17 novembro 2017

DC Comics acerta na receita e entrega uma "Liga da Justiça" que vale a pena assistir

Batman, Superman, Mulher Maravilha, Flash, Aquaman e Cyborg se juntam para defender o planeta contra um novo ataque alienígena (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


O entrosamento dos atores é muito bom, a história deixa a escuridão e os becos e ganha cor e espaços abertos, tem ação (muita ação) e todos os heróis fazem bem a lição de casa. E ainda tem piada, coisa comum nos filmes da Marvel que a DC começou a adotar para seus personagens nas produções cinematográficas. E deu certo. "Liga da Justiça" ("Justice League") é um bom filme, divertido, dinâmico, com ótimos efeitos visuais, um time de super-heróis que convence e agrada bem e uma ótima trilha sonora.

A produção também tem seu lado saudosista ao relembrar fatos das histórias dos quadrinhos, como a disputa entre Flash ou Superman de quem é o mais veloz. E alguns diálogos de situações de filmes passados, como Alfred lembrando Bruce Wayne o tempo em que os inimigos eram apenas pinguins.  Os destaques ficam para as atuações de Gal Gadot como Diana Prince/Mulher Maravilha, Ezra Miller, no papel de Barry Allen/Flash, e Ben Affleck, o ainda Batman, que pode ser trocado nas próximas produções. Como "Liga da Justiça" começa de onde parou “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”, aconselho assistir este primeiro para entender melhor a história de como começou a formação do grupo.


A produção que contou com duas direções - Zack Snyder, que se afastou por problemas pessoais, e Joss Whedon que entrou em seu lugar - surpreende, diverte e agrada. E já está sendo considerada por muitos (eu inclusive), muito melhor que “Batman vs Superman”. Deixa de lado o cenário sempre sombrio de Batman para ganhar as cores de Mulher Maravilha e Flash. O mundo submarino de Aquaman (Jason Momoa) deverá ser mais explorado no filme solo do herói, com estreia marcada para dezembro de 2018.

O filme tem a preocupação de explicar os novos integrantes da Liga da Justiça, de forma a colocá-los na história que vai unir o grupo. Mas às vezes fica confusa a passagem de um para outro. Só mesmo um filme sobre cada um, como ocorreu com as três principais estrelas - Batman, Superman (Henry Cavill) e MM, para entender melhor.

No caso de Flash, a série de TV da Warner, é uma boa aula para quem não conhece este personagem do Universo DC. Mas não espere as mesmas características de Grant Gustin (o ator da série). Ezra Miller entrega um Flash bem diferente mas muito simpático, divertido e com uma conduta oposta a de seus colegas de lutas.

Não tinha muita expectativa com Jason Momoa como Aquaman/Arthur Curry, mas ele agradou beeeeem, até mesmo como ator. O mais fraco de todos é Ray Fisher, que interpreta Cyborg/Victor Stone. Sozinho não é marcante, mas quando vai para a batalha com o grupo entrega o super-herói esperado e dá seu recado. O elenco conta ainda com Amy Adams como a repórter Lois Lane, agora uma quase viúva de Clark Kent/Superman, e Diane Lane no papel de Martha Kent, mãe de Clark.

O inimigo também não é maior dos vilões. Está mais para aquele ladrão de galinha que aproveita que o cachorro do sítio não está para fazer a festa, mas não sabe o que fazer quando ele volta. É assim com o Lobo da Estepe (interpretado por Ciaran Hinds). Foi só o Homem de Aço voltar para o bandido mostrar sua fraqueza. Não chega aos pés de Tanus, o terror dos mocinhos da Marvel, mas garante boas cenas de batalhas. Por sinal, o retorno de Superman também é bem surpreendente e dinâmico.

A história começa a partir da morte de Superman e apresenta um Bruce Wayne/Batman cheio de culpa (o que não é novidade), investigando um novo possível ataque de alienígenas. Ao seu lado ele só tem o fiel mordomo Alfred (o ótimo Jeremy Irons) e Diana Prince/Mulher Maravilha. Para combater o inimigo que está chegando ele sai pelo mundo recrutando um time de meta-humanos, cada um com seu poder - Aquaman, Cyborg e Flash Vão se juntar às estrelas para tentar salvar a Terra do ataque do vilão de chifres e seus robôs voadores que se alimentam do medo das pessoas.

Enfim, a DC Comics conseguiu, pela segunda vez neste ano - a primeira foi com "Mulher Maravilha" - acertar o passo e entregar um bom filme. Resta saber se este formato vai persistir nas próximas produções previstas - "Mulher Maravilha 2" e "Aquaman". É esperar para ver. Para os mais afoitos, vale lembrar que "Liga da Justiça" tem duas cenas após o final, uma logo no início dos créditos, sem muita importância, e a outra, esta sim, no final de toda a lista, que faz a ligação com outras futuras produções.


Números da estreia

A expectativa para a estreia era tanta que a Warner Bros. Pictures anunciou que "Liga da Justiça" bateu todos os recordes de bilheteria possíveis em sua estreia no Brasil, ocorrida dia 16. O longa arrecadou mais de R$ 13,1 milhões em seu primeiro dia em cartaz no país, números que o colocam, segundo a produtora, como o maior dia de abertura de cinema de todos os tempos no Brasil, batendo o antigo líder “Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2”.

Esta arrecadação na estreia também coloca "Liga da Justiça" como o maior dia de abertura de um filme de super-heróis, ultrapassando “Capitão América: Guerra Civil”; maior dia de abertura histórica da Warner Bros. Pictures, que antes era liderada por “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”; maior dia de abertura geral de 2017, na frente de “Velozes e Furiosos 8”.




Ficha técnica:
Direção: Zack Snyder
Produção: DC Comics / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures Brasil
Duração: 2 horas
Gêneros: Ação / Ficção
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4,2 (0 a 5)

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14 novembro 2017

"Victória e Abdul - O Confidente da Rainha" - Para rir e pensar

Judi Dench e Ali Fazal interpretam o improvável casal de amigos na Inglaterra de 1887 (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Pelo menos duas curiosidades devem ser ressaltadas sobre "Victoria e Abdul - O Confidente da Rainha". Primeira: esse não é o primeiro filme dirigido por Stephen Frears sobre titulares do trono da Grã-Bretanha. Em 2006, ele fez "A Rainha", com Helen Mirren, sobre as dúvidas e reações de Elizabeth II após a morte da Princesa Diana. Segunda: esse é o segundo filme onde Judi Dench interpreta a Rainha Victoria. 



Em 1997, ela viveu uma monarca irritada e autoritária em "Sua Majestade, Mrs. Brown", sob a direção de John Madden. Vinte anos depois, a atriz retorna ao personagem, desta vez com uma Victoria mais cansada e enfastiada. Parece até uma obsessão, tanto do diretor quanto da atriz, ambos britânicos e súditos do trono.


Catalogado como comédia histórica, "Victoria e Abdul..." é quase isso. Adaptação do livro escrito pelo indiano Shrabani Basu, o filme conta a improvável amizade entre a monarca e um proletário indiano que foi, por acaso, designado para ir a Londres entregar uma importante medalha durante as comemorações do Jubileu de Ouro da Rainha no trono em 1887. Aos 24 anos, com algum atrevimento e muito carisma, o jovem conquista a confiança de Sua Majestade, quebrando protocolos e convenções e provocando a ira e a desconfiança da corte.


A crítica ao excesso de salamaleques e mimos à figura da Rainha e o choque de culturas entre uma Londres poderosa e uma Índia colonizada geram bons momentos, assim como a forma como o diretor escancara o ódio da nobreza quando Victoria exige, por exemplo, aprender o idioma do seu novo amigo e o nomeia seu "munshi" - professor.


Outro ponto positivo é o elenco. Da inigualável Judi Dench, que domina o longa com sua Victoria ranzinza, comilona e cansada, ao talentoso Ali Fazal, que deixa dúvidas ao fazer um Abdul Karim ora matreiro, ora humilde, passando por Eddie Izzard, o irritado e ciumento Bertie, filho da rainha, as interpretações são impecáveis. CLIQUE AQUI para ver a entrevista de atores e diretor sobre a produção. Destaque para Adeel Akhtar, ator que faz Mohammed, amigo mal humorado de Abdul que vai com ele para Londres, em cuja boca o diretor coloca todas as verdades sobre as injustiças e desigualdades da época.



Embora com alguns clichês, e apesar da obviedade a que a história vai levando o espectador, "Victoria e Abdul - O Confidente da Rainha" é um filme bom de se ver. Poderia ser ainda mais profundo, apesar de comédia, mas deve cumprir seu papel de fazer rir. As situações são hilárias, até pelo exagero com que são mostradas. Tomara que sirva também para fazer pensar na eterna divisão de classes, burocracias e preconceitos. Aí sim, terá cumprido completamente o seu papel.
Classificação: 10 anos
Duração: 1h52



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