27 fevereiro 2018

Nem a presença de Helen Mirren salva "A Maldição da Casa Winchester"

Filme é baseado em fatos que teriam ocorrido na mansão mais assombrada dos EUA (Fotos: Splendid Film/Divulgação)


Maristela Bretas


Com estreia marcada para esta quinta-feira (1º de março), o filme "A Maldição da Casa Winchester" ("Winchester: The House That Ghosts Built") deixa a desejar apesar de ter em seu elenco principal dois nomes conhecidos: a ganhadora do Oscar, Helen Mirren ("Beleza Oculta" - 2016, "Decisão de Risco" - 2015 e "A 100 Passos de um Sonho" - 2014) e Jason Clarke ("Evereste" e "O Exterminador do Futuro: Gênesis", ambos de 2015).

A proposta era de um filme de terror, mas o susto é pequeno e o suspense nem tanto. Mirren mostra pouco de seu talento para um roteiro fraco, sobre uma casa com dezenas de cômodos que existe até hoje na Califórnia e é considerada a mais mal assombrada de todas. A tal mansão pode até ser ponto turístico para quem gosta de excentricidades, mas a história adaptada pelos irmãos australianos Michael e Peter Spierig ficou muito aquém do esperado.

A estratégia de marketing no Carnaval e na frente das salas de cinema pode atrair um público curioso sobre a famosa casa que pertenceu à família Winchester, uma das maiores fabricantes de armas de fogo dos EUA, e que foi construída para abrigar espíritos. Eles aparecem na maior parte do tempo, mas não no lugar onde é esperado. Mesmo assim, o público pode sair decepcionado após a sessão.

A famosa Casa Winchester tem 160 cômodos e foi construída por Sarah Winchester (interpretada por Helen Mirren), herdeira da fortuna da família. Começou a ser construída no início do século e assim continuou durante décadas de forma incessante, 24 horas por dia, sete dias por semana. Tem sete andares de altura e abriga centenas de quartos e nunca foi terminada. Um terremoto em 1906 destruiu parte dela, mas mesmo assim permaneceu sendo moradia de Sarah e sua família por vários anos. Atormentada pelos espíritos, os cômodos teriam sido feitos pela herdeira para abrigar fantasmas vingativos, vítima das armas produzidas por sua família.

No filme, Sarah é considerada perturbada e sem condições de continuar à frente da empresa. A diretoria contrata o psiquiatra Eric Price (Jason Clarke) para morar na casa e avaliar a sanidade da milionária herdeira. Mas ele mesmo tem seus próprios fantasmas a serem combatidos. Além dos empregados, moram também na casa Marion (Sarah Snook), sobrinha de Sarah e o filho menor dela. E todos são perseguidos pelas almas atormentadas que habitam o local.


A proposta da produção é boa, poderia ter sido mais bem explorada, mas ficou só no início interessante, depois caiu no comum, tão obvio que dá para identificar em pouco tempo qual o fantasma mais perigoso. Nem Helen Mirren é capaz de salvar "A Maldição da Casa Winchester". Jason Clarke também está inexpressivo, assim como o restante do elenco. A maquiagem no entanto foi bem feita e as imagens aéreas dão uma boa noção da extensão da construção centenária. O figurino foi bem escolhido mas nada de excepcional, assim como os efeitos visuais.

Apesar de ser inspirada em fatos reais contados ao longo dos anos, o filme deixa dúvidas se os ataques dos espíritos realmente aconteceram ou se foram fruto da imaginação de Sarah Winchester. Uma pena que a maldição da famosa Casa Winchester tenha sido mal aproveitada pelos diretores e também roteiristas, que também desperdiçaram bons talentos.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Michael e Peter Spierig
Produção: Liosngate / CBS Films / Splendid Film
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h40
Gêneros: Terror/Biografia
Países: EUA / Austrália
Classificação: 14 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

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22 fevereiro 2018

"Pantera Negra" apresenta bem o super-herói negro da Marvel e valoriza a força das mulheres

Adaptação dos quadrinhos, produção explora a luta entre o bem e o mal com outra perspectiva (Fotos: Walt Disney/Marvel/Divulgação)


Maristela Bretas


O filme apresentou muito bem o super-herói negro de um país imaginário na África, que quase parece o reino de Asgard, de Thor. Mas são as mulheres que fazem a diferença em "Pantera Negra" ("Black Panther"), a superprodução da Marvel Studios que muda a cara de tudo o que foi apresentado no cinema desde o lançamento de "Os Vingadores" em 2012. Se nos filmes dos demais super-heróis a aposta tem sido nas batalhas e poderes dos integrantes do famoso grupo, em "Pantera Negra" a força está na discussão política, na valorização do negro e na importância das mulheres para que este herói exista.

O príncipe T'Challa (Chadwick Boseman), que incorpora o personagem Pantera Negra ao assumir o reino de Wakanda, seria só mais um sem as fortes mulheres a sua volta: a irmã Shuri (Letitia Wright, da série de TV "Black Mirror"), que coordena a área tecnológica do país e cria seus trajes e "brinquedinhos" de combate ao crime; Nakia (a sempre excelente Lupita Nyong'o, de "12 Anos de Escravidão"- 2014 e StarWars VII e Star Wars VIII), grande paixão de T´Challa; e Okoye (Danai Gurira, da série de TV "The Walking Dead"), a arrasadora guerreira e chefe da guarda de Wakanda. Elas são a força, a inteligência, o poder e a essência de Wakanda e da história de "Pantera Negra".

O herói Pantera Negra já havia aparecido em "Capitão América: Guerra Civil" (2016) e estará de volta em "Os Vingadores - Guerra infinita", com estreia marcada para 26 de abril. E Chadwick Boseman ("Deuses do Egito" - 2016) incorporou bem o papel e deixa sua marca em personagem que é o diferencial. Mas fica em segundo plano quando contracena com alguma das mulheres fortes de sua vida.

Outro com ótima participação foi Michael B. Jordan ("Creed - Nascido para Lutar" - 2016, do mesmo diretor Ryan Coogler), que não chega a ser um vilão, uma vez que luta para que o povo africano seja respeitado pelo restante do mundo. Mas prefere o conflito armado para impor seu poder, ao contrário do novo rei que adota a negociação, como seu pai. 

Mas vilão mesmo é Andy Serkis (o intérprete do gorila Cesar, de "Planeta dos Macacos - A Guerra" - 2017), que está ótimo como o mercenário Ulysses Klaue. Ele é cruel, sem escrúpulos, racista, machista,com uma risada que beira a histeria. Merecia ter mais tempo no filme. No elenco estão também outros ótimos nomes conhecidos como Daniel Kaluuya (que concorre ao Oscar 2018 de Melhor Ator por "Corra!" - 2017), Martin Freeman (“O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos" - 2014), Forest Whitaker ("A Chegada"- 2016) e Angela Bassett (da série de TV "American Horror Story").

"Pantera Negra" é um filme de super- herói onde o branco não tem voz. E a produção soube explorar muito bem os figurinos, a trilha sonora e a fotografia, com belíssimas paisagens e locações deste novo universo Marvel. E a questão política e racial é o forte do enredo, mostrando que nem Wakanda escapa desta ferida. Enquanto o restante da África sofre com guerras, fome e abandono, o reino de T´Challa está isolado e protegido sob uma capa invisível, mantendo seus rituais e dividido em tribos que tentam preservar suas origens, tirando proveito dos benefícios que o vibranium, um material raro, pode proporcionar.

Na história, o príncipe T'Challa assume a coroa de Wakanda após a morte do rei, seu pai, e se transforma no novo Pantera Negra, guardião do reino. Das cinco tribos, apenas os jabari não apoiam o novo governo. A nova missão do Pantera Negra é encontrar e levar para Wakanda o mercenário Ulysses Klaue, que anos atrás roubou uma grande quantidade de um metal raro, o vibranium. Ele terá ao seu lado nesta luta, as guerreiras Okoye e Nakia, além da irmã, especialista em tecnologia avançada. E terá de enfrentar outros inimigos ainda mais perigosos para preservar Wakanda e evitar uma guerra mundial.

"Pantera Negra" vale muito a pena. Assisti duas vezes - como um filme de super-herói Marvel, que eu gosto bastante, e como uma produção preocupada em fazer uma abordagem mais séria, destacando a força das mulheres e, principalmente dos negros. Em vários países, principalmente na África, de onde saíram alguns atores como Lupita Nyong'o foram muitas as manifestações de orgulho ao herói negro após as sessões. Wakanda Forever! Como postou meu amigo Marcelo Seabra em sua crítica no blog "Pipoqueiro", "Pantera Negra" chegou fazendo história. 



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ryan Coogler
Produção: Marvel Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Disney/ Buena Vista
Duração: 2h15
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção / Fantasia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4,2 (0 a 5)

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