31 maio 2018

"Han Solo" - Uma empolgante aventura do universo Star Wars

Filme conta como surgiu o personagem e sua amizade com o wookie Chewbacca (Fotos: LucasFilm/Divulgação)

Maristela Bretas


"Han Solo - Uma História Star Wars" ("Solo: A Star Wars Story") é uma grande homenagem a um dos principais heróis da franquia, que merecia ter sua história contada, como aconteceu com Luke Skywalker e a Princesa Leia. E o diretor Ron Howard (que tem grandes sucessos em seu currículo, como "No Coração do Mar"- 2015) entrega uma nova e boa aventura aos fãs. Muita ação, romance, mocinhos e vilões e grandes batalhas no espaço e em terra, recheadas de muita computação gráfica e efeitos visuais, que marcaram os filmes da saga há 41 anos, a serem completados em novembro.

Não chega a ser excelente como "Rogue One" (2016), a primeira história paralela, que uniu como uma peça de quebra-cabeça, os episódios "Star Wars - Uma Nova Esperança" (1977) e "O Império Contra-Ataca" (1980). Mas "Han Solo" tem um enredo digno do personagem, eternizado pelo ator Harrison Ford e estava merecendo um filme sobre ele após participar de quatro episódios marcantes e concluir sua trajetória em "Star Wars: O Despertar da Força" (2015). 

O filme é quase didático e também corre por fora para explicar como Han Solo conheceu seu primeiro grande amor (antes de Leia) e o copiloto Chewbacca, como conquistou a famosa nave Millennium Falcon, como surgiu seu nome e como fez vários inimigos e amigos em suas aventuras. As cenas que explicam estes pontos da vida de Han Solo são as mais interessantes e chegam a dar arrepios.

A boa trilha sonora, incluindo a música-tema que acompanha o personagem há mais de quatro décadas completa a produção. Apesar dos muitos recursos técnicos, as cópias que assisti em 3D estavam muito escuras, dificultando a visualização de detalhes em algumas cenas. O mesmo aconteceu com as fotos de divulgação.

A história de "Han Solo" se encaixa antes de "Star Wars - Uma Nova Esperança", o primeiro episódio da saga (na verdade o quarto), que apresentou os personagens Luke Skywalker /Mark Hamill, Princesa Leia /Carrie Fischer, Chewbacca/Peter Mayhew e o próprio Solo/Harrison Ford.

Harrison Ford como Han Solo
O famoso contrabandista sempre foi o fanfarrão do trio durante sua participação na saga, cheio de truques e dando show em pilotagem de sua nave. Para fazer o personagem mais jovem, aventureiro e rebelde, foi escolhido o ator Alden Ehrenreich (de "Ave César!" - 2016), pouco conhecido, mas que conseguiu desempenhar direitinho o papel, a ponto de ser elogiado por Ford após a estreia do filme nos EUA. Mas está a uma galáxia, muito, muito distante do original.


Intempestivo, romântico, aventureiro, leal com os amigos e trapaceiro com os inimigos, o Han Solo jovem está conseguindo conquistar os fãs. Mas ganhou um forte concorrente, que até então ficava em segundo plano nos episódios dos quais participou. Donald Glover rouba as cenas como o capitão Lando Calrissian (interpretado anteriormente por Billy Dee Williams). Ele é carismático, sedutor, trapaceiro, engraçado e tira o brilho de Ehrenreich quando estão juntos. E se a história é sobre Han Solo, não poderia faltar seu mais fiel amigo wookiee, Chewbacca, o "Chewie", desta vez interpretado pelo ator finlandês e ex-jogador de basquete, com 2,11m de altura, Joonas Suotamo (participou também de "Star Wars: O Despertar da Força" e "Os Últimos Jedi" - 2017).

O  elenco ainda conta com Emilia Clarke ("Como Eu Era Antes de Você" - 2016 e a série de TV "Game of Thrones"), como Qi'ra, a namorada de Solo que vai mudar o futuro dele. Paul Bettany, assim como Josh Brolin (que pulou do vilão Thanos, de "Vingadores: Guerra Infinita" - 2018, para o X-Men Cable, de "Deadpool 2" - 2018) sai do super-herói Visão, de "Capitão América: Guerra Civil" e "Vingadores: Guerra Infinita" e para virar o contrabandista de armas Dryden Vos. Destaque também para Woody Harrelson, como o também contrabandista Tobias Beckett (difícil foi saber quem andava na linha nesta época), parceiro de golpes de Han Solo.

Na história, Han Solo e a namorada Qi'ra querem fugir da escravidão de seu planeta e tentam usar uma substância valiosa para comprarem a liberdade. O plano não dá certo e os dois acabam separados. Anos depois, Solo ainda tenta conseguir uma nave para retornar a seu planeta e resgatar Qi'ra. Em sua jornada, vai conhecendo outros contrabandistas, o amigo Chewie e pessoas que vão transformá-lo no carismático mocinho.

Muito bom, mais uma história Star Wars que vale assistir e está agradando até mesmo alguns fãs mais exigentes. Agora é aguardar ansiosamente o episódio IX, último da terceira trilogia, previsto para 2019 com direção de J.J. Abrams.



Ficha técnica:
Direção: Ron Howard
Produção: Lucas Film / Walt Disney Companhy / Imagine Entertainment
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 2h15
Gêneros: Aventura / Fantasia / Ficção científica 
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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29 maio 2018

"Antes que eu me esqueça" - É preciso falar de demência senil

José de Abreu e Danton Mello são pai e filho que tentam se acertar nesta comédia dramática (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Filmes sobre velhos estão em alta. Depois da contundência de "Ella e John" e do romantismo de "Acertando o Passo" - só para ficar nos mais recentes - está em cartaz o brasileiro "Antes que eu me esqueça", primeira longa de ficção de Tiago Arakilian, que há mais de 30 anos trabalha com produção de cinema. Desta vez, a história utiliza - e até privilegia - o humor para falar de relações familiares, desencontros e, principalmente, de solidão.

O grande trunfo do filme, o que fisga o espectador do início ao fim, é a atuação brilhante de José de Abreu interpretando um irascível e arrogante juiz aposentado de 80 anos às voltas com os primeiros sintomas de uma demência senil. A expressão corporal e facial do ator impressiona, emociona e surpreende, principalmente quando seu personagem, Polidoro, decide, àquela altura da vida, se tornar sócio de uma boate de strip-tease de Copacabana. Os demais personagens e intérpretes giram em torno dele.

É quando uma das filhas de Polidoro, Bia (Letícia Isnard) tenta interditar o pai na Justiça que o filme parece discutir e abordar o outro tema da história: a relação pai e filho. Como Paulo (Danton Mello) o outro filho do velho, anda afastado, o juiz determina que os dois refaçam os laços antes de conceder a interdição. Pianista frustrado, pessimista e derrotado, o jovem se vê obrigado a encontros periódicos com o pai, sempre sob a supervisão da rígida promotora Maria Pio (Mariana Lima).


Estão ainda no elenco Guta Stresser, exagerando no estereótipo como a garçonete bailarina da boate; Augusto Madeira como o amigo pianista de Paulo; Eucir de Souza como o enfadado genro Alceu, e até um inesperado Dedé Santana, vivendo um dos amigos do juiz.

Como quase toda comédia dramática, "Antes que eu me esqueça" exagera um pouco nos clichês e obviedades. Há também situações que parecem carregar propositalmente no humor, talvez por se tratar da terceira idade e de demência senil - o que se revela um equívoco. Velhos, boate, strip-tease, bailarinas - tudo parece uma associação feita para o riso.


Mas o que fica, ao final, é a sensação de que é preciso sim falar da velhice e de todos os desconfortos, esquisitices e problemas que ela traz, não apenas aos velhos, mas principalmente às suas famílias. Num dos momentos mais desconcertantes do filme, Polidoro decreta: "O pior da velhice é a gente lembrar que está esquecendo". Felizmente, a delicadeza e a emoção vencem. 
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos



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