27 setembro 2018

"10 Segundos Para Vencer" - drama emocionante de luta, determinação e amor

Interpretações impecáveis de Daniel Oliveira e Osmar Prado conquistam o público com filme sobre a vida do pugilista Eder Jofre (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Um filme com atuações excelentes, com boa ambientação de época e um emocionante drama de família que ajudou a formar um dos maiores boxeadores do país. Esta é a história de "10 Segundos Para Vencer", filme dirigido por José Alvarenga Jr. que tem no elenco principal os atores Daniel de Oliveira, no papel do pugilista brasileiro Eder Jofre, e Osmar Prado, numa interpretação inesquecível de José Aristides Jofre, mais conhecido como Kid Jofre, pai e implacável treinador do bicampeão mundial de boxe. Por seu papel, o ator conquistou merecidamente o Kikito de Melhor Ator no Festival de Cinema de Gramado deste ano.

Marcante e envolvente, o filme é uma biografia bem detalhada da vida do campeão nacional e mundial Eder Jofre, narrada desde a sua infância pobre no bairro do Peruche, em São Paulo (o que deixa a produção um pouco arrastada em alguns momentos). Com muitos sonhos e pouca comida no prato, Eder é o filho mais velho de uma família cuja única profissão de valor era a de pugilista. O pai, o argentino e ex-lutador de boxe Kid Jofre, com dez títulos pelo São Paulo Futebol Clube, era seu exemplo, mas também um homem que não aceitava a ideia de o filho ou qualquer um de seus discípulos "beijasse a lona".


Kid foi o responsável por Eder abandonar os sonhos de estudar desenho arquitetônico, de deixar mulher e filhos em segundo plano e, com punhos de ferro, fazer dele um campeão mundial em 1961, nos Estados Unidos, na categoria peso-galo. O filme mostra como o inabalável pai controlava a família com rigor quase militar, dentro e fora do ringue.

Ricardo Gelli é Zumbanão, tio do lutador, primeiro grande astro do boxe brasileiro, mas bon vivant que não conseguiu seguir na carreira. Por sua interpretação, ele conquistou o prêmio de melhor Ator Coadjuvante no Festival de Gramado. A mãe Argelina, interpretada por Sandra Corveloni, é uma pessoa submissa ao marido, mas sempre amorosa e presente na vida dos filhos. Dogalberto, o caçula, que tem no irmão mais velho seu ídolo, é vivido por Rafael Andrade Munhoz. O papel de Cida, esposa de Eder, foi entregue a Keli Freitas. 

O filme tem uma falha no roteiro: Lucrécia Maria e Mauro, os outros irmãos do pugilista mostrados numa cena rápida no início foram esquecidos nos restante do filme. Como se nunca tivessem existido. Nem cenas, nem citações por nenhum membro da família. Ponto negativo.

Daniel de Oliveira também está impecável, mostrando bom conhecimento e aprendizado dos golpes e do estilo de luta de Éder, que tinha no soco com a esquerda um de seus principais trunfos. O diretor José Alvarenga Jr. soube mesclar muito bem os vídeos originais das principais lutas e premiações do campeão do boxe com as do filme, ambas em preto e branco, como nas décadas de 50 e 60.

Eder Jofre (Reprodução SBT)
Conhecido como "Galinho de Ouro", por ter sido eleito o maior peso galo da história do boxe, Eder Jofre é considerado também um dos maiores boxeadores de todos os tempos. Nem a infância difícil conseguiu detê-lo e após uma aposentadoria de seis anos, voltou ao ringue e consagrou-se campeão mundial em 1961, nos Estados Unidos na categoria peso pena, tornando-se um herói nacional do boxe. Atualmente com 82 anos, é portador de encefalopatia traumática crônica, doença que afeta a memória e as funções motoras, comum em atletas que sofrem pancadas repetidas na cabeça.

"10 Segundos Para Vencer" tem uma narrativa forte, principalmente nos diálogos entre Osmar Prado e Daniel de Oliveira. A dupla arrasa e proporciona as cenas mais emocionantes, capazes de levar o público às lágrimas. Uma cinebiografia imperdível que ressalta orgulho, determinação, respeito e, principalmente, amor entre pai e filho. Uma homenagem digna de um grande e respeitável campeão.



Ficha técnica:
Direção: José Alvarenga Jr. 
Produção: Globo Filmes / Tambellini Filmes
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 2 horas
Gêneros: Drama / Biografia
País: Brasil
Classificação: 14 anos
Nota: 4,8 (0 a 5)

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23 setembro 2018

"22 Milhas" tem muita ação, mas roteiro confuso para uma história simples

Mark Wahlberg é o líder de uma equipe de elite que precisa cuidar de um misterioso informante (Fotos: Diamond Films/Divulgação)

Maristela Bretas



Mark Wahlberg repete seu jeito "Transformers de ser" como o mocinho que vai resolver a parada toda com muito tiro e porrada, auxiliado por outros brutamontes. Em "22 Milhas" ("Mile 22"), ele é o líder de uma unidade secreta de elite dos EUA, a Overwatch, chamada sempre quando nem as forças militares nem a diplomacia são suficientes para resolver um conflito. 

A missão do grupo é levar um misterioso informante por um trajeto de 22 milhas até o local de embarque para os EUA onde este irá liberar informações confidenciais sobre uma carga de material radioativo roubada. História simples, sem mistério. Mas o roteirista quis complicar e acabou fazendo de "22 Milhas" um filme extremamente confuso, cheio de rodeios sem explicação, que só permite ao expectador entender a trama depois da metade da exibição.

Tem muita ação, com certeza, bem ao estilo de Wahlberg, mas até o mocinho musculoso tem falas fracas, como se fosse um iniciante. Quando fala, apresenta um personagem antipático e destemperado, como se tivesse com raiva do mundo ou de ter feito o filme, diferente de outros que já interpretou. Pior é ouvir o agente James Silva, papel do ator, gritando o tempo, com comentários machistas sobre a colega de equipe separada que tem uma filha pequena que mora com o pai.

A proposta de "22 Milhas" lembra vagamente a história de "Protegendo o Inimigo" (2012), que teve no elenco Ryan Reynolds, Denzel Washington e Vera Farmiga, que entregaram interpretações bem melhores que Mark Wahlberg, John Malkovich (desperdício de talento) e Lauren Cohan prejudicados pelo roteiro fraco e confuso até na locação - a produção se apresenta como num país no sudeste asiático, mas foi todo filmado na Colômbia (????). O mesmo que gravar em Copacabana e dizer que é uma praia no Taiti. Tudo bem, dos males o menor.

Dirigido por Peter Berg, “22 Milhas” tem ainda no elenco a lutadora de WWE Ronda Rousey e o ator, lutador, coreógrafo de lutas e dublê Iko Uwais, como o policial tailandês Li Noor que tem os segredos do Césio desaparecido e só entrega sua localização após receber asilo nos EUA. Uwais tem uma atuação que se sobressai e está muito melhor que o ator principal, além de dar um show de luta.

Não espere uma história coerente, "22 Milhas" é para aqueles que gostam de muita ação, mesmo que não entendam porque em algumas situações ela está acontecendo. Não foi uma boa investida de Mark Wahlberg e Peter Berg, parceiros em outras boas produções, como “O Grande Herói” (2013) e “O Dia do Atentado (2017), esta última com roteiro ágil e bem articulado que surpreende e emociona.



Ficha técnica:
Direção: Peter Berg
Produção: Film 44 / Closest to The Hole Productions
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h35
Gêneros: Ação / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

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