15 maio 2017

"Antes Que Eu Vá" é drama adolescente déjà-vu com bela fotografia

 
Zoey Deutch entrega uma boa interpretação da jovem que tem uma segunda chance para mudar sua vida (Fotos: Paris Filmes / Divulgação)

Maristela Bretas


Baseado no best-seller homônimo de 2010 escrito por Lauren Oliver, "Antes Que Eu Vá" ("Before I Fall") é um drama de adolescentes (apesar dos atores serem maiores de idade) que estão terminando o High Scholl e com todas as características que vêm dominando atualmente alguns filmes do gênero: festinhas com menores bebendo muito, bullying, amizades de fachada, filhos perturbados de pais separados, suicídio, amores platônicos e sexo sem compromisso. Quase um "Os 13 Porquês" ("13 Reason's Why"). Só que não.

"Antes Que Eu Vá" inicia desta forma, para em seguida a diretora Ry Russo-Young juntar tudo e adotar o estilo "e se você tivesse uma segunda chance de mudar tudo sua vida antes de morrer". A partir nesse ponto, o filme se assemelha a "Antes que Termine o Dia" (2004), com Jennifer Love Hewitt e Paul Nicholls. Até mesmo o nome da jovem é Samantha, como a protagonista da produção passada.

Se no filme de 2004 é o namorado quem tem uma segunda chance, neste é a jovem, Samantha Kingston (Zoey Deutch) que vai precisar passar a limpo seus erros e tentar ajudar os amigos a consertarem os seus antes da noite fatal. A interpretação da protagonista Zoey Deutch é muito boa e conduz a produção como esperado, além de ter um sorriso e olhos que cativam o público.

O restante do elenco também convence entrega atuações convincentes, principalmente Halston Sage (como a amiga Lindsay) e Jennifer Beals, que poderia ter sido mais bem aproveitada no papel da mãe de Sam. A diretora pisa na bola com Elena Kampouris, que faz muito bem a jovem Juliet Sykes. Apresenta uma imagem estereotipada de aluna perturbada, com longos cabelos louros desgrenhados, cara de psicopata, isolada e criticada por todos e de tendências suicidas. Parece até personagem de filmes de terror do tipo "O Chamado" (2002) ou "O Grito" (2004).

No filme, Samantha é uma linda jovem classe média alta, com as vantagens de seu padrão de vida, tem o namorado mais cobiçado da escola, é querida por colegas e desejada por outros rapazes. Aquele 12 de fevereiro deveria ser apenas mais um dia de sua vida perfeita. Mas ela chega a um final abrupto e repentino, num acidente de carro com suas três melhores amigas. Algo estranho então acontece e ela passa a reviver aquela sexta-feira por diversas vezes. Como uma segunda chance para mudar algumas coisas em sua vida, inclusive seu destino, e desvendar o mistério que envolve sua morte.

A história não apresenta novidades, mas "Antes Que Eu Vá" tem uma bela fotografia, com cenários bem escolhidos a dedo, principalmente dos locais onde foram feitos os trajetos de carro pela região montanhosa. Também a trilha sonora é muito boa e completa o clima necessário. Apesar da semelhança com outros filmes do gênero e alguns clichês como era esperado, a produção vale como uma distração numa sessão da tarde.



Ficha técnica:
Direção: Ry Russo-Young
Produção: Jon Shestack Productions
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h38
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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12 maio 2017

"Alien: Covenant" é a continuação de "Prometheus" com muitos clichês e pouco terror

Novo filme de Ridley Scott tem bons efeitos especiais e traz Michael Fassbender em papel duplo (Fotos: Fox Film do Brasil / Divulgação)

Maristela Bretas


Muitos espectadores que assistiram "Prometheus" (2012) podem entender "Alien: Covenant" como uma continuação que era necessária. E funcionou, esclarecendo alguns pontos que ficaram pendentes na produção anterior do mesmo diretor  Ridley Scott, que agora escalou Michael Fassbender como o protagonista da nova produção, oferecendo bons efeitos especiais. Mas o filme não assusta e nem causa o impacto do primeiro filme da saga, "Alien - O Oitavo Passageiro" (1979).

Talvez porque o espectador já tenha se acostumado com o famoso alienígena e a forma como ele surge e invade os humanos. Chegam a ser clichê algumas cenas, de tão previsíveis. O roteiro é bem semelhante de seu anterior, trocando apenas a trajetória da nave Covenant, que agora leva milhares de colonos para um planeta distante, ao contrário da Nostromo, que estava retornando para a Terra no filme de 1979 e da Prometheus, . Mas as tripulações de ambas espaçonaves desviam do caminho para atender a um chamado misterioso.

"Alien: Covenant" recria muitas situações do original, além de contar com um elenco de suporte fraco e desconhecido (que saudade de Sigourney Weaver e sua Ellen Ripley!). O enredo discute vários assuntos paralelos que ajudam a desviar ainda mais a atenção, colocando o suspense em segundo plano. Muita conversa, ação moderada ("Vida" é bem mais dinâmico) e um monte de erros da tripulação que subestima a inteligência do espectador. Fica a dúvida sobre a intenção do diretor: "Alien: Covenant" seria como a franquia "Star Wars", começando do final? Ou apenas uma continuação de Prometheus?

E onde foi parar o suspense e o terror que marcou o início da franquia? Com cenas e diálogos arrastados que abordam a origem da vida, o famoso xenomorfo alienígena feito em computação gráfica aparece pouco e em situações bem previsíveis. E cabe a Fassbender a responsabilidade de salvar o filme com uma ótima atuação dupla dos androides sintéticos David e Walter. Mesmo ele cai na armadilha das cenas excessivamente longas. São seus personagens que questionam a origem de tudo, a imortalidade, a natureza humana e seu criador, a ponto de quererem criar sua própria raça.

Na história, a Covenant está transportando mais de duas mil pessoas para colonizar o planeta Origae-6, numa galáxia distante. Uma pane no sistema da nave obriga o androide Walter (Fassbender) a acordar a tripulação antes da hora. No caminho, a equipe descobre um  planeta mais perto e em condições semelhantes às da Terra e o comandante Oram (Billy Crudup) decide ir para lá.

Ao desembarcar com um grupo descobre que o local foi o mesmo encontrado pela pesquisadora Elizabeth Shaw que integrava a equipe da nave Prometheus (do filme passado). E que o androide David (Fassbender) ainda vive lá. Mas o planeta não é tão hospitaleiro quanto pensava o capitão. Caberá aos dois sintéticos e à suboficial Daniels (Katherine Waterston) salvarem a Covenant e seus ocupantes.

Se boa parte da produção não era bem o que se esperava para a volta triunfal de Scott, o final não desagrada. Toda a ação acontece de uma vez, com boas sequências e deixando uma janela para um próximo filme do universo alien e mais algumas explicações de como tudo começou. Apesar dos pontos duvidosos, vale a pena conferir.



Ficha técnica:
Direção: Ridley Scott
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h02
Gêneros: Ficção científica / Terror / Ação
Países: EUA / Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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