16 junho 2018

"A Morte de Stalin" humor negro e ácido de um período sangrento da Rússia

A morte do ditador russo gera uma disputa acirrada pela sua sucessão no comando da poderosa União Soviética (Fotos: Nicola Dove/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Que ninguém se engane. "A Morte de Stalin" é uma comédia escancarada, quase uma chanchada. Ao escolher esse caminho para falar de política e de políticos, o diretor e roteirista Armando Iannucci não deixa pedra sobre pedra e não tem piedade dos poderosos. Após a morte inesperada do ditador Joseph Stalin - muitos o colocam bem posicionado no ranking dos homens mais cruéis da história mundial - um grupo do Partido Comunista quase se engalfinha na disputa pela sua sucessão.

Nesse sentido, ficam claras a falta de regras objetivas e a fome de poder dos homens do alto escalão, entre eles Beria (Simon Russell Beale), Malenkov (Jeffrey Tambor), Molotov (Michael Palin) e Nikita Khrushchev (papel de Steve Buscemi), que acabou ficando com o trono. Nos muitos encontros e reuniões dos seis membros do comitê, o que se vê são indecisões, fofocas, alianças e negociatas.

Na verdade, Josef Stalin, interpretado por Adrian McLoughlin, aparece pouco. Após sua morte, contada de forma hilária, quase com humor negro, toda a acidez do roteiro se volta para a luta dos membros do partido. A entrada em cena dos dois jovens filhos do ditador, Vasily (Rupert Friend) e Svetlana (Andrea Riseborough), ambos de lucidez duvidosa, é um capítulo à parte no filme. Agem como rebeldes sem causa e não se interessam o mínimo pelo sofrimento do povo. O exagero das interpretações ajuda a ridicularizar o momento.

Pode ser que alguns não gostem da forma que Iannucci escolheu para falar de um período tão sangrento e triste da uma história relativamente recente. Afinal, Stalin morreu em 1953. Mas a verdade é que a comédia, aquela que tem sarcasmo e traz o riso nervoso, pode ter seu valor artístico, além de ser produtiva e útil. E leva à reflexão. Principalmente quando o tema, embora histórico, seja tão atual: "Farinha pouca, meu pirão primeiro". A produção está em exibição na sala 1 do Belas, com sessões às 16h40 e 21h30.
Duração: 1h48
Classificação: 16 anos



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13 junho 2018

"Sol da Meia-Noite", romance adolescente para fazer chorar

Bella Thorne e Patrick Schwarzenegger formam o belo casal que só pode se encontrar à noite (Fotos: Diamond Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Há dois tipos de filmes que fazem chorar. O primeiro carrega na trilha sonora, exagera nas canções melosas, escancara dramas e tragédias, explora desencontros. O segundo guarda sutilezas, deixa pistas, traz metáforas, tem poesia, valoriza silêncios. No primeiro caso, o espectador se esquece do que viu dois quarteirões depois que sai do cinema. No segundo, o público leva a história para casa, guarda, reflete e continua se emocionando com ela. "Sol da Meia-Noite" ("Midnight Sun"), dirigido por Scott Speer, se encaixa com perfeição na lista do primeiro grupo. 

Histórias que envolvem doenças graves costumam não ter erro quando a ideia é fazer chorar. Se a doença for rara e acometer um personagem jovem e bonito, aí é tiro certeiro. Melhor ainda se a vítima da tal doença se apaixonar por alguém que promete amá-la para sempre. É o caso de "Sol da Meia-Noite". Devia ser praxe a gentileza de entregar lencinhos ao espectador junto com os ingressos, mesmo sendo classificado como filme adolescente, praticamente uma sessão da tarde.

Katie Price (Bella Thorne) tem 17 anos e, desde que se entende por gente, tem consciência de que não pode se expor minimamente à luz do sol sob pena de ter um grave e mortal câncer de pele. Portadora de Xerodermia Pigmentosa, ela vive em sua casa praticamente na penumbra e só raramente sai à noite. Mora com seu pai, Jack Price (Rob Riggle), um fofo que faz tudo para que a filha não se entristeça nem se sinta muito diferente. Sua única amiga é a também fofa Morgan (Quinn Shephard), que não se incomoda de brincar com ela só à noitinha.

Enquanto passa seus dias no quarto, a jovem assiste à vida pela janela, de onde se acostuma a ver Charlie Reed (Patrick Schwarzenegger, cópia fiel no sorriso e na voz do pai, Arnold Schwarzenegger) - primeiro criança, depois já adulto - e, claro, se apaixona por ele. Mas ela só vai se encontrar com seu amado numa das raras noites em que sai de casa para tocar e cantar suas canções na estação de trem.

Para enternecer ainda mais o público e tentar amolecer os corações, "Sol da Meia-Noite" mostra paisagens belíssimas, sempre contrastando visões noturnas e diurnas. Não há como não chorar. Ainda bem que o final não é óbvio, o que confere certo mérito ao filme.
Duração: 1h33
Classificação: 12 anos
Distribuição: Diamond Filmes



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