16 setembro 2017

"Feito na América" e embalado sob medida para o talento de Tom Cruise

Filme é uma biografia rica e movimentada do piloto Barry Seal, que enganou o Cartel de Medelin, a CIA e a Casa Branca (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Fazer um filme com Tom Cruise como o protagonista é, no mínimo, retorno certo de bilheteria. E o ator do sorriso mais lindo de Hollywood entra de cabeça em seus personagens, principalmente nas cenas de ação. Bom exemplo disso é a franquia "Missão Impossível". Não poderia ser diferente com "Feito na América ("American Made"), que em cartaz nos cinemas de BH.

Sobra ação durante quase todo o tempo - dá uma caidinha no meio do filme, mas nada que comprometa. Tom Cruise, no auge dos seus 55 anos, tem um fôlego invejável e ensina muito jovem ator como é fazer um bom filme. Neste caso, uma biografia bem rica e movimentada do piloto Barry Seal, que transportava droga para o Cartel de Medelin - Pablo Escobar e sua turma - e nas horas vagas fazia um bico de agente secreto para a CIA.


Cruise é carismático e mesmo que o filme fosse ruim (e este está longe disso), ele atrairia público, fiel pelas produções das quais participa. Como o terror "A Múmia", lançado em julho deste ano, ou o de espionagem "Jack Reacher: Sem Retorno", de 2016. Em "Feito na América", ele acerta novamente a parceria com o diretor Doug Liman, com quem trabalhou na ficção "No Limite do Amanhã" (2014).

Boas cenas de perseguição, com destaque para a que Barry Seal pousa um avião abarrotado de cocaína no meio de um bairro cheio de casas. É a melhor do filme. Veja no vídeo abaixo como ela foi feita:



Passado na década de 1980, o filme conta a história de Barry Seal, um "vida loka" como diriam alguns amigos, que tomava decisões sem pensar. Ele deixa um emprego estável (e chato) como copiloto da empresa aérea TWA e aceita trabalhar como piloto para a CIA, espionando traficantes de drogas só pela adrenalina (e o dinheiro, claro). Quando o dinheiro fala mais alto, ele acaba se unindo a seus espionados, entre eles Pablo Escobar, para quem começa a transportar drogas e armas da Colômbia e de países da América Central para os EUA.



Entre um aperto e outro e todas as agências norte-americanas de investigação no seu pé, a maior preocupação de Seal é onde guardar as montanhas de dinheiro vivo que recebe como pagamento por "seus serviços" (se fosse no Brasil, bastava pedir a um amigo o apartamento emprestado).

Ingênuo em achar que não seria apanhado pelos federais apesar de toda a sua monstruosa operação ilegal de tráfico, o maior erro de Seal foi, por gostar demais da esposa, aceitar o cunhado folgado Bubba (interpretado por Caleb Landry-Jones) morar na sua casa, o que poderia colocar o milionário negócio em risco.


Seal é um bandido com cara de mocinho - é bem casado, tem filhos e cachorro. Impossível não gostar dele (especialmente quando Cruise sorri!), mesmo o filme sendo uma versão romanceada da vida do piloto traficante. A história é entrecortada por gravações em vídeo feitas por ele, que contam seu envolvimento com os dois lados.

Ponto positivo também para a ótima participação de Domhnall Glesson, como Monty Schafer, o agente da CIA que contrata Barry Seal. O restante do elenco é pouco expressivo, deixando o brilho para Cruise. Sarah Wright interpreta Lucy, mulher de Seal, que faz o gênero "não gosto de coisas ilegais mas adoro ter muito dinheiro".


"Feito na América" é um filme de ação, suspense e que entrega boa comicidade para contar a trajetória do sujeito que enganou o Cartel de Medelin, a CIA, a Casa Branca e governos de diversos países por anos seguidos. E, de quebra, dá uma aula de política internacional, mostrando, mesmo que de forma superficial, como eram tratados o apoio militar dos EUA a movimentos rebeldes na América Central e do Sul, o combate às drogas e a "troca de favores" com os governantes aliados (até onde interessava).

O final é esperado, mas mesmo assim o filme agrada bem, principalmente pela atuação do protagonista. Vale a pena conferir, mais um ótimo trabalho de Tom Cruise.



Ficha técnica:
Direção: Doug Liman
Produção: Cross Creek Pictures / Imagine Entertainment / Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Duração: 1h55
Gêneros: Ação / Suspense / Biografia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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13 setembro 2017

"Amityville - O Despertar" é uma colcha de retalhos fraca e sem criatividade

Produção tenta explorar novamente a história da casa mal-assombrada que ainda existe no vilarejo norte-americano (Fotos: Dimension Films/Divulgação)

Maristela Bretas


Mais um filme de terror sobre a famosa casa mal-assombrada de Amityville, que já recebeu diversas versões. A melhor delas seria a de 1979 - "Horror de Amityville", com James Brolin e Margot Kidder. Mas a cada produção, parece que os roteiristas só vão piorando a qualidade e entregando material que nem deveria sair do papel. É o caso de "Amityville - O Despertar" ("Amityville: The Awakening"), que entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira e pode ser colocado na categoria daqueles que não valem gastar com o ingresso.

O filme pode até tentar aproveitar a temporada de terror que está nas salas de cinema, alguns ótimos, como "It - A Coisa" e "Annabelle 2 - A Criação do Mal", outros nem tanto. Mas está anos-luz de ser uma boa produção. Ele é fraco, sem impacto, cheio de clichês e ainda usa cenas da versão de 1979 e imagens do livro "Horror em Amityville - A Verdadeira História", de Jay Anson, para explicar o que aconteceu na casa mal-assombrada.


O diretor e roteirista Franck Khalfoun não teve criatividade. Chega a ser ridícula a história: todo mundo na cidade sabe a tragédia e os casos de moradores que foram mortos ou fugiram do local por causa de uma entidade do mal que lá habita. Mas os novos moradores se mudam sem conhecimento dos fatos. Mesmo depois de fatos estranhos começarem a acontecer, a atual dona, Joan, papel de Jennifer Jason Leigh, insiste em ficar esperando que a entidade do mal tire seu filho James (Cameron Monaghan) do estado vegetativo.

O roteiro é uma colcha de retalhos sem rumo - uma hora explora a relação conflituosa de Joan com a filha Belle (Bella Thorne), gêmea de James, ao mesmo tempo que coloca a jovem fazendo novos amigos na escola e caindo de boba por ser a moradora da casa do mal. Além de aparições e ataques durante a noite, como todo filme feito de clichês, há também uma filha pequena, Juliet (McKenna Grace) que ouve vozes e conversa com a entidade. E a tia Candice (Jennifer Morrison) que sabe de tudo o que ocorreu lá no passado e ainda deixa a irmã ficar com os filhos no local.

Os atores são fracos, não conseguem dar o clima exigido pelo gênero, a trilha sonora nem dá para lembrar qual era, e o final, apesar de previsível, poderia ter sido melhor e salvar a produção, joga uma pá de cal. "Amityville - O Despertar" poderia ser mais um sucesso da Blumhouse, produtora especialista em filmes de terror e suspense, que tem em seu catálogo, sucessos como "Corra!" e"Fragmentado", além das franquias "Atividade Paranormal" e "Uma Noite de Crime" ("The Purge"). Dispensável.

A maldição da casa

Durante a madrugada de 13 de novembro de 1974, na casa localizada na Ocean Avenue 112, na pequena Amityville, em Long Island (EUA), Ronald DeFeo Jr., de 24 anos, matou o pai, a mãe e quatro irmãos a tiros de escopeta enquanto dormiam. Na época, ele alegou que estava possuído e que vozes vindas da casa mandaram que ele cometesse a chacina. Ele foi condenado a 150 anos de prisão e ainda está vivo. A casa depois foi alugada por outro casal com filhos que saiu corrido de lá depois de 28 dias. E não foram poucas as histórias de fenômenos assustadores na casa ao longo dos anos seguintes, até hoje.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Franck Khalfoun
Produção: Blumhouse Productions / Dimension Films / Miramax Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h25
Gênero: Terror
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2 (0 a 5)

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