Longa transita bem entre o lado cômico e a carga dramática, como vem sendo notado ao longo da série (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)
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Wallace Graciano
Poucos antagonistas ficaram tão enraizados na cultura popular quanto Venom. A forma híbrida entre um homem e um parasita alienígena ganhou notoriedade nos quadrinhos não apenas por ser o contraventor das histórias do “Homem-Aranha”, mas também pelo visual peculiar e seus recursos físicos que destoavam dos demais vilões. Não à toa, o transgressor foi a grande aposta para o próximo longa do universo Marvel. Porém, tais características, que fizeram dele único no cânone do herói, foram deixadas de lado no filme que estreia nas telonas nesta quinta-feira (4).
A história, que começa soturna, mas ganha cor com o passar dos minutos, conta as desventuras de Eddie Brock (Tom Hardy), um repórter investigativo conceituado sempre ávido por grandes notícias. Vive um céu de brigadeiros com sua futura esposa, Anne Weying (Michelle Williams). Porém, ao entrar escondido no e-mail de sua amada, ele tem acesso a um relatório que expõe que a companhia na qual ela trabalha, a Life Foundation, fazia testes laboratoriais em humanos. Com uma entrevista marcada com o CEO da empresa, Carlton Drake (Riz Ahmed), ele toca na ferida e acaba arruinando a carreira de ambos.
Desempregado e desamparado, Brock tem acesso a uma médica da Life, que reporta que a empresa testava a simbiose de um parasita com humanos. Entendendo que aquela seria sua última chance, ele invade a sede da companhia e tem contato com a gosma, que o toma como receptáculo, transformando-o, aos poucos, em Venom.
Apesar de apresentar bem o antagonista ao público, a trama peca ao desenvolvê-lo. Forçando uma necessidade de mostrar um outro lado do protagonista, o filme exagera na necessidade de tratar seu lado esquizofrênico tal qual os conceitos de “O médico e o monstro”. Nesse momento, Venom perde sua força, pois não se estabelece uma identidade ao personagem, que assume-se como anti-herói de forma abrupta, sem qualquer explicação ao expectador. Apesar disso, o longa transita bem entre o lado cômico e a carga dramática, como vem sendo notado ao longo da série.
“Venom” tinha tudo para ser um dos grandes filmes do universo Marvel, pois é rico em efeitos visuais, sonoros, e tem boas atuações, porém peca ao desvirtuar a identidade do personagem sem abraçá-lo. É como se apenas quisesse cativar um novo público, esquecendo os fãs de outrora. E a necessidade de um final feliz é a maior canalhice que qualquer filme pode cometer.
Obs: fique um pouco a mais no cinema - duas cenas pós-credito
Ficha técnica:
Direção: Ruben Fleischer
Produção: Marvel Entertainment / Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h52
Gêneros: Ação / Ficção científica
País: EUA
Classificação: 14 anos
Tags: #Venom, #Marvel, #TomHardy, #SonyPictures, #CinemanoEscurinho