carecas e barrigudos, pois seria antiestético. Que filme é esse? As atrizes até que tentam fazer o máximo e têm boa afinidade entre si, o que impede que a produção fosse uma ruína geral. 

Cacau é Ivone, uma bem sucedida dona de rede de salões de beleza; Lyv Ziese é Tânia, que tenta ser atriz e insiste num casamento acabado; Mariana Xavier interpreta a voraz caçadora de homens Marilu; e por fim Carolinie Figueiredo, que faz o papel de Beatriz. uma jornalista que escreve para uma revista de moda para magras, mas tem um blog para as "gordinhas". 


As personagens de Lyv e Caroline são as mais sem graça - duas mulheres comuns que vivem seus dramas amorosos. Já Cacau, mesmo tolhida de sua graça como escandalosa e barraqueira ainda oferece um ou outro diálogo engraçado. O destaque fica para Mariana, que deita e rola  (literalmente) no papel de Marilu, com falas engraçadas e abusando da sexualidade.

A história tinha tudo para dar certo, aproveitando o talento principalmente de Cacau e Mariana, mas a insistência em repetir a imagem da gordinha boazinha e engraçada (mesmo sem ter graça alguma) e de usar termos pejorativos só reforçaram o lado conservador da sociedade. E colocou as quatro amigas como as "bobas da corte", moradoras do Rio de Janeiro que só pensam em beber, dançar, transar e dizer que são gordas gostosas.


Para completar o enredo sem pé nem cabeça, Beatriz ainda tem uma geladeira gay de nome de Flávio que a impede de comer para não engordar. A geladeira falante fica azarando tanto o namorado dela quanto os outros "bofes" que aparecem. O elenco conta ainda com Andre Bankoff, Marcos Pasquim, Juliana Alves, Eliane Giardini, Paulo Silvino e Márcia Cabrita. 

Pincele algumas coisas, um ou outro diálogo mais engraçadinho e vá assistir sabendo que não dará muitas risadas por a comédia nacional "Gostosas, Lindas e Sexies" é uma produção muito fraca.



Ficha técnica:
Direção: Ernani Nunes
Produção: Santa Rita Filmes / Paramount Pictures / Downtown Filmes
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h50
Gênero: Comédia nacional
País: Brasil
Classificação: 14 anos
Nota: 1,5 (0 a 5)

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22 abril 2017

"Vida" tem bons efeitos visuais, mas oferece suspense de pouco impacto

Jake Gyllenhaal e Rebecca Ferguson protagonizam a ficção científica dirigida pelo sueco Daniel Espinosa (Fotos: Sony Pictures /Divulgação)

Paula Milagres


Nem "Alien - O Oitavo Passageiro", nem "Passageiros". "Vida" ("Life"), do diretor sueco Daniel Espinosa (que tem em seu currículo a direção de "Protegendo o Inimigo" e "Crimes Ocultos") ficou a desejar em alguns pontos, principalmente na abordagem da ficção científica. Se o início tem algum impacto, no decorrer do longa este vai se perdendo. 



O ser alienígena domina as cenas em que aparece, como era esperado, mas não surpreende e nem assusta, comprometendo também o suspense. Se comparado a "Alien - O Oitavo Passageiro", Calvin (nome dado ao ser marciano) perde disparado. Já o elenco do filme faz sua parte e entrega uma interpretação correta mas que não consegue segurar o fraco roteiro de Rhett Reese e Paul Wernick (os mesmos de "Deadpool").


Pelo visto, diretor e roteiristas têm preferência por escalar Ryan Reynolds para suas produções. Mas o ator está bem, fazendo menos gracinhas e adotando uma linha mais séria, como o engenheiro espacial Rory Adams. Destaque mesmo para Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson e Ariyon Bakare, que interpretam os médicos David Jordan e Miranda North, e o cientista Hugh Derry. Completam o elenco internacional, com bom desempenho, os atores Hiroyuki Sanada, Olga Dihovichnaya e Naoko Mori.


Mas "Vida" tem também seus pontos bons e entre eles as cenas dos astronautas dentro da estação espacial. O diretor corre pelos compartimentos, quase como uma valsa, expondo cada parte. Interessante também a relação paternal do cientista Hugh Derry com Calvin. Além das cenas de ataques no ambiente de gravidade zero, que usam bons efeitos visuais, como a dos corpos explodindo e o sangue flutuando. 




Pena que faltou mais criatividade à produção, que explora ideias de filmes do gênero sem conseguir avançar ou criar algo novo na abordagem. "Vida" usa muitos clichês e não surpreende nem mesmo no final, apesar da atuação de Jake Gyllenhaal e Rebecca Ferguson.




"Vida", tem seu enredo em torno de seis astronautas em uma estação espacial internacional que, em sua missão, descobrem evidências de vida em Marte. Passam a investigar a amostra coletada no planeta e se deparam com uma célula que, com a dosagem certa de oxigênio, consegue se mover e crescer.



Calvin, como é batizado o organismo unicelular, que inicialmente parecia inofensivo, se desenvolve e causa terror na tripulação, que tenta, desesperadamente, conter sua força e ação. O principal objetivo da equipe agora já não é mais salvar a própria vida, mas deter Calvin para que não chegue à Terra e ameace a raça humana. Como distração, o filme agrada, mas a expectativa criada foi maior que a encomenda entregue.



Ficha técnica:
Direção: Daniel Espinosa
Produção: Columbia Pictures / Skydance Productions / Sony Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h44
Gêneros: Ficção Científica / Suspense
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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