03 outubro 2017

"O Melhor Professor da Minha Vida" e a sempre mágica relação mestre-aluno

Grande parte do acerto do filme deve-se aos atores Denis Podalydès e o estreante Abdoulaye Diallo (Fotos: Michaël Crotto/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Difícil prever se seria mais atraente se o título fosse "As grandes mentes", tradução literal do original, "Les Grands Esprits". A verdade é que filmes sobre alunos e mestres sempre despertam curiosidade e interesse e talvez esteja aí o motivo da escolha do nome do longa em cartaz a partir desta quinta-feira nas salas de BH: "O Melhor Professor da Minha Vida". Primeira direção de Olivier Ayache-Vidal, que assina também o roteiro, o trabalho é classificado como comédia dramática. Sensível e delicado, o filme cumpre o que parece ser sua missão de comover e fazer refletir.

Que ninguém espere a profundidade de "Sociedade dos Poetas Mortos" ou a empatia instantânea de "Ao Mestre com Carinho" - para ficar apenas em dois exemplos de relações e conflitos entre mestres e alunos. Como produção francesa que é, "O Melhor Professor da Minha Vida" tem suas particularidades no jeito de contar a história. Nada parece óbvio, nada é muito previsível. Embora haja momentos de riso - levados principalmente pela atuação correta de Denis Podalydès (de "Monsieur & Madame Adelman" - 2016) -, o assunto é sério.

François Foucault (Denis Podalydès) é um professor quarentão e solteiro que leciona literatura numa escola de alto nível em Paris, o Liceu Henri IV. Como integrante típico de uma elite intelectual, ele é arrogante e impaciente com os alunos. Filho de pai escritor, o assunto da família na mesa de jantar trata, claro, de autores e livros. Desafiado quase que por acaso pelo Ministério da Educação, e incentivado por uma bela funcionária, François aceita dar aulas durante um ano numa escola de periferia, onde falta estrutura e sobra indisciplina.


Grande parte do acerto do filme deve-se a Denis Podalydès, que incorpora com talento as mudanças pelas quais ele vai passando no convívio com seus novos alunos, especialmente um deles, Seydou, vivido pelo adolescente Abdoulaye Diallo, em seu primeiro papel no cinema. E reside aí, na relação professor/estudante e na transformação de ambos, a graça do filme. Apesar de levemente maniqueísta ao retratar dois tipos de professores - os que acreditam e os que já se desiludiram do poder da educação -, "O Melhor Professor da Minha Vida" dá seu recado com delicadeza e competência. Classificação: 14 anos




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02 outubro 2017

"Kingsman: O Círculo Dourado" não supera o primeiro, mas diverte pelas piadas e efeitos visuais

Taron Egerton volta a interpretar o agente Eggsy, mais mortal sem perder a elegância (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Este é mais um caso em que o primeiro filme é muito melhor que a continuação. Para quem assistiu "Kingsman - Serviço Secreto" (2015), a expectativa era muito grande para "Kingsman: O Círculo Dourado" ("Kingsman: The Golden Circle"), principalmente pelo elenco, que repete vários atores e acrescenta outros de sucesso, além do cantor e compositor Elton John, que canta, dança e luta com bandidos. Produção bem britânica com muito estilo.

O filme é bom, tem uma trilha sonora de arrepiar, boa parte dela com músicas famosas de Elton John. As locações, principalmente em Londres, também foram bem escolhidas. O diretor Matthew Vaughn usa e abusa nos efeitos visuais, não faltam tiros, explosões (um prédio inteiro vem abaixo) muitos voos em slow-motion e cenas de lutas que chegam a provocar risadas de tão sacadas. Sangue tem de sobra, para todos os lados, assim como no primeiro filme, que pega até mais pesado na carnificina. Ou seja, foi seguido o estilo.

Então onde "Kingsman: O Círculo Dourado" pecou? Falar que foram os excessivos clichês é bobagem, isso era esperado numa comédia de espionagem. Mas o filme tem pontos que ficam monótonos, quebrando o ritmo de ação que sempre foi o melhor da franquia. A vilã Poppy Adams (papel de Julianne Moore) é fraca, não tem cara de má e até quando faz crueldade ou manda matar alguém parece que está servindo um sorvete. Uma pena, o roteiro poderia explorar melhor o potencial desta maravilhosa atriz. Mas em compensação, seu esconderijo no meio de uma floresta, é fantástico, uma reprodução de lugares bem nos anos 80.

Taron Egerton está mais maduro, tanto o ator quanto seu personagem, Eggsy, principal espião da Kingsman. E entrega um ótimo trabalho. O mesmo para Mark Strong, que interpreta Merlin, o gênio em tecnologia da agência. E claro, Colin Firth (o agente Galahad ou Harry Hart), que está de volta, mas eu não vou contar como isso acontece para não dar spoiler. Já o núcleo norte-americano da agência de espionagem conta com o gato Channing Tatum como o agente Tequila, que pode até não ser o top em interpretação, mas garante uma boa parte cômica; Pedro Pascal é Whiskey, o agente estilo cowboy americano; a agente Ginger Ale, "foda" em tecnologia, ficou para a atriz Halle Berry; e no comando do grupo o veterano Jeff Bridges, chamado de agente Champagne.

Para quem não viu o primeiro, a Kingsman é uma agência independente de inteligência internacional operando no mais alto nível de discrição, cujo objetivo é manter o mundo seguro. Após vencer os vilões em "Kingsman - Serviço Secreto" mas perder um dos principais espiões - Galahad, a agência agora conta com novo comando e a atuação dos recrutas elevados a agentes, sob a supervisão de Merlin. Só não esperavam enfrentar um perigo ainda maior - a traficante de drogas Poppy Adams, que decide pôr fim à agência para dominar o mundo.

Ela lança um ataque de mísseis à sede da organização que praticamente elimina a Kingsman e a maior parte de seus integrantes, restando apenas Eggsy e Merlin (Mark Strong). A dupla passa a procurar ajuda para retomar as atividades e descobre nos Estados Unidos uma agência semelhante à britânica - a Statesman, onde trabalham os agentes Tequila, Whiskey e Ginger, sob o comando de Champagne. Juntos eles vão tentar deter Poppy e seus aliados. 

História de espionagem seguindo a cartilha, sem muitas novidades, mas que consegue mesclar ótimas cenas de ação com boa comicidade. Vale conferir, boa diversão, mas recomendo que veja o primeiro para entender melhor a história.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Matthew Vaughn
Produção: 20th Century Fox / 
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h21
Gêneros: Ação / Espionagem / Comédia
Países: EUA / Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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