04 outubro 2018

"Venom" peca ao trazer um anti-herói sem identidade


Longa transita bem entre o lado cômico e a carga dramática, como vem sendo notado ao longo da série (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)


Wallace Graciano


Poucos antagonistas ficaram tão enraizados na cultura popular quanto Venom. A forma híbrida entre um homem e um parasita alienígena ganhou notoriedade nos quadrinhos não apenas por ser o contraventor das histórias do “Homem-Aranha”, mas também pelo visual peculiar e seus recursos físicos que destoavam dos demais vilões. Não à toa, o transgressor foi a grande aposta para o próximo longa do universo Marvel. Porém, tais características, que fizeram dele único no cânone do herói, foram deixadas de lado no filme que estreia nas telonas nesta quinta-feira (4).

A história, que começa soturna, mas ganha cor com o passar dos minutos, conta as desventuras de Eddie Brock (Tom Hardy), um repórter investigativo conceituado sempre ávido por grandes notícias. Vive um céu de brigadeiros com sua futura esposa, Anne Weying (Michelle Williams). Porém, ao entrar escondido no e-mail de sua amada, ele tem acesso a um relatório que expõe que a companhia na qual ela trabalha, a Life Foundation, fazia testes laboratoriais em humanos. Com uma entrevista marcada com o CEO da empresa, Carlton Drake (Riz Ahmed), ele toca na ferida e acaba arruinando a carreira de ambos.

Desempregado e desamparado, Brock tem acesso a uma médica da Life, que reporta que a empresa testava a simbiose de um parasita com humanos. Entendendo que aquela seria sua última chance, ele invade a sede da companhia e tem contato com a gosma, que o toma como receptáculo, transformando-o, aos poucos, em Venom.

Apesar de apresentar bem o antagonista ao público, a trama peca ao desenvolvê-lo. Forçando uma necessidade de mostrar um outro lado do protagonista, o filme exagera na necessidade de tratar seu lado esquizofrênico tal qual os conceitos de “O médico e o monstro”. Nesse momento, Venom perde sua força, pois não se estabelece uma identidade ao personagem, que assume-se como anti-herói de forma abrupta, sem qualquer explicação ao expectador. Apesar disso, o longa transita bem entre o lado cômico e a carga dramática, como vem sendo notado ao longo da série.


“Venom” tinha tudo para ser um dos grandes filmes do universo Marvel, pois é rico em efeitos visuais, sonoros, e tem boas atuações, porém peca ao desvirtuar a identidade do personagem sem abraçá-lo. É como se apenas quisesse cativar um novo público, esquecendo os fãs de outrora. E a necessidade de um final feliz é a maior canalhice que qualquer filme pode cometer.

Obs: fique um pouco a mais no cinema - duas cenas pós-credito



Ficha técnica:
Direção:  Ruben Fleischer
Produção: Marvel Entertainment / Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h52
Gêneros: Ação / Ficção científica
País: EUA
Classificação: 14 anos

Tags: #Venom, #Marvel, #TomHardy, #SonyPictures, #CinemanoEscurinho

02 outubro 2018

Com ótimos sustos, "A Freira" faz conexão com "Invocação do Mal 2"

Taissa Farmiga é o destaque no quinto filme que apresenta a origem do demônio Valak (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas

(Texto reproduzido do site Cinema de Buteco)

Para muitos pode parecer apenas mais um dos filmes de terror da franquia que tem nos dois longas de "Invocação do Mal" e  em "Annabelle 2 - A Criação do Mal" (2017) seus melhores exemplos. Mas "A Freira" ("The Nun") não fica atrás de seus antecessores e entrega a produção esperada pelos fãs, provocando bons sustos e pulos na cadeira. O diretor Corin Hardy soube explorar bem os três personagens e fazer a conexão que esclarece como surgiu o primeiro grande trabalho de investigação paranormal do casal de demonologistas Lorraine e Ed Warren.

Para quem segue a franquia (e para quem ainda não mas gosta de um bom terror, eu aconselho seguir), "A Freira" é o início da linha cronológica de toda a história, mesmo tendo chegado depois dos outros quatro filmes. E não exige que seja assistido na ordem das exibições. A produção explica rapidamente no início e no fim a conexão com o casal e seu primeiro encontro com o demônio Valak, que incorpora a freira em "Invocação do Mal 2"(2016).

Algumas cenas de "A Freira" fogem do terror e entram no campo do absurdo, mas não tiram o mérito da produção, por mais sem sentido que possam ser. A história se passa em 1952 em um convento instalado num antigo e assustador castelo. Os cenários escuros e tenebrosos de seus corredores e catacumbas ajudam a criar a tensão que antecede os ataques da freira demoníaca. Cruzes também são viradas de cabeça para baixo, objetos arremessados contra os protagonistas, portas se fecham e figuras assombradas aparecem e somem do nada.

Só para relembrar, o primeiro e grande sucesso que abriu as portas das boas bilheterias da franquia foi "Invocação do Mal" (2013), seguido de "Annabelle" (2014), "Invocação do Mal 2" e "Annabelle 2 - A Criação do Mal". "A Freira" chega às telas oferecendo uma produção eficiente, com ótimas interpretações, em especial a de Taissa Farmiga, irmã de Vera Farmiga (que faz o papel de Lorraine Warren nas outras produções). O terror bem interpretado, pelo visto, está na veia da família.

Taissa é a noviça Irene que aguarda para ser ordenada freira. Ela é enviada pelo Vaticano à Romênia, em companhia do padre exorcista Burke (Demian Bichir) para desvendar o suicídio de uma freira que vivia, como as demais, na clausura de um convento. Eles são ajudados por Frenchie (Jonas Bloquet), um camponês que entregava mantimentos para as freiras e encontrou o corpo da vítima.

O que eles não contavam era enfrentar uma entidade muito poderosa - o demônio Valak que se apossou do corpo de uma freira (interpretada por Bonnie Aarons), capaz de causar terror dentro e fora do convento. A chegada dos dois religiosos e do rapaz transforma o local em um verdadeiro campo de batalha. O certo é que "A Freira" merece ser visto e ajuda a manter a atração do público pela milionária e uma das melhores franquias de terror dos últimos tempos, não importando os clichês (claro, eles tinham de existir, como bom filme de gênero). E já prepara os fãs para "Invocação do Mal 3", previsto para ser lançado em 2020.



Ficha técnica:
Direção: Corin Hardy
Produção: New Line Cinema / The Safran Company
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h36
Gêneros: Terror / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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