11 setembro 2018

"Mostra In-Edit Brasil - 10 anos" traz a BH seleção especial de documentários musicais



Pela primeira vez Belo Horizonte recebe, de 14 a 23 de setembro, no Sesc Palladium, a Mostra In-Edit Brasil - 10 anos, um recorte do In-Edit Brasil, primeiro festival brasileiro dedicado ao gênero do documentário musical, realizado desde 2009, em São Paulo. Com entrada gratuita, a Mostra exibirá uma seleção especial com 11 filmes brasileiros que foram destaque nos 10 anos de história do Festival. 


Entre os títulos selecionados estão os vencedores do prêmio do júri e votação do público, nas dez edições do evento realizadas na capital paulista. A curadoria da Mostra In-Edit Brasil - 10 Anos é de Marcelo Aliche, diretor artístico do evento desde sua 1ª edição. A sessão de abertura na sexta-feira (14), às 19h30, exibirá o filme “Fevereiros”, de Marcio Debellian, vencedor do prêmio do júri da edição 2018 e ainda inédito no circuito comercial.

Outros filmes inéditos no circuito e que estarão em cartaz na Mostra são “Dê Lembranças a Todos”, sobre Dorival Caymmi, menção honrosa na edição 2018; e “Eu, Meu Pai e Os Cariocas”, de Lúcia Veríssimo, vencedor do júri na edição 2017. Outro destaque, inédito em Belo Horizonte, é o filme “O Piano que Conversa”, de Marcelo Machado, prêmio do público em 2017. 


O pianista Benjamim Taubkin, retratado no documentário, estará presente à sessão, marcada para terça-feira (18), e fará uma aula-show na quarta (19), às 20h, no Teatro de Bolso. Na apresentação, Taubkin estará acompanhando dos músicos Paulo Santos, integrante do extinto grupo Uakti e de Nelson Soares e Marcos Moreira, do duo experimental O Grivo, ambos de Belo Horizonte.

Sobre o In-Edit Brasil

Com origem em Barcelona, o In-Edit chegou ao Brasil, em 2009. Desde então, foram realizadas dez edições em São Paulo, e já passou pelo Rio de Janeiro e Salvador, chegando pelo primeira vez a Belo Horizonte. A cada ano, em São Paulo, são exibidos cerca de 60 filmes, nacionais e estrangeiros, inéditos no circuito comercial do país, além de retrospectivas e mostras especiais. 

O IN-EDIT BRASIL atua na difusão de obras inéditas e no resgate de títulos históricos, fomentando o mercado audiovisual do Brasil. Todos os anos, o filme brasileiro de maior destaque na competição ingressa no circuito In-Edit de festivais pelo mundo, levando a cultura brasileira a países como Grécia, Chile, Colômbia, México e Espanha. 

MOSTRA IN-EDIT BRASIL 10 ANOS  

"Fevereiros" - Márcio Debellian, Brasil, 2017 - 1h14
A relação entre Maria Bethânia e o carnaval é notória. Desde sua infância, em Santo Amaro da Purificação (BA), a cantora sempre cultuou essa festa, que marcou sua formação. Em 2016, a escola de samba Estação Primeira de Mangueira rendeu-lhe uma grande homenagem e acabou ganhando o título, após um jejum de 13 anos. Nesse processo, Bethânia recorda suas primeiras festas e também a importância da espiritualidade em sua vida.
Datas e horários exibição: 14/9 (sexta), às 19h30, e 23/9 (domingo), às 19h30


"Dê Lembranças a Todos" - Irmãos Di Fiori, Brasil, 2018 - 1h13
Dorival Caymmi – junto com Jorge Amado – foi um dos inventores do imaginário baiano. Suas músicas, repletas de referências ao mar e a pessoas de sua terra, cativaram o público pela simplicidade e beleza e o transformaram num personagem mitológico. Em seus 94 anos de vida, Caymmi compôs, cantou, escreveu, ilustrou e pensou sua Bahia, mesmo longe dela. Seus familiares, parceiros, amigos e fãs relembram os detalhes de sua história, que o transformou em um dos pilares da cultura brasileira.
Datas e horários exibição:15/9 (sábado), às 17h30 / e 21/9 (sexta), às 15h30

"Olho Nu" - Joel Pizzini, Brasil, 2013, 1h41
Ney Matogrosso encanta o Brasil e o mundo há mais de quatro décadas. Sua poderosa interpretação musical deixou uma marca no imaginário brasileiro. Neste filme, Ney, aos 70 anos, revê sua vida pessoal e também sua carreira no sentido mais amplo. Para ilustrar, mais de 300 horas de material que faz parte de seu arquivo pessoal de Ney, formando um retrato de um artista maduro, que nunca precisou provar nada pra ninguém, e que hoje se sente profundamente recompensado por isso.
Datas e horários exibição:15/9 (sábado), às 15h30, e 21/9 (sexta), às 19h30

"Eu, Meu, Pai E Os Cariocas" - Lúcia Veríssimo, Brasil, 2017 - 1h52
Os Cariocas são uma marca na história da música brasileira. Iniciado 1946 o grupo esteve em atividade até 2016. Tudo graças ao maestro Severino Filho, líder da formação e músico extraordinário. Idealizado, dirigido e narrado pela atriz Lúcia Veríssimo, filha do maestro, o filme não é apenas uma homenagem ao pai, mas também um minucioso retrato sociopolítico e musical deste período. Com um material de arquivo riquíssimo e depoimentos de grandes nomes da música brasileira, Lúcia nos mostra uma produção musical que é parte do inconsciente coletivo brasileiro.
Datas e horários exibição:15/9 (sábado), às 19h30, e 20/9 (quinta), às 19h30


"L.A.P.A." - Emílio Domingos e Cavi Borges, Brasil, 2008 - 1h15
Quem mora no Rio de Janeiro e gosta de hip hop, tem endereço certo: a Lapa. Um bairro tradicional que passou da mais absoluta decadência a ponto de referência da música carioca. MCs, DJs, B-Boys, grafiteiros, produtores e fãs se reúnem para criar e compartilhar a cultura de rua. “L.A.P.A.” mostra os personagens mais destacados de um coletivo em constante movimento.
Datas e horários exibição: 16/9 (domingo) e 20/9 (quinta), às 17h30

"Filhos de João - O admirável mundo novo baiano" - Henrique Dantas, Brasil, 2009 - 1h15
Horas e horas de música com pausas para históricas peladas. Assim viviam os Novos Baianos no Cantinho do Vovô, a comunidade onde moravam em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, durante os anos de chumbo. Nessa época, os jovens músicos já conheciam João Gilberto e, aconselhados por ele, começavam a tocar sambas de compositores como Assis Valente e os mestres do choro, mas sem esquecer suas referências roqueiras. Este documentário conta a história desta convivência.
Datas e horários exibição: 16/9 (domingo), às 15h30, e 21/9 (sexta), às 17h30

"A Farra do Circo" - Roberto Berliner e Pedro Bronz, Brasil, 2013 - 1h37
Roberto Berliner resgatou o material que filmou sobre o Circo Voador, desde a colocação da lona no calçadão do Arpoador até a viagem para a Copa do México, em 1986. Liderado por Prefeito Fortuna, o Circo foi plataforma de lançamento para toda uma geração que veio anos mais tarde escrever seu nome entre os grandes da música brasileira. Utilizando apenas imagens da época, o filme surpreende com um discurso vivo e atual. Cenas com Barão Vermelho, Caetano Veloso e o grupo Asdrúbal Trouxe O Trombone, entre outros, são um presente para os olhos e ouvidos. Uma lição de ativismo, divertida e necessária, ontem, hoje e sempre.
Datas e horários exibição: 16/9 (domingo), às 19h30 / e 23/9 (sexta), às 17h30

"Gretchen Filme Estrada" - Eliane Brum, Paschoal Samora, Brasil, 2010 - 1h30
No ano de 2008, Gretchen dividiu seu rebolado entre o picadeiro e o palanque. A cantora e dançarina percorreu vilarejos do Nordeste ganhando a vida como artista nos circos locais e fazendo barulho em sua campanha para prefeita da Ilha de Itamaracá - PE. De circo em circo, o filme registra as experiências da artista para enfrentar seus adversários políticos e seu novo público, o eleitorado.
Datas e horários exibição:18/9 (terça), às 17h30, e 22/9 (sábado), às 17h30

"O Piano que Conversa" - Marcelo Machado, Brasil, 2017 - 1h18
O diretor Marcelo Machado nos convida para uma viagem com o pianista Benjamin Taubkin. Nela, o personagem principal é o piano, que aparece em vários lugares do Brasil e do Mundo, como Bolívia e Coréia do Sul. Neste encontro, o piano interage com diferentes músicos e culturas, criando ambientes sonoros de grande beleza. Enquanto isso, o olhar atento e apurado do diretor revela a intensidade e os detalhes de cada momento. Um diálogo entre a música e o cinema em que tudo fica dito sem que nenhuma palavra seja mencionada.
Datas e horários exibição:18/9 (terça), às 19h30, com a presença do pianista Benjamin Taubkin/ e 23/9 (domingo), às 15h30

"Vou Rifar Meu Coração" - Ana Rieper, Brasil, 2011 - 1h18
“Eu vou rifar meu coração”, “me suja de carmim, me põe na boca o mel” são trechos de canções que pertencem a um estilo de música romântica conhecido no Brasil como brega. Odair, Amado, Waldick, Lindomar, Wando fazem música para os personagens reais deste documentário. Para esses músicos, o amor não vê cor, classe, opção sexual, nem diploma. O filme capta histórias de amor reais na intimidade e trata a música brega como legítima expressão do imaginário popular brasileiro.
Datas e horários exibição:19/9 (quarta), às 17h30, e 22/9 (sábado), às 15h30

"Waiting for B." - Paulo Cesar Toledo, Abigail Spindel Brazil, 2015 - 1h11
Quando o assunto é a espera por um grande show, a expectativa dos fãs não tem limites. Em 2013, dezenas de pessoas acamparam em frente ao estádio do Morumbi durante dois meses para ver Beyoncé. Usando barracas e um sistema de rodízio para dormir no local e garantir o lugar mais próximo do palco, jovens montaram guarda até o tão sonhado dia. Os diretores Paulo César Toledo e Abigail Spindel acompanharam essa espera e as relações desse grupo aparentemente tão homogêneo, que enfrentou meses, dias, horas, chuva, vizinhos e torcedores do estádio onde foi realizado o show, e a incredulidade de todos.
Datas e horários exibição:19/9 (quarta), às 19h30 / e 22/9 (sábado), às 19h30

Serviço:
Mostra In-Edit Brasil - 10 anos 
Data: 14 a 23 de setembro de 2018
Ingressos: gratuitos com retirada 30 minutos antes de cada sessão  na bilheteria, de terça-feira a domingo, das 9 às 21 horas
Local: Sesc Palladium - Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro
Informações: 31 3270-8100

Aula show - Benjamim Taubkin e convidados: Paulo Santos (Uakti) e de Nelson Soares e Marcos Moreira (O Grivo)
Data: 19/9 (quarta-feira), às 20 horas
Local: Teatro de Bolso 

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09 setembro 2018

"Benzinho", delicioso filme sobre afeto e laços de família

A família de Irene, Klaus, Fernando, Rodrigo e os gêmeos Fabiano e Matheus transparece amor e união (Fotos: Vitrine Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Alguns vão dizer que trata-se de um filme sobre a família. Outros dirão que é sobre a maternidade, embora se possa acreditar também que é sobre os afetos. Ou ainda: sobre a solidão - ou o medo dela. Melhor dizendo, "Benzinho" fala de laços e de como essas amarras podem ser mantidas e/ou destruídas. O grande diferencial, porém, do longa brasileiro de Gustavo Pizzi é a forma, escancaradamente simples e natural como a história é contada. Delícia de filme, para fazer rir e chorar.

O trunfo de "Benzinho", sua grande arma, é a atriz Karine Teles, que imprime uma credibilidade extraordinária a sua Irene, mãe de quatro - sim, quatro - filhos homens. Casada com Klaus (Otávio Muller), vivendo uma situação financeira angustiante e incerta, ela se vira como pode para dar conta das tarefas domésticas, ajudar nas despesas vendendo de marmitas a jogos de cama, cuidar da filharada e ainda acudir e apoiar a irmã Sônia (Adriana Esteves) que vive uma relação abusiva com o marido Alan (o ator uruguaio César Troncoso). Se sua vida já era difícil, vivendo essa verdadeira corrida de obstáculos, imagine o que pode acontecer quando seu filho mais velho, o adolescente Fernando (Konstantinos Sarris) recebe um convite para jogar handebol na Alemanha.

Corroteirista da história com o ex-marido Gustavo Pizzi, Karine Teles precisa basicamente do rosto para contar ao espectador o que se passa com ela. Em inúmeros closes, suas expressões tornam transparentes seus pensamentos, reações e sentimentos, mesmo que eles sejam ambíguos. E é com ela que o público passeia por um turbilhão de emoções e engasgos, dúvidas, angústias, posse, medos, insegurança.

Sua parceria com Adriana Esteves também é perfeita e transborda afeto e cumplicidade. A cena das duas na formatura de Irene (é preciso dizer que ela também faz o curso Médio) é um ótimo exemplo do bate-bola perfeito das atrizes que, com muita simplicidade (mais uma vez) enternece o público sem qualquer sinal de pieguice. Coisa de craques.

Mérito do roteiro, a família de Irene, Klaus, Fernando, o gordinho Rodrigo (Luan Teles, sobrinho de Karine) e os gêmeos Fabiano e Matheus (Arthur Teles Pizzi e Francisco Teles Pizzi, verdadeiramente gêmeos e verdadeiramente filhos da atriz e do diretor Gustavo Pizzi) transparece amor e união. Esse parentesco, essa aproximação, claro, aumenta a sintonia entre o grupo, que se mostra, desde o início e, acima de tudo, amoroso, embora confuso.

Quase como uma metáfora dessa família, a casa onde todos vivem em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, é cheia de problemas que nunca são reparados. A porta emperrada não abre, mas isso não é problema. Todo mundo entra e sai, naturalmente, pela janela, onde foi colocada uma escada improvisada. E não se fala mais nisso. Urgente mesmo é fortalecer os laços. Imperdível!
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos


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