18 outubro 2017

"Uma Razão Para Recomeçar", filme para chorar (e esquecer)

Produção segue o estilo de romance-tragédia do escritor Nicholas Sparks (Fotos: Cineart Filmes/ Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Benjamin Morton - Ben - e Ava Kennedy se conhecem desde pequenos. Na verdade, namoram desde criança, quando foram vizinhos, por volta dos seis, sete anos de idade. São brancos, bonitos e fazem parte de uma típica classe média americana que tem acesso à universidade e ao mercado de trabalho - ele, por exemplo, trabalha no bem-sucedido escritório de arquitetura do pai enquanto ela estuda. Ambos têm amigos tão charmosos quanto eles e, claro, alguns são engraçadinhos e piadistas.

Durante um bom tempo de "Uma Razão Para Recomeçar", o único conflito do namoro de Ben e Ava, interpretados por Jonathan Patrick Moore e Erin Bethea é a falta de tempo dele para se dedicar à relação, o que gera pequenos conflitos, sempre resolvidos rapidamente com conversas, muitas declarações de amor e beijos. Tudo corre maravilhosamente bem na vida deles, como é esperado. Tão maravilhosamente bem que o espectador começa a desconfiar: alegria, amor e equilíbrio não são ingredientes suficientes e nem sustentam um bom filme. O longa só fica aquecido quando, a partir da festejada gravidez de Ava, descobre-se que ela está doente.

Difícil acreditar que o filme tenha sido dirigido pelo mesmo Drew Waters que foi responsável por um dos trabalhos mais duros e realistas da atualidade, a elogiada série "Breaking Bad", exatamente sobre o fascínio e o poder do mal. No longa atual, o que fica é a sensação de que roteiro e direção foram propositadamente elaborados para fazer chorar, para pegar o espectador pelo sentimentalismo e não pela emoção verdadeira. São raras as histórias que efetivamente emocionam o público sem apelar para a música de fundo, a quase pieguice.

Não seria correto dizer que "Uma razão para recomeçar" é um filme ruim. Nada disso. Mas, embora apele para a velha - e verdadeira - premissa de que ninguém está no comando da vida e que tudo pode mudar em questão de segundos, há outras formas - quem sabe mais poéticas e sutis - para se contar uma história de amor.

Como a maioria dos longas americanos do gênero, não faltam as tiradas e piadinhas de sempre que parecem querer dar leveza à dor que está por vir, o que soa um pouco raso, falso, mesmo que a lição final seja edificante. Ou seja: as pessoas chegam facilmente às lágrimas enquanto estão assistindo ao filme, mas se esquecem dele quando saem do cinema e mudam de assunto assim que tomam a primeira cerveja.



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17 outubro 2017

"A Morte Te Dá Parabéns" é terror leve no estilo "déjà vu"

Jessica Rothe convence nos momentos em que é atacada pelo assassino mascarado (Fotos: Patti Perret/Universal Pictures)

Maristela Bretas


Os próprios atores citam a semelhança com a comédia "clássica" Feitiço do Tempo (1993), com Bill Murray e Andy MacDowell. Mas para os dias de hoje, "A Morte Te Dá Parabéns" ("Happy Death Day") está mais para o drama "Antes que Eu Vá" (2017), em que uma jovem vive repetidamente o fatídico dia de sua trágica morte, enquanto tenta descobrir o que precisa consertar na sua vida cada vez que acorda.

Para dar uma animada no filme, o diretor Christopher Landon transformou o que seria mais um romance de adolescentes em um terror leve, que não chega a ser "Premonição" nem "Pânico", mas que apresenta um novo personagem do mal. O  assassino em questão usa roupa preta e uma máscara horrorosa de gordinho tarado, carrega uma faca gigantesca e mata dia após dia a jovem Tree, vivida por Jessica Rothe, que foi coadjuvante em "La La Land". Ela é uma estudante arrogante que trata mal os rapazes, as colegas de fraternidade e não dá atenção ao pai, mesmo no dia do aniversário dela.

Até que é morta pela primeira vez, exatamente nesta data, pelo mascarado bochechudo. Ao acordar, ela descobre que está revivendo o dia anterior, numa sensação de "déjà vu" de sua morte. E ela terá de reviver esse momento, dia após dia, com pequenas variações de armas e locais. Só assim conseguirá descobrir quem é seu assassino e o porquê de ele querer tanto matá-la. Nesse meio tempo, vai conhecer Carter (Israel Broussard), o nerd que vai tentar ajudá-la a desvendar o mistério cada vez que ela despertar e lhe contar a história novamente.

Jessica Rothe está bem no papel, convence nos momentos de suspense e dá credibilidade a seu personagem. Israel Broussard faz o tipo de rapaz de filmes de adolescentes que nunca pegou uma garota e se sai bem. Se o espectador prestar atenção em alguns detalhes, poderá descobrir o assassino bem antes do final. Mesmo com Tree tendo deixado um rastro de inimigos em sua vida escolar, do tipo entra na fila pra me matar.

Apesar de terror, "A Morte Te Dá Parabéns" vale como diversão, é bem conduzido, diálogos simples, alguns sustos e poucas risadas. Diferente de algumas produções da Blumhouse, que se especializou em filmes do gênero, do tipo "Corra!" (2017), "Fragmentado" (2017), "12 Horas para Sobreviver: O Ano da Eleição" (2016), "A Visita" (2015) ou "O Presente" (2015). Nada de muito novo, exceto a máscara do gordinho assassino, que deve disputar com a de "Pânico" e a  do palhaço "Pennywise", de "It - A Coisa" (2017) a preferência dos amantes do terror.



Ficha técnica:
Direção: Christopher Landon
Produção: Blumhouse Productions
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Duração: 1h36
Gêneros: Terror / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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