19 março 2018

"Com Amor, Simon" e a difícil decisão de assumir a homossexualidade

Jovem vive um turbilhão de mudanças em sua vida quando decide assumir que é gay (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Simon Spier é um rapaz comum de 17 anos, querido pelos amigos, exemplo de filho mais velho, bom aluno e... gay. Mesmo assumindo para si próprio sua homossexualidade, o jovem ainda não sabe como contar sua opção aos amigos e à família, que veem nele um modelo heterossexual. A situação se agrava quando ele conhece pela internet outro jovem da mesma escola que também é gay mas prefere se manter no anonimato com medo da discriminação. Esta é a história de "Com Amor, Simon" ("Love, Simon"), que estreia nos cinemas nesta quinta-feira.

Com um elenco conhecido de jovens atores, o destaque fica para a ótima interpretação de Nick Robinson ("Tudo e Todas as Coisas" - 2017 e "A 5ª Onda" - 2016), que dá a sensibilidade e o tom certo para o jovem Simon. Também chama a atenção Katherine Langford (da série de TV "13 Reasons Why" - 2017) como Leah Burke, sua melhor amiga.

"Com Amor, Simon" apresenta um tema já abordado em outras produções que não ampliaram a discussão de forma a atingir a família, a escola e a comunidade em geral, especialmente de uma cidade do interior dos EUA arraigada a costumes e preconceitos. Um ponto que o diretor Greg Berlanti soube desenvolver bem o assunto, apresentando o que muda na vida de Simon a partir da revelação, como as pessoas se comportam ao tomarem conhecimento do fato e o que representa para o jovem ter que lidar com o medo de ser exposto para todos antes que esteja preparado para se assumir. 

A pressão por uma namorada, o pai sempre imaginando que ele esta "pegando" alguma colega de escola, os amigos que ele acredita que não desconfiam de sua opção sexual. E pior: estar apaixonado por Blue, um internauta da escola que ele precisa descobrir quem é.

Confesso que a presença de Katherine Langford me fez pensar em vários momentos que "Com Amor, Simon" pudesse ter o desfecho de "13 Reasons Why", já que o jovem, mesmo tendo assumido para si próprio, temia que seu segredo fosse revelado antes da hora. Mas à medida que a comédia romântica vai se desenrolando, ela indica que é possível tratar de um assunto sério como a homossexualidade juvenil de forma leve e esclarecedora.

Destaque para as atuações de Jennifer Garner e Josh Duhamel como os pais de Simon, que formam o modelo de casal perfeito e bons pais. Também a turma de amigos de Simon têm boa interpretação e não deixa que o roteiro caia numa discussão lenta, chata e preconceituosa, como alguns filmes do gênero, que se preocupam mais em mostrar as festinhas e o bullying dos alunos no High Scholl do que tentar quebrar padrões antiquados.

"Com Amor Simon" brilhou na abordagem e entrega uma ótima história, leve mas séria, que foi adaptada do livro "Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens", da escritora Becky Albertalli. Um filme que deverá agradar jovens e famílias e talvez ajude  muitos deles a se assumirem, sem culpa ou medo de ser feliz.



Ficha técnica:
Direção: Greg Berlanti
Produção: 20th Century Fox / Fox 2000 Pictures
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h49
Gêneros: Drama / Comédia / Romance
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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18 março 2018

O bom "O Passageiro" é o novo do mesmo, no estilo Liam Neeson

Tensão toma conta de passageiros de um trem ameaçados por uma organização criminosa (Fotos: StudioCanal/Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor Jaume Collet-Serra não estava com muita disposição de criar algo novo e aproveitou a linha de suspense e ação, incluindo todos os clichês, de "Sem Escalas" (2014) para fazer "O Passageiro" ("The Commuter"), o novo filme que tem Liam Nesson como protagonista. O ator, novamente um ex-policial,  sai de um avião e da companhia de Julianne Moore e vai para os vagões de um trem suburbano ao lado de Vera Farmiga.

A trama é boa, graças a Neeson, que já trabalhou com Collet-Serra também "Noite sem Fim" (2015). O ator conhece bem o gênero policial, que tem garantido um público fiel aos seus filmes, como a trilogia "Busca Implacável" (2008, 2012 e 2015) e "Caçada Mortal" (2014). A bilheteria de "O Passageiro" deverá ser boa também, apesar da pouca divulgação.

"O Passageiro" conta ainda no elenco com outros nomes conhecidos, como Sam Neill e Elizabeth McGovern, que estão lá para serem meros coadjuvantes. Destaque para Jonathan Banks e Patrick Wilson, cujos personagens poderiam ter sido mais bem explorados por causa da importância que têm no filme. Mas no conjunto, todos fazem a sua parte para entregarem os louros para Liam Neeson, este sim, a verdadeira estrela.

Na história, o vendedor de seguros e ex-policial Michael Mac Cauley (Liam Neeson) faz diariamente o mesmo trecho de casa para o trabalho num trem suburbano até conhecer uma estranha mulher, Joanna (Vera Farmiga). Ela propõe pagar a ele uma grande quantia de dinheiro para que descubra a identidade de um dos passageiros do trem antes da última parada. Michael acaba envolvido numa grande conspiração criminosa que coloca a vida dele e dos demais passageiros em risco.

"O Passageiro" se passa quase todo entre os vagões do trem, mas dá dicas claras desde o início de quem são os vilões e os mocinhos. É um bom suspense, com muita ação, que vale conferir por quem gosta dos trabalhos do ator.



Ficha técnica:
Direção: Jaume Collet-Serra
Produção: Lionsgate / Ombra Films / StudioCanal UK / Gold Circle Films
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h44
Gêneros: Suspense / Ação
Países: EUA / França / Reino Unido
Classificação: 14 anos
Nota: 3,7 (0 a 5)

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