02 agosto 2018

Continuação de "Mamma Mia" é uma divertida e sonora volta ao passado

A juventude de Donna é a novidade deste filme, que repete grande elenco (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Carolina Cassese


Dez anos atrás, a adaptação cinematográfica da peça "Mamma Mia" entrava em cartaz. Contando com atuações de Meryl Streep, Amanda Seyfried, Colin Firth e Pierce Brosnan, o musical gerou ampla repercussão e foi bem sucedido comercialmente. A reação da crítica foi dividida. Em maio de 2017, foi anunciada a continuação do longa: "Mamma Mia 2! Lá Vamos Nós de Novo", que estreou nesta quinta-feira nos cinemas brasileiros.

Se no primeiro filme o espectador acompanha os preparativos para o casamento de Sophie, na continuação o evento da vez, também organizado por Sophie, é a reinauguração do hotel de Donna. As canções do grupo Abba estão de volta. Algumas músicas são as mesmas do primeiro filme (mas é difícil se cansar de "Dancing Queen" ou "Mamma Mia").


Nesta continuação, destaque para "Fernando", interpretada em cena memorável por Cher e Andy Garcia. O repertório conta ainda com "Waterloo" "Knowing Me, Knowing You" e "I Have a Dream", que ganharam novas versões (as originais são melhores) e algumas canções menos conhecidas. No Reino Unido, a trilha sonora lidera as listas de vendas, com alguns dos sucessos interpretados por Lily James, Amanda Seyfried e Meryl Streep.

Em "Mamma Mia 2" conhecemos o passado de Donna. A jovem é interpretada por Lily James, que teve atuação mais do que satisfatória. A atriz, que protagonizou "Cinderela" (2015), participou da série "Downton Abbey" e ainda neste ano irá estrelar o longa "A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata" ("The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society") afirmou ter chorado ao conhecer Meryl Streep. “Sou tão fã do musical, vi tantas vezes quando eu era mais nova... e amei o filme também. Acho que capturou o espírito da peça, o que é muito difícil de fazer — manter a essência e a atmosfera”, disse em entrevista.

A história se passa um ano após a morte de Donna (Meryl Streep), quando a filha Sophie (Amanda Seyfried) está prestes a reinaugurar o hotel da mãe que foi todo reformado. A jovem, que não casou com Sky (Dominic Cooper) no primeiro filme, convida seus três "pais" - Harry (Colin Firth), Sam (Pierce Brosnan) e Bill (Stellan Skarsgärd) para a festa, organizada com a ajuda das amigas da mãe, Rosie (Julie Walters) e Tanya (Christine Baranski). 


O reencontro da "família" se torna uma avalanche de boas memórias da juventude de Donna no final dos anos 70, quando conhece os pais de Sophie e resolve se estabelecer na Grécia.

Em relação ao primeiro, o filme pode não apresentar grandes novidades, mas conta com um roteiro melhor trabalhado. É um bom entretenimento, especialmente para os fãs do Abba e do musical. O espectador pode se preparar para matar a saudade dos personagens e se encantar com as paisagens estonteantes (dessa vez, o longa foi filmado em Vis, uma ilha da Croácia).
Duração: 1h54
Classificação: 10 anos
Distribuição: Universal Pictures



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29 julho 2018

"O Orgulho" vale pela abordagem de temas atuais como imigração, racismo e xenofobia

Filme do diretor francês Yvan Attal aborda a relação entre professores e alunos (Fotos: David Koskas/Pandora Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni

Filmes que tratam da relação entre professores e alunos quase nunca passam impunemente pelo espectador. A educação, a transmissão do conhecimento, são temas que costumam suscitar interesse, às vezes até levantar polêmicas. Ou, simplesmente, enternecer. Para ficar nos mais famosos, basta citar "Ao Mestre Com Carinho", quando o diretor James Clavell usa o charme irresistível de Sidney Poitier para falar de racismo, e "Sociedade dos Poetas Mortos", em que Peter Weir trata, entre outros temas, de poder, da humanização das relações nas escolas e, claro, da força das artes e da literatura. 

"O Orgulho" ("Le Brio"), mais um filme francês em cartaz, vai um pouco além, embora nem todos concordem com o caminho escolhido pelo diretor para falar de um assunto em alta no mundo todo hoje, principalmente na França: xenofobia.

No filme de Yvan Attal, diretor francês filho de argelinos, o professor universitário Pierre Mazard, interpretado na medida certa por Daniel Auteuil, é um francês tradicional típico, branco, de direita e racista. Ao abordar, de forma arrogante e preconceituosa, uma aluna que chega alguns minutos atrasada na sala de aula, ele se vê às voltas com uma ameaça de expulsão da universidade. 

Seu atrito com a jovem, que mora num subúrbio de Paris e é descendente de árabes, é filmado e, como tem acontecido muito nestes nossos tempos, cai nas redes sociais. Resultado: para salvar a própria pele, Pierre é levado a ser orientador da tal aluna, Neila Salah, preparando-a para um concurso de retórica entre as faculdades de Direito. 

Parênteses para dizer da atuação da atriz Camélia Jordana: filha de imigrantes árabes na vida real, ela é um dos grandes trunfos do filme. Bonita e um tanto desengonçada, faz com leveza a transformação pela qual a aluna passa na sua relação com o professor, enquanto aprende a argumentar em intermináveis aulas sobre Schopenhauer e Aristóteles, entre outros. Sua atuação lhe garantiu o Prêmio César de Melhor Atriz Revelação de 2017.

O que tem criado certa polêmica entre os que assistiram a "O Orgulho" é o uso de certos clichês para falar da transformação da relação entre professor e aluna, em que ambos aprendem. Há sim, certas obviedades e há quem não goste também do resultado dessa mudança, quase um aplauso ao modo de ser do europeu tradicional, branco e de direita. É como se o filme dissesse ao imigrante que, para que ele seja aceito, é preciso que se iguale aos franceses. Uma boa discussão para esses tempos de hoje. 

Enfim, o longa não chega a ser um "Sociedade dos Poetas Mortos". Mas vale pela atualidade dos temas e pela atuação do elenco. "O Orgulho" está em cartaz no Belas 2, com sessões às 14 horas e 21h20, e no Net Cineart Ponteio, salas 3 (18h40) e 4 (14h30).
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos


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