25 junho 2017

"Meus 15 Anos" é comédia musical para adolescente com clichês, mas sem apelação

Larissa Manoela estreia como protagonista e conquista público com simpatia e interpretação (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Livremente inspirado no livro homônimo, de Luiza Trigo, "Meus 15 anos" apresenta a atriz teen Larissa Manoela em seu primeiro papel como protagonista, após três produções para jovens - "O Palhaço" (2011), Carrossel - O Filme (2015) e Carrossel 2 - O Sumiço de Maria Joaquina (2016), este último já mostrando o potencial da atriz. E a jovem dá conta do recado e segura o filme com uma boa interpretação.

Menina dos olhos do SBT e Televisa, Larissa Manoela ganha destaque com esta produção ao interpretar Bia, uma garota de 14 anos que vive com o pai viúvo, só tem um amigo e todos na escola a acham esquisita. O enredo lembra alguns filmes atuais sobre adolescentes ao tratar de bullying, jovens que são isolados por colegas, brincadeiras e situações humilhantes.

Na escola, Bia tem apenas Bruno (Daniel Botelho, muito bem no papel) como amigo e com quem forma uma dupla musical - ele tocando atabaque e violão e ela compondo e tocando Ukulelê. Mais uma motivo para serem a piada entre os colegas. Para piorar, o pai dela, Edu (o comediante Rafael Infante) trabalha num shopping e cada dia aparece na escola para buscá-la vestido com uma fantasia diferente (e mais esquisita).

Bia insiste que só quer ser invisível, mas no fundo sonha em se enturmar com os colegas. E a situação surge quando Edu inscreve a filha num concurso que dará uma festa de 15 anos à ganhadora. Claro que ela ganha, já que é a protagonista, e Bia será Cinderela por uma noite, com direito a príncipe e Anitta cantando no baile.

Como não poderia deixar de ser ela vira o centro das atenções da escola e todos querem se tornar seus amigos para ganharem um convite. Até mesmo Thiago (Bruno Peixoto), o garoto mais cobiçado pelas meninas, o que acaba despertando ciúmes em Bruno (que tem uma paixão platônica por Bia). Sem ter como escapar da situação criada pelo pai, a jovem terá de vencer seus medos, viver novas experiências, inclusive do amor, e aprender a crescer.

O filme é recheado de clichês, com momentos de inveja, falsas amizades mas também reforça bons valores, como família. O carinho e o cuidado de Edu com a filha e a amizade sincera entre Bia e Bruno, que nunca abandona a amiga, mesmo quando é desprezado por ela.

Larissa Manoela é o destaque da produção e se esforçou para desempenhar um bom papel. Aprendeu inclusive a tocar ukelelê. A atriz passa uma imagem simpática, canta, dança e interpreta uma Bia muito segura do que quer em alguns momentos e também a de uma ingênua sonhadora, como as garotas de sua idade. Clique aqui para ver o depoimento do elenco sobre o filme.

Já parte do elenco juvenil de "Meus 15 anos" não é tão expressivo, o que colaborou para que Larissa aparecesse ainda mais. A cantora Anitta faz uma ponta, no papel dela mesma, dando inclusive conselhos musicais para Bia. Os momentos engraçados ficam por conta de Polly Marinho, como a promoter da festa, e Victor Meyniel, seu assistente Joseph Charles.

Sem grandes pretensões mas com muitas mensagens incentivadoras e clichês do início ao fim, "Meus 15 Anos" é uma comédia romântica musical feita para a faixa de 10 a 15 anos. A trilha sonora confirma isso, usando sucessos internacionais (como "A Thousand Years", de "A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2") e nacionais interpretados por Anitta, a própria Larissa Manoela, Clarice Falcão e até Claudinho e Buchecha com "Fico Assim Sem Você". Quem for ao cinema deve assistir "Meus 15 Anos" como uma distração saudável, sem a apelação de muitas produções atuais. Um filme para a família, com direito a valsa de debutante e muito brilho.



Ficha técnica:
Direção: Caroline Fioratti
Produção: Paris Entretenimento / Televisa / SBT
Distribuição: Downtown Filmes / Paris Filmes
Duração: 1h30
Gêneros: Comédia / Romance / Musical
País: Brasil
Classificação: 10 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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22 junho 2017

"A Garota Ocidental" é uma história de liberdade versus tradição

A atriz francesa Lina El Arabi como a sofrida Zahira tem atuação sob medida (Fotos: Cineart Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Nada mais oriental do que "A Garota Ocidental" ("Noces"), filme paquistanês em coprodução com a Bélgica, Luxemburgo e França, e que no Brasil ganhou o subtítulo "entre o coração e a tradição", uma obviedade desnecessária - é bom que se diga. Qualquer pessoa é capaz de identificar, logo nas primeiras cenas do longa, que se trata da história de uma jovem estudante paquistanesa que vive na Bélgica e entra em conflito com a família assim que atinge a maioridade.


Enquanto os pais da bela Zahira querem - praticamente obrigam - a filha a escolher, via skype, um marido paquistanês entre três candidatos apontados por eles, ela deseja ser livre e trilhar seu próprio caminho.


A pegada oriental de "A Garota Ocidental" é também facilmente identificada. Os cortes e ângulos são diferentes do que o espectador está habituado a ver no chamado cinemão, que tem como seu modelo mais característico o feito em Hollywood. Até a luz das cenas parece estranha nos primeiros momentos do filme. Os closes são privilegiados e quase não se vê ângulos abertos, o que imprime um intimismo necessário ao drama que o diretor belga Stephan Streker se propõe a contar.


Além da atriz francesa Lina El Arabi como a sofrida e tumultuada Zahira em atuação sob medida, destacam-se no elenco, em interpretações intimistas, Babak Karimi como o pai da jovem, e Sébastien Houbani, irmão e confidente de Zahira, personagem-chave na trama.



Importante dizer que o filme é baseado em fatos reais. No fim, uma surpresa assusta o expectador e aumenta o peso da narrativa, como se o diretor quisesse assustar o público. Se, durante quase toda a projeção, os diálogos sobre feminismo, direito, honra e tradição se arrastam com pouquíssima ação, o final choca, sacode, faz pensar.


Apesar do uso constante de modernidades como a internet e o celular, apesar do ambiente descolado e juvenil das baladas, com muita dança, música e bebidas, a tradição e os conceitos arraigados têm força e poder para transformar o destino das pessoas. "A Garota Ocidental" trata, principalmente, de escolhas. Uma bela produção que entra nesta quinta-feira em cartaz com distribuição da Cineart Filmes.



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